Com o avanço da Inteligência Artificial (IA) o papel do comunicador corporativo está evoluindo rapidamente. Responsável por articular e divulgar ideias, estratégias e valores dentro e fora da organização, a área de Comunicação Corporativa protege e promove a reputação de uma empresa. Para entender o avanço tecnológico e os desafios nessa área, a Ipsos apresentou o relatório Reputation Council 2024. O levantamento reuniu as contribuições de 135 líderes da comunicação corporativa de empresas líderes em todo o mundo.
Um dos pontos considerados é a preocupação crescente com a inteligência artificial e seu impacto no mercado de trabalho. De acordo com o relatório, 87% dos líderes de comunicação corporativa concordam que a inteligência artificial mudará a maneira como as empresas operam. Os executivos reconhecem cada vez mais o potencial da IA para transformar suas funções, agilizar operações, e aprimorar suas estratégias de engajamento. No entanto, a adoção de ferramentas de IA varia entre suas organizações, e apenas um quarto (24%) dizem que, pessoalmente, estão usando IA em seus trabalhos do dia-a-dia.
A chegada da IA, agora voltada para consumidores e empresas, provocou uma mistura de emoções entre o público. 54% das pessoas expressaram entusiasmo, enquanto 52% admitiram nervosismo em relação aos produtos e serviços de IA.
Essas atitudes contrastantes em relação à expansão de acesso à tecnologia se estendem até mesmo aos governos e políticos, conforme evidenciado pela Declaração de Bletchley, assinada na primeira Cúpula Mundial de Segurança da IA por estados líderes, como China, Europa, Estados Unidos e Reino Unido. Documento que destaca as oportunidades e riscos associados à IA, enfatizando a necessidade urgente de diretrizes éticas robustas.
Potenciais Ameaças e necessidade de supervisão humana na utilização da IA
Executivos de diversos setores identificaram uma série de potenciais ameaças decorrentes do uso de IA tanto do seu próprio uso interno quanto do uso de IA externa à sua organização por terceiros. Embora algumas organizações estejam experimentando aplicações de IA para questões corporativas, como a geração de comunicados de imprensa e discursos, há um consenso emergente sobre a importância da supervisão humana.
Segundo os entrevistados, a supervisão humana é essencial para garantir a precisão, o controle e o alinhamento com as mensagens corporativas. Embora a IA possa automatizar muitas tarefas, os executivos confirmam que o toque humano é fundamental para evitar equívocos e garantir que as comunicações da empresa permaneçam sinceras e alinhadas com seus valores e objetivos. Os executivos consideram que as questões de propriedade e a devida atribuição e remuneração criadores originais ainda não foram totalmente abordados.
No entanto, apesar do reconhecimento da importância das diretrizes éticas, 80% dos membros do Conselho Corporativo não acreditam que as políticas éticas existentes sejam adequadas para a adoção plena da IA. Priscilla Branco, gerente sênior de Opinião Pública e Reputação Corporativa da Ipsos Brasil, destacou a importância de construir confiança e reputação em um mundo em policrises. Ela mencionou que três pilares são essenciais para isso: atenção aos contextos, atuação de forma “glocal” e autenticidade com propósito.
“Este estudo aprofundado oferece insights valiosos sobre como a inteligência artificial generativa (IA Generativa) pode transformar as empresas e o relacionamento com seus stakeholders, e também percebemos o seu potencial de revolucionar diversos setores, desde a criação de conteúdo personalizado até a automação de tarefas complexas.”, pontua Branco.
“O relatório também destaca como essa tecnologia pode impulsionar a eficiência, a produtividade e a criatividade, abrindo novas possibilidades para as empresas. Mas, como em toda grande mudança, é preciso estar atento aos desafios. Violações de segurança de dados e o uso indevido da tecnologia são preocupações reais apontadas no levantamento e que precisam ser cuidadosamente gerenciadas”, explica Priscilla Branco.
Desafios e oportunidades na era da Inteligência Artificial
É muito claro para os membros do conselho o potencial da IA para revolucionar o papel das empresas e do comunicador, mas são os riscos que a IA representa devido ao potencial uso indevido pelos próprios comunicadores, ou uso malicioso por aqueles que procuram minar as empresas reputações. O relatório sugere que para permitir que a IA dê a sua contribuição máxima para a função de assuntos corporativos, as empresas devem adotar diretrizes e processos éticos que deem comunicadores a confiança para usar ferramentas de IA em seus trabalhos diários.
O relatório conclui que a “IA é um gênio que as sociedades não serão capazes de devolver na garrafa e transformará as comunicações corporativas assim como todas as outras funções de negócios”. Quanto mais cedo as empresas assumirem a liderança na promoção de um uso seguro, eficaz e ético dessa tecnologia, mais rapidamente poderão colher os benefícios que ela oferece.