Encontrar um emprego não tem sido tarefa fácil para os brasileiros, que já somam mais de 14 milhões de profissionais em busca de recolocação no mercado de trabalho, segundo dados da Pnad Contínua. Para as mulheres, essa missão pode ser ainda mais difícil.
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O preconceito e o machismo histórico que permeiam a sociedade acentuam a desigualdade de oportunidades e deixam as mulheres em grande desvantagem. Foi pensando em contribuir com a reversão deste quadro que a Achei Montador, em parceria com o Sebrae Delas e a Leo Social criaram o projeto Achei Montadoras, que tem como objetivo capacitar mulheres para atuar nessa profissão majoritariamente masculina.
Conheça, a seguir, detalhes do projeto, que promove a acessibilidade e une empreendedorismo de impacto social e inclusão.
Achei Montadoras – e, sim, elas são mulheres!
A presença de mulheres no mercado de trabalho faz parte da pauta que permeia debates sobre igualdade de gênero. Nesse sentido, diversos estudos comprovam que garantir espaço para a presença feminina dentro de organizações dos mais diversos setores traz inúmeros benefícios para as empresas que as contratam, entre eles maior capacidade de inovação e faturamento, por exemplo.
Não à toa, o número de mulheres em profissões tipicamente masculinas aumentou. Atividades como engenharia civil registraram crescimento no número de mulheres matriculadas na graduação e em exercício. Segundo o Confea, somente em 2017, a presença feminina no mercado de trabalho saltou 28,1% em comparação com o ano anterior.
Leia mais: Refugiados no Brasil: Como essa população tem impactado a experiência do cliente
De olho neste cenário, a Achei Montador – empresa que atua no e-commerce oferecendo serviço de montagem de móveis em parceria com grandes players do mercado, como a Amazon, por exemplo – criou o projeto Achei Montadoras, que tem como objetivo capacitar mulheres, principalmente refugiadas e de baixa renda, para atuar na profissão de montadoras de móveis.
“Montagem de móveis sempre foi um trabalho feito por homens! Porém, ao longo do tempo, percebemos que, em alguns dos agendamentos, clientes mulheres ficavam constrangidas em receber montadores quando estavam em casa sozinhas. Por motivos diversos! Então, em 2019, fizemos uma pesquisa que comprovou isso. Foi aí que descobrimos um novo mercado onde as mulheres poderiam também atuar”, explica o administrador Geraldo Rigoni, CEO da Achei Montador.
A ideia do projeto é oferecer toda a capacitação necessária para que mulheres possam ingressar na profissão, por isso, é dividido em três etapas. A primeira, realizada pelo Sebrae Delas, oferece capacitação em gestão e empreendedorismo online.
A segunda etapa é referente à capacitação técnica. É realizada de maneira presencial e oferecida pela Escola de Marcenaria do Leo Social, que ensina às mulheres o processo completo de montagem de móveis. E na terceira, todas as formandas podem ingressar no mercado de trabalho como prestadoras de serviço pelo e-commerce do Achei Montador.
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Além disso, para auxiliar no início da carreira, a ONG Grupo Mulheres do Brasil vai doar as ferramentas necessárias para as formandas.
Entre as profissionais capacitadas, estão, inclusive, mulheres refugiadas de países como Haiti, Venezuela, Cuba e Síria.
“Agora, temos 76 mulheres, entre um total de 7.200 profissionais credenciados em nosso site. Nossa expectativa é incluir pelo menos 300 mulheres até a Black Friday deste ano e, até dezembro de 2022, disponibilizar profissionais mulheres em todas as regiões metropolitanas das capitais do Brasil”, explica Geraldo Rigoni, que conta com a ajuda de três ONGs para apoio no recrutamento e treinamento, inclusive relacionados ao idioma.
Segurança como valor para o cliente
Prezar pela segurança do cliente sempre foi um dos principais valores da empresa, afirma o CEO. Segundo ele, são várias as medidas de segurança tomadas antes de permitir que uma pessoa preste serviço pela empresa.
