* Por Renato Müller
Ao longo da última década, ao mesmo tempo em que o varejo crescia a taxas duas, três vezes superiores à do PIB, criava-se um círculo vicioso que se tornou mais intenso após a ?marolinha? de 2008. O governo, de forma aparentemente aleatória, ou talvez respondendo a lobbies mais eficazes, desonerou determinados segmentos de mercado sem levar em conta o possível impacto sobre a cadeia de valor como um todo. Ao mesmo tempo, empréstimos de pai para filho para determinadas empresas, na tentativa de criar ?campeões nacionais?, se revelaram um desastre. Hoje vemos, nas contas públicas, o péssimo resultado dessa política…
Por isso vem em bom momento a declaração feita pelo Ministro da Fazenda Joaquim Levy na sexta-feira (05/06), quando foi oficializado o novo modelo de concessão de empréstimos por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Pelas novas regras, a tomada de recursos atrelados à TJLP (taxa de juros a longo prazo) por grandes empresas passa a estar condicionada à emissão de debêntures ou outros papeis no mercado.
Levy mostrou que o rei está nu ao afirmar que o modelo de estímulo ao investimento com base em crédito barato está ultrapassado. E o Ministro colocou o dedo na ferida: ?ainda há apreço atávico de inúmeros setores por mecanismos de financiamento do passado?, disse. E é aí que o varejo entra nessa história.
Inúmeras vezes ao longo dos últimos anos uma comitiva de varejistas foi ao Planalto buscar benesses. Isenção de impostos em determinadas categorias, com validade estendida mais de uma vez, e pedidos contínuos de mais vantagens. Por mais que a articulação política seja necessária para dar ao setor que mais emprega no País a relevância que ele merece, pedir ajuda ao governo a cada soluço da economia nem de longe é uma solução decente.
Pois bem: essa torneira fechou. O governo não tem mais dinheiro e ficará muito tempo sem ter. Estimativas do FMI apontam que neste ano as contas públicas devem ser negativas em 5,29% do PIB, número que deverá cair pela metade em 2020. Ainda assim, as contas não fecharão nos próximos anos.
Nesse cenário, só se pode esperar arrocho vindo de Brasília. É mais fácil resolver a crise hídrica. Assim sendo, é hora de olhar para a própria operação, estruturar processos, ser mais produtivo e buscar mais eficiência. A saída para o buraco do País está na capacidade de cada empresário, executivo e profissional em fazer mais e não se deixar abater pelo mar de más notícias.
Não à toa, a edição 2015 do Brazilian Retail Week, principal congresso de varejo do País, que o Grupo Padrão realizará entre 27 e 30 de julho em São Paulo, tem como tema ?A força da eficiência?. Já víamos, há 12 meses, que essa seria a tônica do mercado neste ano, e desenvolvemos uma grade de palestras, plenárias e debates riquíssima: mais de 140 palestrantes e executivos de alto nível trazendo o dia a dia e a realidade do varejo. Muita troca de conhecimento e grandes oportunidades de relacionamento com quem toma decisões no setor.
* Renato Müller é Editor da plataforma NOVAREJO