Inovação é uma disciplina. E como tal, deve ter métricas, indicadores, processos, liderança, comprometimento. Demanda tanto esforço quanto cortar custos, quanto aumentar as vendas, quanto ser mais eficiente. A diferença é que a inovação pode ajudar as empresas a realizar esses demais objetivos – cortar custos, aumentar vendas, ser mais eficiente. Inovação não reside em um produto que redefine uma categoria. Pelo menos não se resume a isso. A inovação, por ser disciplina, pressupõe o uso de ferramentas que devidamente aplicadas, aumentam o seu espaço de atuação. A inovação visível, que encanta e parece “mágica” reflete-se no produto. Mas ela deve ser entendida como um método para resolver problemas que, em algum momento adiante, gera valor ou gera dinheiro novo.
Mais uma vez, Clemente Nóbrega, sócio-diretor da Innovatrix, ilumina esse conceito: “inovação é uma coisa para o amanhã, nunca é para o hoje”. Uma inovação social, como uma rede eficiente para coleta de esgoto e saneamento básico gera valor. Um smartphone com interação por toque gera dinheiro novo (e, claro, valor para a marca, o acionista, o consumidor). Mas nada muda o fato de que a inovação imaginada hoje só se torna inovação de fato amanhã. Hoje, a inovação gravita no campo das ideias, é uma especulação. A experimentação posterior desse fato inovador é que cristaliza e distingue a inovação da invenção. Por isso, inovação na prática é… prática! É experimentação.
Claro que empresas iniciantes, as hoje famosas startups, correm o risco inerente à criação do novo negócio baseado em uma inovação – aquela oferecida ao mercado, que supre uma lacuna, atende um nicho, até mesmo propõe um novo mercado ou novo modelo de atuação – por isso, elas são apostas. A inovação não é natural para empresas estabelecidas porque há negócios estabelecidos, colaboradores contratados, receitas e despesas. Assim, a inovação simplesmente é fruto de recursos alocados. Uma parte dos recursos pode ser direcionada para inovar. Uma parte dos recursos pensada como investimento, com risco certo, mas risco calculado. Clemente Nóbrega comenta: “Não tem pulo do gato. É experimentar e ver se o mundo responde. Aí a empresa cresce, vira uma grande empresa. Aí vem aquele papo, a gente tem de manter o espírito da startup. Não é para manter. Ela cresceu e tem que inovar de outra maneira, porque seus riscos são muito maiores. Ela emprega cem, 150 mil pessoas. Ela tem acionistas, ela não pode mais arriscar no nível que se arriscava, mas ela tem que inovar assim mesmo”.
Inovação é um processo sem fim. Não há saída. O que muda é o risco calculado no momento de buscar a inovação.