Algumas recentes movimentações no mercado da aviação civil no Brasil trazem os bons voos de 2023 e indicativos de que, em 2024, o setor deve confirmar sua curva de ascensão, após dois anos de forte impacto devido à pandemia. No ano passado, a Embraer entregou 43 aviões até o fim do terceiro trimestre, o que representou um aumento de 30% em comparação com o mesmo período em 2022.
Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo segmento de jatos executivos. Até setembro, a empresa contabilizou 28 novas aeronaves executivas entregues. Trata-se de um incremento de 22% na comparação com um ano antes.
Números da aviação executiva
Um negócio que está comemorando o aumento nas vendas é a americana Textron. Entre os meses de julho a setembro, ela entregou 39 jatos executivos e 38 turboélices, uma alta de 15,15% em relação ao período homólogo. As receitas da empresa totalizaram US$ 3,3 bilhões, um incremento de 10% frente a um ano antes que foi impulsionado principalmente pelo segmento de aviões privados. A consequência foi um lucro líquido de US$322 milhões no terceiro trimestre de 2023.
No Brasil, a JHSF Participações, administradora do São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, localizado em São Roque–SP, também teve um crescimento robusto. Nesse caso, o percentual foi de 74,9% no número de movimentos de aeronaves.
Esses números do mercado animam – e muito – quem está investindo no setor da aviação. Esse é o caso de um grupo de empresas responsável pelo Antares Polo Aeronáutico. Trata-se de um novo empreendimento que está sendo construído em Aparecida de Goiânia (na grande Goiânia) e que promete ser o maior aeroporto de negócios da região Centro-Oeste.
Com aportes na casa de R$ 100 milhões, o projeto está previsto para que sua primeira fase seja entregue no fim de 2024, já com terminal de operações e pista de pouso e decolagens prontos para funcionar. À frente da novidade estão as empresas Tropical Urbanismo, Innovar Construtora, CMC Engenharia, BCI Empreendimentos e Participações e a RC Bastos Participações.
Investimentos na aviação para negócios
Para Rodrigo Neiva, sócio-empreendedor e diretor comercial do Antares Polo Aeronáutico, os números apresentados pela Embraer e pela Textron demonstram que a aviação de negócios é a bola da vez dentro deste segmento. Assim, a expectativa, na visão do executivo, é que o novo empreendimento atenda o turismo empresarial, que hoje tem forte dependência dos grandes aeroportos comerciais. “Os números recentes apresentados pelo São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, sendo o primeiro voltado exclusivamente à aviação executiva, representam o quanto o cenário está positivo para a inauguração do Antares”.
Com 96% de suas obras de terraplanagem e drenagem já concluídas, o Antares Polo Aeronáutico, por sua localização geográfica no centro do Brasil, pode se tornar num hub de logística com alcance para todo o Brasil e América Latina.
O aeroporto está sendo construído em uma área de 209 hectares, com um investimento inicial de R$ 100 milhões. O projeto passou por um processo de aprovação de aproximadamente 10 anos, cumprindo todas as regulamentações ambientais, de uso do solo e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O empreendimento promete atrair empresas de diferentes segmentos da aviação, como táxi aéreo, hangaragem, fábrica de aviões e peças, serviços aeromédicos, manutenção de aeronaves e educação aeronáutica. Ademais, a ideia é angariar outros negócios correlacionados como distribuição de combustíveis, transporte e logística, e hotéis executivos.
Além de terrenos para abrigar empresas de todos esses segmentos, o empreendimento contará com um moderno aeroporto privado. A pista de pouso terá extensão de 1.980 metros e a largura passará de 45 metros, o que possibilitará a operação de aeronaves de maior porte. Com isso, o Número de Classificação do Pavimento (PCN) suportará pousos e decolagens de, por exemplo, um Boeing 737-800.
Modernização
Outro aspecto que anima os investidores da aviação é o recente processo de modernização da regulamentação do setor, por meio do Programa Voo Simples.
Lançado em outubro de 2020 pela Anac, o programa vem reeditando normas técnicas que trazem processos de certificação mais ajustados às necessidades dos regulados. Entre as regras que merecem destaque estão a eliminação, por exemplo, de autorizações e concessões desnecessárias para a operação de novas empresas aéreas no Brasil.
Na prática, isso simplifica e racionaliza os regulamentos de serviços aéreos e suas respectivas fiscalizações.
Novidades para 2024
Uma das novidades previstas para 2024 e que integram o Programa Voo Simples é a simplificação das operações de táxi aéreo. A ideia é categorizar as empresas operadoras, de acordo com seu tamanho e a complexidade das operações realizadas.
A mudança trará proporcionalidade de requisitos aos transportadores aéreos. Isso possibilitará que novos negócios se iniciem com uma certificação simplificada, que agrega requisitos conforme o crescimento da empresa.
Rodrigo Neiva argumenta que desburocratizar e modernizar a aviação civil são passos fundamentais para que novos negócios surjam. Ele afirma que a legislação aeroportuária é muito defasada. “A consequência é que as leis não estão acompanhando os avanços tecnológicos que a aviação possui hoje”, finaliza o diretor comercial do Antares Polo Aeronáutico.