A pandemia de coronavírus alterou muitos eventos e planejamentos de empresas pelo mundo inteiro, impactando desde a indústria automobilística até o cinema. Mas isso não significou, necessariamente, a paralisação de programas bem planejados de inovação e transformação. A gigante do setor agroalimentar Cargill é um bom exemplo disso. A empresa está mudando a tradicional lata do extrato de tomate Elefante, presente no mercado há 75 anos, por uma embalagem plástica mais sustentável e reutilizável.
A novidade é apenas uma das iniciativas do plano de inovação da multinacional, que vai ocorrer ao longo de todo o ano. De acordo com Augusto Lemos, diretor-geral da Cargill Foods para América do Sul, a COVID-19 não provocou alterações no cronograma de lançamentos da empresa e tudo continua confirmado, apenas com adaptações. “A dinâmica mudou com a mobilização do time, mas as operações estão de pé para entregar bons alimentos aos consumidores. Na questão estratégica nenhum plano foi alterado, a gente continua com uma agenda bastante forte de transformação”, afirma o executivo.
Segundo uma Análise do Ciclo de Vida de Elefante, realizada em parceria com a Fundação Espaço Eco, a nova embalagem causa 6% menos impacto ambiental e há a redução de 18% nas emissões de CO2 no ciclo de vida do produto, diminuindo em até 6.800 toneladas de gás carbono em um ano de produção de extrato de tomate.
Impacto geracional
Para Lemos, além da responsabilidade com a sustentabilidade do planeta, a inovação tem muito a ver com a mudança no comportamento do consumidor, como o da geração Z, que busca ter um consumo mais consciente. “As gerações e a ligação com o ritual de preparo vão mudando, assim como os formatos de família. Vemos essa necessidade de atualização das marcas e com essa nova embalagem pretendemos alcançar os consumidores mais jovens também”, comenta.
A Cargill investiu cerca de R$ 80 milhões para realizar o processo e garante que o produto continua o mesmo: feito apenas com tomates selecionados, sal e açúcar. “Foi um investimento muito importante na nossa fábrica em Goiânia, é uma nova tecnologia que não era usada ainda no Brasil dentro dessa categoria; é um produto asséptico”, ressalta o executivo.
Impactos do coronavírus
Uma das mudanças mais notórias causadas pela pandemia é o aumento da migração do consumo para o ambiente online. A Cargill é uma empresa que já estava presente em plataformas digitais, por isso, conseguiu encontrar soluções rápidas – como colocar boa parte de seu time para fazer trabalho remoto.
“Muitos aprenderam e foram apresentados para essas soluções – sejam aplicativos, páginas, portais ou negócios via marketplace –, e já estávamos de uma certa forma estruturados para isso. Sabemos que nosso horizonte precisa seguir orientado por longo prazo. Neste sentido, questões de estratégias e renovação de marca continuam de pé, mas priorizados em função de estarmos trabalhando remotamente. Então, é preciso estar ainda mais focado e priorizado nas grandes iniciativas”, relata Lemos.
Ainda de acordo com o diretor, o objetivo da empresa neste momento é implementar medidas de segurança, sempre colocando os consumidores em primeiro lugar, e garantir o abastecimento do mercado com os alimentos de seu portfólio.
Atendendo à demanda
Houve alterações na demanda dos varejos desde que o vírus se alastrou pelo Brasil. Lemos explica que a empresa precisou ajustar a produção de suas linhas e teve uma diminuição natural do food service, por conta dos restaurantes e shoppings fechados, mas que também obteve lucros com os atomatados. “Vimos um primeiro momento de estocagem que refletiu em um aumento de vendas no mês de março; já em abril, o que estamos vendo é um cenário mais moderado e sem correria, no qual os varejistas estão conseguindo continuar abastecidos, e isso é bom.”
A mudança no comportamento de compras virtuais e digitalização promete crescer mesmo depois da crise. Este é um cenário que veio para ficar e se tornar o “novo normal”. Para a empresa de agronegócios, é importante lembrar que o momento complicado vai passar e que as pessoas terão um significado maior sobre tudo o que o fazem ou deixaram de fazer.
“A crise vai ter um fim. Embora ela seja duríssima em sua gestão de curto prazo, exigindo muito mais versatilidade, mais adaptabilidade de toda a nossa operação, sabemos que vamos estar fora desse ambiente em breve, em um prazo que ainda não conhecemos, mas que sabemos que chegará”, conclui.
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