Dubai (Emirados Árabes) Em tempos em que a globalização ganha novos contornos, a expansão internacional não poderia ficar de fora da pauta do varejo. Durante o WRC 2017, grandes varejistas internacionais debateram quais são os mercados mais promissores para receber investimentos. E esta é a pergunta de bilhões de dólares.
Entender e descobrir as oportunidades, mapear o comportamento dos consumidores de diferentes mercados e melhores práticas foram compartilhadas por executivos como José Maria Falache, CEO da Tous; Paul Dealoutre, presidente de Varejo da Al Futtaim (Gallerie Lafayette); Karl Bygrave, diretor da Lush e Jaume Miquel, CEO do Grupo Cortefiel, que mediou o debate.
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Jaume, com seu estilo peculiar, introduziu a conversa com duas perguntas essenciais que, para ele, direcionam estratégias globais: quem tem o dinheiro? Quem tem o conhecimento? Um varejista global precisa responder a essas perguntas para conhecer o potencial do mercado e as forças competitivas a serem enfrentadas.
Parcerias locais para atuações globais
O grupo Al Futtaim representa 80 marcas e, logicamente, tem atuação global. A empresa mantém parcerias com diversas marcas globais, como Zara, Ted Baker, Ikea, para facilitar e compreender melhor os mercados globais. Paul Dealoutre, presidente de varejo do Grupo, afirma que operações internacionais dependem muito da eficiência da cadeia de valor.
Dependendo do negócio, a proposta de valor está vinculada a esta eficiência. Imagine uma rede alimentar que não consegue trazer produtos frescos todos os dias para as lojas.
Karl Bygrave, da Lush, diz que a empresa ainda tem presente toda a força criativa dos fundadores. É uma empresa que busca contratar apenas pessoas talentosas, ativistas e procura fielmente combater todo tipo de teste com cosméticos que desrespeite animais.
Há produtos na empresa que levam até 10 anos para serem desenvolvidos. O primeiro mercado internacional fora do Reino Unido é o Canadá e em segundo lugar, surpreendentemente, é a Croácia. A ideia é sempre manter operações pequenas ao redor do globo, para manter os controles. São 22 países com lojas da Lush e 16 joint ventures.
São 1000 lojas espalhadas nos diferentes mercados em que a rede atua. A produção está presente
em mais de 70 países e mais de 10 milhões de produtos são vendidos mensalmente. Nesses tempos digitais, é curioso registrar que a Lush dobrou as vendas nas lojas físicas no último ano. Um dos poucos negócios existentes que não foi afetado pelo furacão “Amazon”. Essa força derivada da exclusividade do produto é o motor da expansão global.
Ele diz que o Brasil é de longe o país onde mais se pode aprender, por ser o mercado mais difícil para a
rede no mundo.
Os erros da expansão internacional
José Maria, da Tous, falou sobre três grandes erros na expansão global: posicionamento de marca, nem sempre aquilo que a marca representa faz sentido em outra marca. Acelerar a expansão também é um risco enorme e desconhecer os hábitos dos consumidores locais é outro.
Enfrentar as instabilidades econômicas é outro desafio para a expansão internacional, na medida em que é necessário adaptar as operações para diferentes cenários. O presidente da Al Futaimm diz que o desenvolvimento do e-commerce é um grande desafio e pode forçar a empresa a fechar lojas e perder contato com seus consumidores.
Mas a era dos pure players terminou, segundo sua visão. O CEO da Tous diz que seu horizonte de expansão, considerando seu negócio, a joia, está na China e na Coreia. Bygrave diz que os consumidores
estão cada vez mais existentes, em todas as regiões, procurando informações e demandando posturas
transparentes das empresas.
Jaume Miquel finaliza afirmando que a expansão internacional é sempre uma aventura, e que a sorte, acima de todos os cuidados e competências, faz parte do jogo.