A BRF está fazendo parte de um grande movimento de inovação no setor de carne bovina. Ao investir na startup de carne desenvolvida a partir de células não geneticamente modificadas Aleph Farms, ela se coloca como entre os que planejam comercializar carne cultivada em escala global. Segundo a empresa, ela está colocando US$ 2,5 milhões na segunda rodada internacional de investimento da startup israelense de carne cultivada, cujo aporte recebido foi de US$ 118 milhões entre corporações e pessoas físicas.
De acordo com a BRF, o aporte faz parte do plano de atender à crescente demanda dos consumidores por novas e alternativas fontes de proteína, sendo esta a primeira investida entre parcerias e aquisições na qual ela faz uma transação de venture capital.
“Compreendemos nosso papel nessa transformação da indústria alimentícia e, por isso, estamos investindo na Aleph Farms, uma empresa que compartilha conosco o propósito de levar alimentos de qualidade, elaborados com tecnologia disruptiva, para todas as pessoas. A inovação está no DNA da BRF e sabemos nos reinventar para trazer soluções para alimentar o futuro”, diz o CEO global da BRF, Lorival Luz.
De acordo com a companhia, o investimento também representa um posicionamento diante da Visão 2030, seu plano de crescimento estratégico para superar os R$ 100 bilhões até a próxima década — o que deve firmá-la como uma das líderes do setor de alimentos no mundo.
Inovando com biotech
A BRF mostrou seu interesse na Aleph Farms em março, quando anunciou a parceria e se tornou a primeira empresa brasileira a ampliar portfólio com produtos feitos a partir das células cultivadas. Uma das mais recentes novidades do da biotecnologia na produção de alimentos em larga escala, a carne cultivada traz benefícios para a cadeia produtiva ao mesmo tempo que alivia o meio ambiente.
“É um mercado em franca expansão e queremos liderar essa transformação na forma de consumir proteínas. Acreditamos que esse investimento e a parceria estratégica com a Aleph Farms representam o futuro da nossa relação com a indústria alimentícia e contribuem para potencializar startups que estão na vanguarda da transformação”, diz vice-presidente de novos negócios da BRF, Marcel Sacco.
Como funciona a carne cultivada
Carne cultivada é a carne de laboratório — também chamada de carne artificial. Produzida por meio da bioengenharia, a inovação é uma forte tendência da indústria de alimentos por se mostrar uma alternativa aos produtos de origem animal, que ocasiona o trato de seres vivos como produto e degradação do meio ambiente. A BRF reforça que diversos estudos consideram que a carne cultivada tem potencial para reduzir significativamente a emissão de gases do evento estufa, além de diminuir o uso de terras para criação de animais em mais de 90% e o uso de água em até 50%.
Sistema alimentar global mais sustentável e ético, a carne de laboratório se dá a partir de células de animais e são cultivadas fora do corpo do animal por meio do fornecimento de nutrientes em um processo automatizado em ambiente esterilizado. A BRF frisa que a carne cultivada será livre de quaisquer antibióticos, o que deixa a proteína mais segura e saudável.
De acordo com a BRF, as técnicas da Aleph Farms ainda estão em fase de testes, mas logo devem chegar ao mercado brasileiro em hambúrgueres, embutidos e mesmo bifes.
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