“Nós tomamos muito cuidado com isso, pois estamos entrando dentro da casa do cliente, ele precisa estar seguro quanto a isso. Então, nós temos vários mecanismos de segurança, como colocar a foto de quem irá atendê-lo, o número do documento, entre outras informações”, explica, completando que, em 12 anos de empresa, nunca tiveram um problema referente a falta de segurança.
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A possibilidade de atendimento por mulheres também está inserida nesse contexto. “Essa é uma demanda que enxergamos e que vimos como importante para nossos clientes. Dar essa possibilidade melhora o atendimento e a experiência do cliente como um todo, que confia mais no trabalho e se sente mais seguro”, explica. As precauções também são tomadas com as próprias montadoras, que devem ir sempre em dupla para o momento de montagem, para evitar assédio contrário e outros problemas de segurança, que também devem ser reportados à empresa.
Para conseguir “encantar” o cliente, como o próprio CEO explica, os treinamentos contaram com atividades referentes ao atendimento ao cliente e ao customer experience (CX). “Além do treinamento técnico, nossas montadoras foram acompanhadas nos primeiros atendimentos, para terem apoio e passarem segurança ao cliente. Também temos outras ações que fazemos para conseguir esse ‘encantamento’ e as montadoras estão sempre incluídas nisso, claro”.
Para monitorar a satisfação do consumidor e a qualidade do serviço oferecido, a Achei Montador criou o setor de Sucesso do Cliente e, segundo a empresa, todas as medidas de segurança e outras, como a opção de escolher o gênero do prestador de serviço na hora de reservar um horário, estão sendo bem recebidas e aumentando a qualidade do atendimento e da satisfação do cliente como um todo.
Chances de uma vida melhor, memórias e sustentabilidade
Love N Desir é uma das 76 mulheres formadas no projeto Achei Montadoras. Vinda do Haiti há 4 anos, ela busca no país uma forma de ajudar a família a ter melhores condições de vida.
“O problema é que, quando cheguei aqui, não encontrei as oportunidades que imaginava ter e não consegui trabalho”, conta ela, que tem dificuldades com o idioma.
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Foi então que Love N Desir ficou sabendo do projeto Achei Montadoras e decidiu se inscrever.
“Eu resolvi fazer porque eu queria aprender alguma coisa diferente em minha vida. Já terminei o curso e gostei muito. Agora, meu objetivo é trabalhar na profissão. Acho que vai ajudar no meu trabalho e também a arrumar algumas coisas que eu queria”, explica.
Quem também concluiu o curso foi Sandra Helena Nunes Barreto Cicilini. Formada em Marcenaria pelo Senai, ela ingressou no projeto por dois motivos: intenção de se aprimorar ainda mais para trabalhar na área e o fortalecimento de memórias afetivas que mantinha com o pai, que era marceneiro.
“Meu pai era marceneiro e nos deixou todo maquinário, ferramentas e galpão para trabalhar. Infelizmente, não pude aprender a profissão com ele em vida, nem tive a chance de manter o que ele nos deixou. Mas tanto a marcenaria como a profissão de montador de móveis me trazem grande felicidade e alegria. Por isso, pretendo seguir carreira”, explica.
Já o caso de Juliana Noda é diferente. Formada em economia, ela sempre se interessou por reciclagem e economia circular e viu no curso de montadora de móveis uma forma de se aprofundar ainda mais no assunto.
“Desde que me formei, sempre gostei do tema 3R´s – Reduzir, Reciclar, Reutilizar. Aliás, acredito que isso tenha vindo da minha avó, que tinha o lema do “motainai”, que em japonês é desperdício – ou seja, não desperdiçar as coisas que ainda tem uma certa serventia. Há algum tempo, estou estudando sobre Reciclagem, Economia Circular e conheci o programa de recicladores com ênfase no reaproveitamento de móveis e madeira descartadas. Agora, conheci esse programa de montagem de móveis. Vejo que são coisas muito ligadas ao reaproveitamento de móveis, pois não ficaríamos ligadas apenas em montagem de móveis novos”, explica ela, que está fazendo estágio na profissão e planeja se especializar cada vez mais, tanto com a prática, como com novos cursos no ramo.
*Por Wanessa Ferrari e Thainá Zanfolin.
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