A adaptação do trabalho no período de quarentena foi (e ainda é) uma tarefa bastante complicada. No entanto, ainda que a pandemia tenha trazido uma série de dificuldades para uma parcela de colaboradores, para outra grande parte, ela foi responsável por uma postura mais positiva e dedicada, além de mostrar que os trabalhadores podem ser mais resilientes. É o que diz a pesquisa realizada pela ADP Research, realizada no final de 2020.
O estudo mediu a capacidade de engajamento a nível global, que implica ter uma atitude positiva e dedicada em relação ao trabalho e ao empregador, e a capacidade de resiliência, que mede a habilidade de lidar com condições desafiadoras no dia a dia. Em ambas características, os brasileiros se encontram à frente da média mundial.
Engajamento no trabalho
Manter-se engajado em um período de pandemia pode parecer bastante difícil, mas a realidade brasileira mostra que a quarentena acabou trazendo uma atitude mais positiva dos colaboradores para com o trabalho e a empresa.
De acordo com o estudo, 18% dos trabalhadores brasileiros estão totalmente engajados no trabalho após o momento de pandemia, um percentual 4% mais alto do que o observado em 2018. É interessante também perceber que a média brasileira de engajamento está acima da global, que é de 14%. Ainda assim, segue abaixo dos líderes do estudo: Arábia Saudita (21%), Índia (20%) e África do Sul (19%).
“Em comparação com o estudo anterior, que realizamos em 2018, a porcentagem de funcionários totalmente envolvidos diminuiu um ponto percentual. Hoje, 14% dos trabalhadores estão totalmente engajados”, aponta Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina, sobre a taxa global.
Colaboradores cada vez mais resilientes
Quanto à capacidade de resiliência, não é tão incomum pensar em motivos do porquê o Brasil está acima da média: mesmo em uma severa crise econômica e sanitária, os brasileiros seguem firmes e dedicados, com uma boa capacidade de adaptação. Isso pode ser explicado também pelo medo de perder o trabalho, visto que a taxa de desemprego atingiu um número histórico em decorrência da pandemia, com mais de 14 milhões de desempregados.
Segundo a pesquisa, 16% dos colaboradores brasileiros são altamente resilientes, uma porcentagem um pouco acima da média mundial (15%). O estudo mostra, ainda, que os países com trabalhadores com essa capacidade elevada são Índia (32%), Arábia Saudita (26%) e Emirados Árabes Unidos (24%). Já os países com trabalhadores menos resilientes são Taiwan, Suécia e Coreia do Sul, todos com a taxa de 8%.
No Brasil, entretanto, há um destaque sobre a capacidade de adaptação a situações adversas. O estudo mostra que os efeitos da pandemia a nível pessoal foram responsáveis por um aumento da resiliência dos colaboradores de forma mais evidente do que em casos a nível macro — em todo o país. 51% dos brasileiros têm sido afetados pessoalmente pelo vírus, uma porcentagem atrás apenas dos egípcios (61%).
Relação dos colaboradores com a mudança
A pesquisa concluiu que a capacidade de adaptação também tem relação direta com os efeitos secundários gerados pelo trabalho em casa, tais como: maior uso de tecnologia, aumento das horas de trabalho, demissões, incentivo a férias antecipadas, entre outros.
Assim, essa mudança toda trouxe novas expectativas sobre o futuro do trabalho. O estudo apurou que, em geral, 97% dos colaboradores experimentaram mudanças na forma de trabalhar. Em conjunto a isso, deve ser levado em consideração que nenhum dos países pesquisados apresentou uma porcentagem inferior a 90%.
Dessa forma, fica cada vez mais evidente que as mudanças no trabalho também estão bastante relacionadas à resiliência dos colaboradores.
+ Notícias
O que “Náufrago” e mais filmes sobre isolamento ensinam sobre resiliência
O mito em torno da resiliência: entenda o que é e use a seu favor