A autogestão na área da saúde é um formato de plano de saúde no qual a própria organização gerencia os cuidados de saúde oferecidos aos seus colaboradores.
Trata-se de um modelo que visa proporcionar maior autonomia e personalização no cuidado com a saúde dos funcionários. Na prática, a autogestão possibilita um acompanhamento mais próximo e direcionado às necessidades de cada indivíduo. Esse tipo de plano de saúde também costuma promover a adoção de hábitos saudáveis e a prevenção de doenças, contribuindo para a promoção de um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
A principal diferença entre o sistema de autogestão em saúde e os planos de saúde é que no primeiro modelo, os próprios beneficiários são responsáveis por administrar o plano, em um sistema cooperativado. Já nos planos ditos “tradicionais”, as seguradoras privadas são as responsáveis por gerir o plano, oferecendo uma gama de serviços consoante o contrato estabelecido.
Idosos na autogestão
A população brasileira está envelhecendo rapidamente. Prova disso está no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, que revelou o maior aumento no envelhecimento populacional desde 1940. Para se ter uma ideia, em termos de proporção, em 2010, para cada 30,7 idosos, o país tinha 100 jovens de até 14 anos. Agora, essa parcela mudou para 55 idosos para 100 jovens.
Essa transformação também se reflete na saúde suplementar, especialmente nas autogestões. O índice de envelhecimento, que compara o número de beneficiários com mais de 80 anos em relação aos com menos de 14, atingiu o pico histórico de 304,16 nas operadoras de autogestão com até 20 mil vidas.
Em outras palavras, para cada beneficiário com menos de 14 anos, temos 3 com mais de 80, o que representa um desequilíbrio significativo. Nas autogestões com mais de 100 mil vidas, o índice também é alto, ficando em torno de 146,46.
Crescimento para o setor
Anderson Mendes, Presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), explica o crescimento dos idosos na autogestão. Segundo ele, “as operadoras menores desempenham um papel fundamental porque, muitas vezes, estão presentes em regiões onde o mercado não está. No entanto, elas sofrem os impactos de forma mais acentuada em comparação às maiores, que têm maior flexibilidade”.
Ademais, o sistema de autogestão em saúde, por não possuir fins lucrativos, torna-se financeiramente mais viável para a maioria das famílias.
As autogestões também concentram a maioria dos idosos da saúde suplementar. Enquanto a média do setor é de 14,39%, nas participantes da pesquisa, pessoas com 60 anos ou mais representam 27,08% da carteira.
Anderson Mendes enaltece que, com menos receita e mais custos, a sinistralidade continuará aumentando, pois a operadora permanecerá, em sua maioria, com uma carteira de clientes mais dependentes do sistema. “A consequência, portanto, serão mais atributos de risco que aumentam a chance de utilização do plano de saúde”.
Sinistralidade
Nas autogestões, em 2022, o índice de sinistralidade atingiu 94%, ultrapassando o pico histórico de 92% em 2019. Isso significa que, de cada R$ 100 recebidos pela operadora de saúde, R$ 94 são gastos com despesas médicas e assistenciais.
A Unidas realiza anualmente uma pesquisa sobre os indicadores do setor, utilizando dados de entidades filiadas e não filiadas. O objetivo é entender o perfil das instituições de autogestão em saúde. Inegavelmente, a publicação é reconhecida como fonte de identificação das tendências do mercado no setor privado da saúde e na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A pesquisa mais recente, conduzida de fevereiro a julho de 2022, coletou dados referentes aos atendimentos realizados entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022. Um total de 46 operadoras participaram, representando 2.530.753 beneficiários com base em dezembro de 2022. Esse número equivale a aproximadamente 61,42% da população total no segmento de autogestão para o mesmo período.
A Era do Diálogo
O tema “A saúde nas alturas: precisamos repensar a saúde privada no Brasil” será trabalhado no evento A Era do Diálogo de 2024. O encontro está na 12ª edição com o objetivo de unir vozes para moldar o futuro das relações entre empresas, órgãos reguladores e o consumidor.
Em síntese, a Era do Diálogo é um espaço único para reunir diversas pessoas a fim de fortalecer a compreensão mútua e encontrar soluções colaborativas para os desafios enfrentados tanto em nível individual quanto coletivo. Saiba mais em: A Era do Diálogo
O evento está programado para acontecer no dia 7 de maio, no Hotel Renaissance, em São Paulo/SP.