Quantas vezes paramos para pensar sobre o significado de design? Durante o BR Week 2018, os participantes tiveram a oportunidade de ter um novo olhar sobre este conceito no Workshop sobre Design Sprint, ministrado por Alessandro Ng, head Latam da Service Design Sprints. O especialista lembra como temos o hábito de relacionar design a estética, desenhos, layouts, arte. Claro, isso não está errado, mas o conceito vai além.
Principalmente porque a base do design é pensar em pessoas. Muito além da beleza, o design coloca as necessidades humanas no centro de uma questão para projetar uma solução que faça sentido em determinado contexto. Basta visualizarmos a maçaneta de uma porta – ela é funcional exatamente porque tem um design bem planejado.
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“O design thinking, por exemplo, foi idealizado como uma forma de trazer de novo essa ideia original, utilizando os pilares de empatia, colaboração e experimentação”, recorda Alessandro. As empresas que tem o design voltado para as pessoas geralmente têm uma performance diferenciada de outras organizações.
A metodologia de Design Sprint busca exatamente garantir relevância para os usuários – humanização. “São projetos rápidos que usam o design como solução. Servem tanto para produtos, como serviços, processos e modelos de negócio”, diz.
Benefícios
A técnica é interessante para resolver desafios, principalmente pelo processo de imersão que é feito sobre a questão. Segundo Alessandro, meses de trabalho e discussões intermináveis podem ser resolvidos em quatro dias. Isso porque o Design Sprint traz: inovação na prática (procura resolver problemas reais com soluções reais), conexão com usuários (analisa as soluções com base no que o cliente realmente precisa), times alinhados (pessoas com diferentes skills pensando em uma mesma questão).
Geralmente, a metodologia começa com um alinhamento para dar início ao sprint. Depois, ocorre o processo de imersão de quatro dias para, então, chegar à entrega final. “O sprint resolve um desafio por vez sempre. Se o problema é muito grande, dividimos em microdesafios”, explica o especialista.
O importante é sempre pensar em soluções que façam sentido para as pessoas envolvidas. Por exemplo, se existir um problema de fila numa loja e o varejista olhar só para a fila, é bem provável que a solução encontrada seja desconectada da realidade. Se toda a jornada for analisada, desde o momento do abastecimento de produtos, design da loja, até chegar à fila efetivamente, aí o olhar consegue encontrar uma solução mais abrangente. Desafios mais amplos geram solução mais amplas. Desafios mais específicos geralmente demandam soluções especificas.
Dinâmica
O Design Sprint tem três etapas. Primeiro, é necessário mapear o desafio e o ecossistema que está envolvido nele. Depois, analisar os perfis de usuários que estão dentro da situação ligada ao desafio, entender suas particularidades e barreiras. “Esses perfis são encontradas por comportamento, não necessariamente características como idade, classe”, complementa Alessandro. Entrevistar os usuários também faz parte desta etapa.
Por ultimo, chega o momento de criar as soluções. Muitos olhares podem existir sobre uma questão e a validação vem da tentativa. Outro ponto importante, na visão do especialista, é a empatia. Não dá para criar uma solução sem entender o olhar de quem tem a necessidade analisada. Fora isso, ele destaca: em um projeto de design sprint não existe certo e errado, existe o que faz sentido.
Também é importante entender que quando um desafio começa a ser analisado, diversos microdesafios são encontrados. O design é isso: fazer uma investigação. E entender que não necessariamente a solução pensada é a melhor opção. Na experiência realizada durante o BR Week, Alessandro procurou provocar os participantes com todas essas questões, mostrando de forma resumida a sensação de realizar um sprint. “Temos participantes de diferentes segmentos, trabalhando em prol do mesmo objetivo, isso é super alinhado com esse tipo de projeto”, analisa. “Em um desafio real, o grupo é sempre composto por pessoas diferentes, de áreas e skills distintas. Para resolver problemas complexos a gente precisa envolver diferentes pessoas”.