Conhecida por ser uma “fábrica de aplicativos”, a ByteDance não tem passado por bons momentos no seu setor de jogos. Com um modelo comprovado de produção de aplicativos e monetização deles por meio de um back-end robusto de recursos compartilhados, desde a engenharia até o suporte de marketing, a detentora do TikTok se viu em uma situação de precisar de uma reestruturação dos negócios. Nesse cenário, uma rodada de demissões atingiu a empresa.
Apesar de se orgulhar por sua organização interna, com uma variedade de produtos autônomos, a empresa viu sua ambição no setor de jogos ter curta duração, além de alto custo. A mudança estrutural já era prevista desde 2021, quando seus administradores notaram a necessidade de uma reformulação para que houvesse uma adaptação ao tamanho crescente. Porém, naquele ano, a expectativa era que essas reformulações atingissem apenas a forma de agrupar seus aplicativos e operações em seis novas “unidades de negócios”.
Desempenho dos videogames não teve resultado esperado
As ambições da mãe do TikTok se tornaram conhecidas no final de 2021. Com seu aplicativo em ascensão, a meta era ingressar no mercado de videogames. Esse sonho da ByteDance, e enquanto o TikTok vivia seu momento de glória, passou a preocupar outras empresas como Tencent, NetEase, e a MiHoYo. Vale lembrar que essa última vivia um momento de intenso crescimento. Porém, após dois anos de um desempenho que não foi como o esperado, o departamento de jogos da ByteDance, chamado Nuverse, se viu diante de um cenário em que foi necessário pensar em reduzir significativamente suas operações. A medida pegou seus funcionários de surpresa ao serem diretamente afetados pela decisão.
Na segunda-feira (27), os funcionários foram surpreendidos com as rodadas de demissões. Agora, aqueles que fazem parte da equipe da Nuverse estão diante de um futuro incerto, e aguardam para saber se seus cargos ainda serão mantidos pelo ByteDance. Ainda não há um número de pessoas que serão afetadas por essa reestruturação, com ares de demissão. Porém, o rápido crescimento da Nuverse resultou na contratação de três mil pessoas em 2021 e, até então, esse foi o tamanho da equipe mantida pela empresa.
Antes de pensar nas demissões, ByteDance, dona do TikTok, fez investimentos de US$ 4 bilhões
Se hoje falamos sobre as demissões que atingem funcionários da ByteDance após a empresa não decolar como esperava em seu setor de games, contrário do que aconteceu com o TikTok, antes esse não era o cenário. Os investimentos feitos pela empresa em aquisições foram altos. Prova disso foram os US$ 4 bilhões gastos na compra de um estúdio de Xangai, Moonton. Recentemente, notícias sugeriram que a ByteDance está considerando vender esse estúdio, te já teria até se reunido com uma empresa da Arábia Saudita para discutir isso.
Após veicular a notícia de que a “empresa-mãe” do TikTok passaria por demissões em massa com o encerramento do Nuverse, a ByteDance se posicionou e informou que partes da equipe ainda serão mantidas.
Esses problemas nos jogos e na incursão na realidade virtual levantam dúvidas sobre a estratégia de testes baseada em dados que impulsionou o TikTok para o sucesso global. Enquanto o TikTok acumula muitos dados dos usuários, os videogames desativam um processo criativo mais longo e imprevisível do que os vídeos curtos que garantem uma satisfação instantânea. Tencent e NetEase têm investido mais tempo e recursos em jogos com ciclos de desenvolvimento mais longos.
Com dois anos sem um grande sucesso comercial, o papel do Nuverse como uma fonte significativa de receita para a ByteDance está sob revisão pela equipe de gestão da empresa. A ByteDance, ao contrário de muitas gigantes chinesas da internet, ainda não abriu seu capital, parcialmente por conta das tensões entre os Estados Unidos e a China.
As demissões em massa no Nuverse são mais um golpe para a indústria chinesa da internet, que tem enfrentado uma forte regulamentação nos últimos anos, resultando na diminuição dos negócios e dos empregos. Especificamente, os videogames foram duramente afetados pela pausa nas licenças, e embora o processo tenha sido reiniciado, o setor ainda enfrenta desafios macroeconômicos.