Uma das principais megatendências indicadas para o futuro (e que, inclusive, já pode ser sentida no presente) é a imaterialização. Identificada pelo Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS), ela tem duas vertentes. Uma delas indica a transformação de produtos físicos em imateriais (como o processo de transformação do CD em streaming); a outra aponta para o aumento da importância das experiências, em detrimento da posse de produtos físicos (compensa mais alugar um apartamento a cada viagem do que ter uma casa na praia, por exemplo).
Com isso, diversas empresas surgiram – clubes de assinatura, apps de compartilhamento de casas e carros, serviços de cuidados com animais. E uma das mais recentes inovações nesse sentido impactará positivamente o modelo de negócio das companhias que oferecerem roupas para festas.
Diversas ideias fazem parte do novo momento da Black Tie, empresa que atua há 40 anos no mercado de aluguéis de roupas de festa e, portanto, sempre teve a experiência de compartilhamento em seu core business. Como conta o CEO, Cristofer Mickenhagen, a inspiração veio dos EUA. “Em 2016, tive a oportunidade de conhecer a forma como o setor atua por lá e, fazendo esse benchmark, consegui trazer o modelo operacional que, hoje, nos permite implementar nosso e?commerce”, diz.
Atualmente, a Black Tie tem quatro departamentos principais: noiva, festa, infantil e masculino e 70% do negócio gira em torno de casamento. “Sempre fomos conhecidos pela locação de produtos, mas com um serviço diferenciado, de consultoria – tanto para identificar o melhor vestido para o melhor momento quanto para atender ao perfil da cliente, ao orçamento e indicar algo que encaixe no sonho da cliente”, conta o CEO.
Presença on-line
Com esse viés de serviço, a Black Tie lançará, no mês de agosto de 2019, o e?commerce da marca. “Entendemos que, em vez de fazer algo 100% digital, deveríamos desenvolver uma estrutura omnichannel”, afirma. Isso significa que, em vez de fazer toda a transação on-line, será possível experimentar vestidos na própria loja.
O processo é simples: no e?commerce, a cliente poderá usar filtros de data e de local, para fazer uma pré-seleção; em seguida, agendará prova, que será feita na loja. A retirada do produto será feita pela cliente e, se a peça estiver na Grande São Paulo, a devolução será responsabilidade da empresa. Em 2020, esse serviço se estenderá para cidades no raio de 150 km de São Paulo.
Com isso, a empresa poderá crescer através de microfranquias. “A ideia do e?commerce não é só criar um canal digital para que o consumidor tenha uma melhor experiência, mas levar nossa ferramenta para parceiros”, diz. “Por exemplo, uma empresa que tem apenas produtos femininos poderá oferecer roupas masculinas, com a marca Black Tie”.
Novos horizontes
Outra inovação está em linha com a tendência de compartilhamento. Como conta Mickenhagen, a Black Tie possibilitará o compartilhamento de vestidos que estão guardados nos armários das clientes. Nesse caso, basta que a cliente leve o produto para avaliação. O produto passará por um crivo de locação e, se estiver em condições ideais, passará a fazer parte do acervo da empresa. A melhor parte é que, a cada vez que o produto for alugado, a cliente vai ganhar uma parte do valor recebido pela empresa. “É uma relação ganha-ganha”, diz.
A Black Tie inovou ao dar mais autonomia às noivas: a empresa desenvolveu estruturas de modelagem para oferecer alternativas de personalização para as clientes. Na prática, as clientes terão a possibilidade de desenhar o próprio vestido, escolhendo detalhes, formatos, entre outras opções. Com isso, sentirão que são parte da elaboração de um dos itens mais importantes para a realização de um sonho.
Como explica o executivo, todas essas inovações são possíveis graças à estrutura vertical e diferenciada da empresa: todos os ajustes, serviços de lavanderia, detalhes, bordados e rendas são feitos internamente. E, para ampliar a experiência na loja física, a Black Tie está abrindo espaço para parceiros que têm sinergia com a atividade da empresa. Um exemplo disso é a WineStore, elaborada com a La Pastina, e o espaço de beleza desenvolvido com o hair designer Paulo Persil.