É bastante comum associar inovação a ideias disruptivas e até a casos isolados e distantes da realidade do cidadão comum. Porém, o conceito de economia criativa trouxe uma nova perspectiva, tornando a inovação tangível no Brasil. Segundo dados da Firjan, o segmento representa 2,61% do PIB do Brasil. Ao mesmo tempo, o número de profissionais criativos formalmente empregados chegou a 837,2 mil.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a economia criativa pode ser definida como um conjunto de negócios, baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade, que gera valor econômico. Além disso, abrange ciclos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e o capital intelectual e cultural como insumos primários.
Naturalmente, existem empreendedores e negócios que apostam nesse segmento como um importante sistema econômico global. Essa é a visão de Mauricio Soares, sócio da ARCA, por exemplo. Para ele, economia criativa não é apenas uma novidade, mas tem muito potencial. “Observamos a tendência mundial voltada para a automação de funções e processos e entendemos que, ao mesmo tempo em que este fenômeno tende a extinguir algumas profissões e colocar outras em risco, ajudará a valorizar aquilo que nos distingue como humanos: a emoção, a imaginação, a empatia e a capacidade de transformar a nossa própria realidade”, defende.
Apostas nacionais
A ARCA é, inclusive, o local onde acontecerá o Whow! Festival de Inovação. O espaço faz seu papel nesse contexto: desde a sua concepção, funciona como uma tela em branco disponível para a indústria criativa, como explica o sócio. Ou seja, é um espaço com a vocação para confrontar ideias pré-concebidas, provocar questionamentos, ir contra o óbvio e transformar. “A economia criativa precisa de espaços assim para prosperar”, afirma.
Otimista, Soares acredita que o Brasil tem um enorme potencial criativo e está deixando para trás alguns aspectos negativos da própria tradição de “gambiarras” e “jeitinhos”, soluções improvisadas de baixo custo e qualidade questionável, enquanto preserva seus aspectos positivos: flexibilidade, versatilidade e a disposição para gerar valor de forma criativa trabalhando com recursos escassos. Porém, ele explica que ainda há preconceito em relação à economia criativa. “Há muita gente que a considera algo menor, menos relevante e intrinsecamente dependente de incentivos”, argumenta.
Para ele, a profissionalização de quem trabalha na área e a formalização do setor podem fazer com que essa percepção negativa perca força. “O poder público pode atuar no sentido de criar um ambiente de negócios mais favorável e de reconhecer a contribuição que a economia criativa traz ao País”, sugere.
Disseminando a economia criativa
Outro ponto importante, além da formalização do contexto que envolve a economia criativa, é o impacto que gera no mercado tradicional. “As empresas podem se engajar no movimento a partir de um processo de reflexão, que tem início em sua própria cultura organizacional”, aponta Soares.
Para o sócio da ARCA, é essencial avaliar se há convergência entre a atuação das empresas tradicionais e da economia criativa, se existe um ambiente que permita inovar na proposta de valor para abarcar elementos desse segmento. Para ele, esses aspectos são prioritários, pois determinam se (e como) uma organização pode gerar mais valor ao adotar novas práticas voltadas para a economia criativa, garantindo que seja um movimento estratégico para o negócio e não apenas uma tentativa de seguir as últimas tendências.