A Arezzo e o Grupo Soma confirmaram a fusão entre as duas empresas, numa operação na qual a house of brands fundada por Anderson Birman incorporará a organização dona de marcas como Farm, Animale, Maria Filó e Hering. Dessa forma, os acionistas da Arezzo&Co terão 54% de participação na nova empresa, enquanto os do Grupo Soma terão 46%. A nova empresa gerada pela fusão há muito aguardada ainda não possui nova denominação.

A “nova powerhouse of brands” reúne, 34 marcas com um total de 2.057 lojas, sendo 1.520 franquias, e R$ 12 bilhões de receita, além de 22 mil talentos distribuídos em toda a companhia.

“Nosso foco é a geração de valor perene, de longo prazo”, explicou o CEO da nova empresa, Alexandre Birman, durante apresentação a investidores realizada na segunda-feira, dia 5 de fevereiro. “Estamos aqui para construir um legado, gerando capacidade de receita, otimizar o parque industrial da família Hering, gerando troca de experiência entre canais, e capacidade de internacionalizar a moda brasileira”.

Assim, ao longo do primeiro ano de vida da organização resultante da incorporação do Grupo Soma pela Arezzo, a expectativa é de estruturação, por meio da troca de melhores práticas, equalização de processos e escuta às consultorias estratégicas, explicou o executivo. Segundo o cronograma da nova estrutura, as aprovações do novo negócio devem acontecer até o primeiro semestre de 2025, ano em que a alavancagem de receita deverá tomar forma.

Nova estrutura

Com a fusão, a nova empresa gerada ganha também uma nova estrutura organizacional, além da societária. A começar pelo Conselho de Administração, que deverá ser formado por sete membros, sendo três da Arezzo e três do Grupo Soma, e um presidente que será escolhido pelas duas organizações. Nos Conselhos de Administração atuais dos dois grupos, o presidente é um membro independente.

Já em relação à liderança da companhia, Alexandre Birman – filho do fundador da Arezzo, Anderson Birman –, atuará como CEO. Além disso, cada uma das quatro verticais de negócios, nas quais estão alocadas as diferentes marcas da nova empresa, terá seu próprio diretor, de forma a manter a autonomia das unidades de negócios. Assim, Luciana Wodzik, atual diretora executiva das marcas Arezzo, Anacapri, Fiever e Alme, será a nova diretora da vertical de Calçados e Acessórios Femininos.

Já Roberto Jatahy, atual CEO do Grupo Soma e cofundador da marca Animale, junto à irmã Claudia Jatahy, comandará a vertical de lifestyle e vestuário feminino, que reúne marcas como a própria Animale, Maria Filó, Farm, Cris Barros, e Dzarm, entre outras. Rony Meisler, fundador da Reserva, será o líder da vertical de lifestyle e vestuário masculino, enquanto Thiago Hering comandará a unidade responsável pela marca Hering e seus demais braços.

Olhar para o futuro

Tanto o Grupo Soma quanto a Arezzo realizaram importantes aquisições nos últimos anos que contribuíram com o crescimento das empresas e a evolução de seus modelos de negócios. Em 2020, a Arezzo anunciou a compra da Reserva, marca de moda masculina, por R$ 715 milhões. Rony Meisler, fundador e CEO da marca, passou a ocupar a cadeira de CEO da AR&Co, subsidiária da Arezzo com o objetivo de realizar novas aquisições no segmento de moda e vestuário.

Já em 2021, o Grupo Soma comprou a Hering pelo valor de R$ 5,14 bilhões. Poucos dias antes, a Arezzo havia feito uma proposta não solicitada de aquisição no valor de R$ 3 bilhões, mas que foi negada pela Hering.

Na nova empresa, que combina essas e mais marcas, entre as sinergias identificadas, estão a inclusão de calçados e acessórios nas marcas do Grupo Soma, gerando assim uma maior integração entre os diferentes nomes dentro das lojas e diferentes canais de venda. Há também o desafio da gestão do canal de franquias, considerando que Arezzo e Hering são as duas maiores marcas franqueadoras do novo grupo. 

Hoje, algumas marcas das empresas combinadas já possuem uma operação internacional, como Schutz, Alexandre Birman e Farm. Os executivos anunciaram que, por mais que essa expansão faça parte da estratégia, o foco de crescimento permanece no Brasil e na América Latina. “O Brasil é um país com dificuldade de crescimento, mas não queremos apenas jogar dinheiro para o exterior”, contou Roberto Jatahy durante a apresentação. “Nossa missão é aumentar o mercado endereçado da companhia. Sonho grande é algo global”.

*Fotos: Nicolas Calligaro