A Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão entre a Arezzo&Co, fundada pelo empresário Anderson Birman, e o Grupo Soma. Com a aprovação, união das duas empresas forma um negócio com faturamento total de R$ 12 bilhões. Trata-se do maior conglomerado de moda do Brasil, reunindo 34 marcas e mais de duas mil lojas.
A incorporação das duas companhias foi anunciada no início de fevereiro de 2024. Segundo o acordo, os acionistas da Arezzo&Co – que reúne marcas como Arezzo, Alexandre Birman e Reserva – passa a ter 54% de participação no negócio. Já os acionistas do Grupo Soma – que contam com marcas como Animale, Maria Filó e Hering em seu portfólio – passam a controlar os restantes 46%.
O Cade aprovou a fusão sem restrições, uma vez que a empresa resultante acumularia menos que 20% de todo o mercado de moda brasileiro. Além disso, uma vez que a Arezzo&Co atua, principalmente, no segmento de calçados – e considerando que vestuário é um segmento secundário para a companhia –, a concorrência seria ainda menor. O Grupo Soma, por sua vez, tem seu foco em artigos de vestuário, com atuação menor em calçados.
O parecer da Superintendência Geral Cade destaca que “como justificativa para a realização da Operação, as Requerentes explicam que a combinação de portfólios de marcas predominantemente complementares contribuirá para a sua maior resiliência em mercados altamente competitivos. Além disso, a operação traz ganhos de sinergia na gestão de canais de venda, otimização de operações industriais e possibilidade de desenvolvimento de novas linhas de negócios”.
A nova powerhouse of brands
O nome da nova empresa resultante da fusão ainda não foi divulgado. Em fevereiro, no comunicado ao mercado sobre a fusão, os executivos Alexandre Birman e Roberto Jatahy – da Arezzo&Co e Grupo Soma, respectivamente –, anunciaram também a nova estrutura organizacional responsável por abarcar as 34 marcas sob a mesma companhia. O Conselho de Administração passa a ser formado por sete membros: três da Arezzo, três do Grupo Soma e um presidente ainda a ser escolhido pelas duas empresas.
Foram também criadas novas quatro verticais de negócios, nas quais estão distribuídas as mais de 30 marcas. Luciana Wodzik, até então diretora executiva das marcas Arezzo, Anacapri, Fiever e Alme, passa a ocupar a cadeira de diretora da unidade de Calçados e Acessórios Femininos. Já Roberto Jatahy passa a comandar a vertical de Lifestyle e Vestuário Feminino, reunindo as marcas Animale (fundada por ele ao lado da irmã, Claudia Jatahy), Maria Filó, Farm, Cris Barros e Dzarm.
Rony Meisler, fundador da Reserva – marca adquirida pela Arezzo&Co em 2020 – é o novo líder da vertical de Lifestyle e Vestuário Masculino. Já Thiago Hering comandará o braço da marca homônima da família. Alexandre Birman – filho do fundador da Arezzo, Anderson Birman – é o novo CEO da empresa combinada.
Uma fusão aguardada
Por mais que o anúncio de fusão seja recente, as duas empresas já se encontraram anteriormente no mercado. Em 2021, o Grupo Soma adquiriu a marca Hering – fundada em 1880 pelos irmãos Bruno e Hermann Hering – pelo valor de R$ 5,14 bilhões. Mas poucos dias antes, a Arezzo&Co já havia feito uma proposta de compra não solicitada no valor de R$ 3 bilhões. A Hering negou a oferta e acabou aceitando a realizada pelo Grupo Soma.
Um ano antes, a Arezzo&Co comprou a Reserva, fundada por Rony Meisler e Fernando Sigal em 2004, por R$ 715 milhões. Com a aquisição, Meisler passou a liderar a AR&Co, subsidiária responsável por novas aquisições no setor de moda e vestuário da Arezzo&Co. Todas essas incorporações contribuíram enormemente para o crescimento das duas companhias, resultando no que hoje, unidas, é o maior conglomerado de moda do país. Ou, como os líderes chamar, a nova powerhouse of brands brasileira.
*Foto: Roberto Jatahy (à esquerda) e Alexandre Birman (à direita). | Crédito: Nicolas Calligaro.