Apesar da evolução dos meios de pagamentos, o saque em dinheiro continua popular no Brasil. Mesmo com novas modalidades como o Pix, além dos já tradicionais cartão de crédito e de débito, um estudo da TecBan com o instituto de pesquisa Datafolha mostrou que, ao todo, 54% da população do Brasil com conexão à internet ainda tem o saque como uma das funções bancárias cotidianas. Os dados apontam para um crescimento de 12 pontos percentuais em relação ao ano passado.
Além disso, mesmo com o avanço do acesso à internet e da popularização dos bancos digitais, o caixa eletrônico tem sido visto pelos brasileiros como uma união entre o físico e o digital. Além dos saques, eles ainda são procurados para outros serviços, como pagar contas (69%), receber dinheiro (67%), consultar saldo e extrato (60%), fazer compras no cartão de crédito (50%), fazer recarga de celular (41%) e fazer depósitos (42%).
O que faz o saque em dinheiro ser popular no Brasil?
Atualmente, 95% dos brasileiros com acesso à internet têm conta em bancos. Destes, 67% têm contas tanto em agências físicas, quanto em bancos digitais. Por outro lado, os que têm conta apenas em instituições digitais são apenas 14%. Além disso, o estudo mostrou que o hábito de guardar dinheiro em casa faz parte do comportamento de 53% da população.
À parte o acesso aos bancos, sejam físicos ou digitais, dois em cada 10 brasileiros, mesmo que com acesso à internet, têm alguma fonte de renda que os remunera com dinheiro em espécie, e esse formato é usado por 29% do público da pesquisa para pagamentos diários.
Porém, a preferência pelo dinheiro físico tem outros motivos, e um deles é o fato de que alguns estabelecimentos só aceitam esse formato em pagamentos (22%). Além disso, alguns brasileiros estão habituados a pagar com cédulas de papel (15%), enquanto outros acreditam que o formato facilite o controle dos gastos (10%). Ainda entre os apontamentos feitos pelo público da pesquisa está a praticidade (9%), bem como a possibilidade de conseguir mais descontos.
O estudo mostrou ainda que, entre as classes C, D e E, os trabalhadores costumam receber seus salários em dinheiro. Portanto, enquanto essa opção de forma geral tem um percentual de 6%, entre esses grupos sobe para 8%.
Outros pontos apontados pelos brasileiros que optam por pagar com dinheiro é a segurança de sair apenas com a quantia que irá gastar (6%), enquanto outros apontam como benefício estarem livres de taxas (6%). O medo de ter o cartão clonado atinge 4% do público da pesquisa, mesmo percentual daqueles que têm receio de roubo ou perda. Um menor percentual, 3%, não tem cartão.
Medo de perder o celular é maior que o de perder a carteira
Muitas pessoas estão acostumadas a lidar com dinheiro em espécie. Essa cultura pode ser influenciada por hábitos familiares ou regionais, onde o uso do dinheiro físico é mais comum. Além disso, existe a desconfiança em relação a segurança dos meios eletrônicos. De acordo com o estudo, o principal receio é ter o celular furtado ou roubado e ter o dinheiro retirado da conta via transferência eletrônica instantânea (65%).
Outra preocupação do brasileiro é o risco de ter os dados vazados na internet (64%), assim como o receio de ser vítima de golpe ou fraude financeira que utilize a transferência eletrônica instantânea para retirar o dinheiro da conta (62%). Alguns responderam ainda que temem serem forçados a fazer transferência via transferência eletrônica instantânea (56%).
O brasileiro tem se preocupado ainda com a segurança dos dados de seu cartão, tanto que um receio é o risco de ter o cartão de crédito clonado após uma compra no ambiente virtual (61%). Além disso, temem que os dados do cartão, seja crédito ou débito, sejam utilizados para fazer compras sem autorização (61%) ou aconteça uma clonagem após uma compra física em um comércio (60%).
Curiosamente, mesmo com os receios quanto ao uso dos pagamentos digitais, o celular tem sua importância comprovada na vida financeira dos brasileiros. Isso se comprova com o fato de que 85% dos que responderam ao estudo terem afirmado que o medo quanto ao roubo dos aparelhos é maior que o de suas carteiras.
Falta de conexão com a internet também é barreira para pagamentos digitais
A internet, ou melhor, a falta dela, é um dos motivos que impulsionam o pagamento por dinheiro em espécie. A instabilidade da rede ainda reforça a necessidade de manter um maior número de caixas eletrônicos à disposição da população, visto que 69% dos brasileiros afirmaram não ter conseguido fazer alguma transação financeira por ser instável a conexão com a rede.
Do mesmo modo, a falta de conexão com o banco também foi apontada como impedimento para realização de transações financeiras (60%), assim como problemas de conexão com o cartão (53%). Outra situação relatada pelos entrevistados pela pesquisa foi a necessidade de pedir em um comércio para passar um valor no cartão e recebê-lo em dinheiro, pois não havia nenhum caixa eletrônico por perto (34%).