Embora o futuro sempre pareça algo distante, os especialistas recomendam: quanto antes pensarmos em aposentadoria, menos dor de cabeça o assunto trará. E os empresários não diferem tanto assim dos trabalhadores comuns: eles também precisam planejar o futuro. O que o levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou, no entanto, que os micro e pequeno empresários do varejo e serviços não investem o necessário para o futuro.
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Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, os empresários também devem se preocupar com o futuro, sobretudo os micro e pequenos, que, muitas vezes, têm faturamento reduzido e são mais vulneráveis a sazonalidade de acordo com a demanda de seus serviços. “Como todo trabalhador, o empresário também se aposenta, mas nem sempre dá a devida atenção ao assunto. A contribuição para o INSS é uma necessidade básica que não garante a manutenção do padrão de vida que se tinha antes da aposentadoria. Por isso, recomenda-se também um esforço adicional que pode ser realizado por meio de planos de previdência privada e outras formas de investimento”, afirma Pinheiro.
Segundo o levantamento, apesar de 86,6% dos entrevistados considerarem importante o planejamento para a aposentadoria, quase a metade (49,0%) desses empreendedores não faz qualquer contribuição complementar ao INSS, seja por meio de uma previdência privada ou algum outro tipo de investimento.
Os números indicam, ainda, que 7,6% dos micro e pequenos empresários não fazem qualquer recolhimento para o INSS e a maior parte (38,1%) paga apenas o valor mínimo da contribuição. Outros 25,4% pagam um valor intermediário e apenas 11,6% contribuem com o teto previdenciário.
Opções
Os entrevistados que disseram fazer alguma contribuição além do INSS citaram como opções de investimento a poupança (18,4%), a previdência privada (15,0%) e investimento em imóveis (12,6%). Muitos empresários pretendem extrair a renda extra do próprio negócio. Neste caso, Honório Pinheiro faz um alerta importante: “Fala-se muito sobre os impactos de uma reforma da previdência entre trabalhadores celetistas, mas pouco sobre o universo do pequeno empresário. Pensar na aposentadoria inclui, também, planejar o processo sucessório de suas empresas, sob pena de ver seu negócio não se sustentar. Isso é especialmente importante para o empresário que pretende extrair renda do próprio negócio”, defende.
Continuar no mercado
Diante deste cenário, para boa parte dos micro e pequenos empresários é continuar trabalhando. Segundo os dados levantados, entre os empresários que já estão aposentados, mas continuam trabalhando, metade (50,0%) segue na ativa para complementar a renda, pois a aposentadoria não é o suficiente para cobrir seus gastos do dia a dia.
No entanto, há uma parcela considerável dos entrevistados (19,6%) que continuam trabalhando para se sentirem mais produtivos e ocupados. Muitos, aliás, não querem parar de trabalhar definitivamente em dia nenhum (32,1%). Um dado interessante: 47,4% dos micro e pequenos empresários começou a trabalhar cedo, com idade entre 14 e 17 anos.
Regras de aposentadoria
A maioria dos entrevistados (72,3%) acredita que as atuais regras da previdência são válidas tanto para a realidade dos trabalhadores quanto dos empresários. Para 61,9% deles, o sistema não deve fazer distinção entre categorias profissionais.
No entanto, para 21,2% dos entrevistados, as regras da previdência deveriam ser diferentes. A principal justificativa é que os empresários podem trabalhar menos, uma vez que têm a opção de delegar funções dentro de suas empresas. Em média, o micro e pequeno empresário de varejo e serviço considera que o trabalhador brasileiro deveria se aposentar com 59 anos. Já o empresário, aos 61 anos.
A pesquisa ouviu 822 micro e pequenos empresários dos ramos do comércio e serviços nas 27 capitais e cidades do interior.