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2017: O ano da virada?

2017: O ano da virada?

Reformas estruturais precisam ser postas em ação o quanto antes para que a recuperação econômica do País não seja mais um voo de galinha

Eis que 2017 começou com uma miscelânea de boas e más notícias. Atentemo-nos às que têm potencial para melhorar o humor, mas sempre com um pé na realidade.
Neste espaço foi escrito anteriormente que os juros não cairiam rapidamente. Um feliz, porém preocupante engano. A taxa Selic hoje se situa a 13% ao ano, após o corte de 0,75 pontos percentuais na última reunião do Copom. A notícia foi mais que bem-vinda pelo mercado e por renomados economistas destes trópicos.
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A queda dos juros nominais implica recuo dos juros reais e, portanto, de todos os modais de juros que regem o mercado de crédito. Este movimento foi favorecido pela inflação de 2016, que fechou o ano em 6,29% (abaixo do teto da meta de inflação instituída pelo Banco Central). A queda dos juros é um alento para empresários e trabalhadores que são, afinal, consumidores, e que necessitam contratar crédito para produzir e consumir, e assim reanimar a economia brasileira e iniciar um novo ciclo de bonança e expansão.
Porém, é importante ressaltar: a queda da Selic foi favorecida pela inflação declinante, reflexo direto do alto desemprego e do consumo fraco. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no Brasil foi de 11,9% em novembro, o que equivale a mais de 12 milhões de desempregados no País. O varejo sentiu diretamente esse impacto, tendo registrado queda de 3,5% em seu volume de vendas e de 4,5% em sua receita nominal, segundo a mesma instituição. Ou seja, a inflação está em declínio, os juros estão em ritmo de queda, mas por razões ruins: a economia real está piorando.
Recentemente, em brilhante artigo, André Lara Resende explorou as limitações da política monetária quando não atrelada à política fiscal. A pesquisa acadêmica mostra, empiricamente, que a trajetória das taxas de juros não pode estar atrelada somente à inflação, mas deve considerar também os gastos públicos e sua evolução. Ora, a dívida pública remunera os detentores de seus títulos com os juros correntes. Se eles crescem, cresce o endividamento. Ademais, aumentar o dispêndio do governo pressiona a inflação. Ou seja, política monetária (juros) deve ser praticada não só à luz da evolução do nível de preços, mas também da política fiscal.
Em suma: urge a queda dos gastos públicos. Do contrário, a taxa Selic será ineficaz enquanto instrumento para controlar a inflação, e qualquer retomada da economia e do consumo terá potencial para pressionar novamente a inflação.
É claro que o varejo recebeu positivamente a queda da Selic. O consumo precisa crescer para que empresários varejistas possam se recuperar, após a sangria do último ano. Por outro lado, dependem da recuperação do poder de compra e da queda do desemprego, que está ligada diretamente à retomada da atividade econômica.
Portanto, reformas estruturais precisam ser postas em ação o quanto antes para que a recuperação econômica do País não seja mais um voo de galinha. Não apenas as já propostas, em negociação e aprovadas: melhoria da infraestrutura e aumento da produtividade são profundos gargalos que devem ser resolvidos com urgência – depois de três décadas de atraso e negligência por parte dos governos.
2017 pode ser um ano de retomada. Ainda que o crescimento seja fraco, será um alívio após dois anos de economia em queda. O movimento dos juros é um incentivo a empresários e trabalhadores. Agora cabe aos nossos políticos fazerem sua parte e lograrem sucesso em suas empreitadas para modernizar e corrigir as persistentes distorções de nossa economia. Será um ano interessante.
Eduardo Bueno é economista do Centro de Inteligência Padrão – CIP

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