Muito antes da criação da empresa, em 2001, Alessandro Gardemann começou a fazer pesquisas sobre o mercado de biogás. Logo vieram os testes em laboratórios e três usinas piloto, até que a primeira usina da Geo Energética começasse a operar de fato, em 2012. No total, foram dez anos sem que a empresa tivesse um único produto para vender, com os investimentos totalmente voltados à pesquisa. Alessandro calcula que já foram gastos cerca de R$ 60 milhões somente na área de inovação.
Essa obsessão pela vanguarda da tecnologia não é em vão: a Geo Energética patenteou uma metodologia exclusiva que permite o aproveitamento dos resíduos sólidos das usinas de açúcar e álcool ? tradicionalmente, apenas os resíduos líquidos eram aproveitados pelas empresas de energia renovável.
?A principal característica do biogás é que entre todas as fontes renováveis ele é a única que não é intermitente. Enquanto as energias solar e eólica dependem do sol e do vento, o biogás pode ser produzido e, o que é melhor, estocado. A biodigestão em si é um processo natural, a dificuldade é transformar isso em um negócio eficiente e estável. Essa foi a nossa grande evolução?, afirma Alessandro. Metade do faturamento da companhia (que não foi revelado) é voltada para a realização de testes.
Hoje, o principal produto da empresa é a venda de energia elétrica. Empresas como a Geo Energética têm dois tipos de mercado: o livre e o regulado. O primeiro engloba qualquer empreendimento cuja demanda energética seja de pelo menos 500 kilowatts ? o dono de um shopping ou de um supermercado, por exemplo, paga para a distribuidora apenas uma taxa para utilizar sua rede e garantir que a energia chegue até o seu negócio. Já o mercado regulado é representado por leilões públicos em que o pool de distribuidoras do governo compra energia para suprir a demanda do país. Por enquanto a Geo Energética opera apenas no mercado livre, mas não descarta a possibilidade de apostar no mercado regulado no futuro.
Criador de bactérias
Outra aposta da empresa é o biometano. Alessandro acredita que daqui a cinco ou dez anos o gás obtido a partir da purificação do biogás substituirá a energia elétrica como o principal produto da empresa. O motivo? A Resolução nº 8 da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Publicada em janeiro de 2015, ela autoriza a venda do biometano (chamado de gás natural renovável) em postos, como qualquer outro combustível. ?O Brasil tem uma limitação na malha de distribuição de gás natural. Hoje temos cerca de 10 mil quilômetros de malha, enquanto os Estados Unidos devem ter quase 100 vezes mais?, afirma o empresário.
?O Brasil tem uma área 20 vezes maior que a da Alemanha, é praticamente uma estufa a céu aberto, com sol e chuva. Tinha que haver algum modo de o negócio ser viá¬vel aqui também ? esse é nosso grande desafio?, finaliza Alessandro.
Fonte: Revista Galileu.