Grande parte das organizações empresariais espera que CEOs entreguem rendimentos de curto prazo, mas que também projetem o futuro, assumam riscos e inovem. Em tempos de transformação digital e a busca incansável por inovação, o que vem ganhando cada vez mais destaque no mundo das startups e economia criativa é o conceito de ambidestria organizacional. Mas, afinal o que isso?
Normalmente, o termo “ambidestro” costuma ser usado para definir quem usa com habilidade tanto a mão direita quanto a mão esquerda. No conceito organizacional, pode-se resumir ambidestria como o equilíbrio entre a eficiência operacional e a busca por inovação. É a capacidade que o gestor tem de focar no presente e no futuro de forma simultânea.
Um estudo envolvendo 35 estruturas diferentes voltadas para inovação, publicado em um artigo na Harvard Business Review por Charles A. O’Reilly III e Michael l. Tushman mostrou que quando se trata de lançar produtos ou serviços inovadores, as organizações ambidestras foram significativamente mais bem-sucedidas do que outras que usam outro tipo de estrutura. Apenas um quarto dos projetos funcionais produziu inovações reais e, mais de 90% das organizações ambidestras atingiram seus objetivos.
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O papel da cultura organizacional na facilitação da ambidestria
Em entrevista para a Consumidor Moderno, Maria Isabel Guimarães, professora e supervisora do Laboratório de Inovação Pedagógica da Escola de Negócios da PUC Rio, a cultura de uma organização deve ser moldada de acordo com uma mentalidade ágil e flexível. É preciso ter a capacidade de adaptar-se facilmente às mudanças, tolerar diferentes pontos de vista e ser capaz de integrar diversas perspectivas em prol de um objetivo comum.
“A cultura precisa ser construída com base em uma mentalidade ágil, fundamentalmente flexível, com capacidade de tolerar diferentes perspectivas e entendimentos, com possibilidades de integração para um objetivo comum. A liderança tem papel fundamental na construção dessa cultura, abandonando práticas coercitivas ou focadas no comando e controle” pontua.
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As empresas devem estar preparadas para criar um ambiente de inovação que estimule a transformação digital em todos os ecossistemas. Ela destaca ainda as estratégias de liderança bem-sucedidas para incentivar a ambidestria de forma simultânea.
“O mais importante é que a liderança promova um ambiente com segurança psicológica e fomente a atitude [intra]empreendedora nas equipes. Dessa forma, as equipes estarão em um ambiente favorável ao empreendimento de melhorias e inovação nos processos e operação já existentes e, ao mesmo tempo, favorável à exploração de novas oportunidades de mercado, produtos ou serviços” destaca.
O desafio do implemento da Ambidestria
Renata Schirrmeister, professora da FIA Business School nos explica que a cultura de inovação pode estar presente desde o início em algumas empresas, especialmente em startups, e fazer parte de sua identidade fundamental. No entanto, à medida que a empresa cresce, ela começa a implementar os indicadores para avaliar o desempenho operacional e garantir a eficiência.
“A cultura da inovação pode nascer junto com a empresa, fazendo parte do seu DNA, que é algo que acontece especialmente nas startups. A partir do momento que a empresa vai crescendo, ela vai criando métricas para desempenho operacional. E quanto maior a empresa vai ficando, ela naturalmente vai ficando mais engessada. E essas métricas são necessárias para se manter uma eficiência organizacional. E elas também engessam a inovação. Então, por um lado, você tem uma empresa mais organizada e com maior capacidade de enfrentar o ambiente competitivo. Por outro lado, na medida que a que a empresa se organiza, ela perde um pouco a capacidade de inovação, por justamente possuir produtos e processos consolidados. Então, o grande desafio é que a empresa precisa se estruturar na medida em que cresce e essa estruturação, que é uma coisa muito boa, também dificulta a inovação, paradoxalmente”.
Incutindo uma mentalidade ambidestra
É importante considerar a inovação não apenas como parte da estratégia, mas também como um valor fundamental em uma organização. A inovação não pode ser apenas uma palavra ou um conceito vago, mas sim algo que seja vivido e influenciado por todos os membros da organização.
“Além de fazer parte da estratégia da organização, um passo bastante importante é a inovação fazer parte dos valores organizacionais, de forma que isso deve ser incutido na sua cultura, em todos os processos organizacionais, desde o nível estratégico, passando pelo gerencial, até o tático. E sendo absorvido dessa forma no próprio DNA da organização, porque é uma questão de modificar o DNA. Exige um certo esforço organizacional. Mas começa assim, de cima para baixo, incutindo como valores no dia a dia organizacional”. Finaliza Schirrmeister.
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