Você já se perguntou por que os restaurantes cobram preços diferentes para o almoço e o jantar? A Consumidor Moderno vai explorar os motivos por trás dessa estratégia que afeta tanto os consumidores.
Primeiramente, o horário do almoço tende a ter mais clientes em busca de refeições rápidas e acessíveis. Esta demanda impulsiona os restaurantes a oferecerem tarifas mais altas. Já o jantar é frequentemente visto como uma experiência mais formal, onde as pessoas desejam relaxar e apreciar a refeição. Para essa atmosfera, os restaurantes podem justificar preços mais altos devido ao serviço e à qualidade aprimorada. Mas, afinal, o consumidor está pagando mais caro no almoço ou no jantar?
E a resposta para essa pergunta é: no almoço! Prova disso está no estudo + Valor, realizada pela Ticket, marca da Edenred Brasil voltada para benefícios e engajamento. Para chegar a essa conclusão, o grupo pesquisou mais de 4.500 restaurantes em todo o Brasil. E a conclusão foi que os consumidores podem chegar a pagar até 158% a mais por uma refeição no almoço, dependendo do tipo de serviço escolhido.
Os (altos) custos do almoço
Só para exemplificar, uma refeição completa (prato, bebida, sobremesa e café) em um restaurante à la carte custa, em média, R$ 96,44. Enquanto isso, a opção mais popular, o prato comercial, tem um preço médio de R$ 37,44.
O trabalhador que optar, no almoço, pelo autosserviço (ou self service) pagará R$ 47,87. E a pessoa que escolher o prato executivo (a opção mais econômica oferecida em restaurantes à la carte durante a semana) desembolsará, em média, R$ 55,63.
De acordo com o levantamento, o serviço à la carte foi o que teve o maior aumento no preço médio no último ano, com um crescimento de quase 20%, uma vez que em 2023 custava R$ 80,48. Em segundo lugar, o autosserviço, que no ano passado tinha um valor médio de R$ 43,24, registrou um aumento de cerca de 11%. O serviço executivo, por sua vez, teve um incremento de 10%, custando em média R$ 50,51 em 2023. Por último, o comercial, que em 2023 era encontrado a R$ 34,30, apresentou um aumento de 9,2% ao longo do ano.
Por que os preços estão aumentando?
O aumento nos preços destes serviços pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo a inflação, o aumento nos custos de insumos e a demanda crescente por opções de alimentação que ofereçam praticidade. Além dos fatores mencionados, a adaptação das empresas para atender a novas normas de segurança alimentar e sustentabilidade também influencia os preços. Investimentos em tecnologia e treinamento de pessoal são necessárias para garantir que as refeições sejam servidas com eficiência e dentro de padrões de qualidade. Essa realidade tem levado os fornecedores a repassar os custos para os consumidores.
Na análise por região, o serviço mais caro é o a la carte na região Sudeste, com um preço médio de R$ 99,27, enquanto o mais acessível é o prato comercial do Centro-Oeste, custando R$ 32,72. Em relação às cidades avaliadas, o serviço de maior preço é o à la carte de Florianópolis (SC), com valor de R$ 163,28, e o mais barato é o comercial de Belo Horizonte (MG), com um preço médio de R$ 25,03.
Comercial e à la carte
“Vários fatores influenciam a diferença nos preços conforme a região, estado ou cidade onde o restaurante se encontra. Um deles é o custo de vida”, explica Natália Ghiotto, diretora de produtos da Ticket. “Regiões com um custo de vida mais alto costumam apresentar preços mais elevados para alimentos e serviços em geral, incluindo as refeições fora de casa, como ocorre em grandes cidades e áreas metropolitanas. A concorrência entre os estabelecimentos, a sazonalidade dos alimentos e até a estrutura do restaurante também impactam o preço final que o consumidor paga. Por exemplo, restaurantes self-service não têm despesas com garçons atendendo nas mesas, ao contrário do sistema à la carte”.
Uma pesquisa realizada pela Ticket este ano consultou quase dez mil pessoas sobre as estratégias que utilizam para economizar nos restaurantes. Dentre os respondentes, 24% afirmaram que preferem o prato feito para ter uma ideia do valor que irão gastar; 10% mencionaram que reservam os restaurantes “gourmetizados” para ocasiões especiais, como aniversários; e outros 10% optam por restaurantes que cobram por quilo.
Pesquisa do Procon-SP
Recentemente, a Fundação Procon-SP, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), publicou as expectativas de preços de refeições em restaurantes de São Paulo para o segundo semestre. E ficou evidente que que os consumidores estão desembolsando mais para se alimentar fora de casa no Estado de São Paulo – e em todo o Brasil, claro.
Ao comparar com a última edição da pesquisa (fevereiro/2024), houve um aumento de 2,22%. E, em suma, o preço médio passou de R$ 80,44 para R$ 82,22. Em relação ao levantamento de junho do ano passado, quando o valor era de R$ 79,07, a variação foi de 3,99% para cima.
Desde janeiro de 2020, quando o Procon-SP começou a série que analisa o custo de se alimentar fora de casa, até junho passado, o preço das refeições self-service por quilo aumentou 43,50%. O percentual ultrapassou o INPC-IBGE do mesmo período, que foi de 31,03%. Na época, o preço médio registrado para uma refeição self-service por quilo era de R$ 57,30.os de acordo com suas preferências. No entanto, 39% admitem que ocasionalmente evitam alimentos mais pesados para reduzir o custo do almoço. Enquanto isso, 15% sempre optam por excluir esses itens de suas refeições.
Enquanto os consumidores lidam com preços altos, os empresários do setor enfrentam o desafio de reter seus clientes. E para isso, se faz necessário que eles proponham cardápios diversificados e promoções sazonais que possam atrair clientes. É fundamental para esses estabelecimentos entenderem as nuances do comportamento do consumidor e se adaptarem às suas necessidades e preferências.