O apelido curioso de ‘Willy Wonka’ Maurício Bezerra, fundador da éNozes, recebeu de amigos próximos, ao se depararem com as sobremesas e doces que o empreendedor criava usando a castanha como matéria-prima, em alusão às delícias feitas no filme A Fantástica Fábrica de Chocolate.
A partir daí, filme e vida real começam a ganhar pontos em comum. Com início humilde em uma quitinete adaptada para cozinha industrial na Paraíba, a empresa fundada por Maurício Bezerra faturou R$ 6 milhões em 2020, e projeta conquistar R$ 17 milhões em 2021. A éNozes também já se prepara para desembarcar na Europa no início de 2022.
De olho em um mercado crescente e diversificado, a marca agora se volta para o comércio exterior. A empresa fez sua primeira exportação para os EUA este ano e já tem diversas encomendas de varejistas americanos. Não é à toa: a pasta de amendoim está presente em mais de 90% dos lares americanos, em um mercado que movimenta 1,8 bilhão de dólares por ano.
Esportes, dieta e o desejo de empreender: a trajetória do Willy Wonka paraibano
Antes de se aventurar na cozinha, Maurício Bezerra teve uma movimentada vida atlética: chegou a jogar pelo time Sub-18 do campeonato neozelandês, além de uma trajetória de cinco anos no futebol americano, que resultou na convocação do primeiro nordestino para a Seleção Brasileira de Futebol Americano. Contudo, o maior desafio do paraibano era a luta contra a balança.
“Eu tinha perdido 65 kg por duas vezes, e na primeira acabei engordando tudo de novo. Sofri bastante até conseguir reorganizar minha alimentação para voltar a emagrecer. Eu estava à procura de uma sobremesa gostosa e saudável que eu pudesse comer no meu dia a dia. Uma vez que eu encontrei essa sobremesa e tive outras pessoas provando o produto, descobri que a éNozes poderia ser a solução para o problema de várias pessoas”, relembra.
Sendo assim, em 2015, fundou a éNozes. Com apenas R$ 17 mil de investimento inicial, Maurício Bezerra alugou uma quitinete adaptada para cozinha industrial. Montou uma equipe de três pessoas e, logo no primeiro ano, faturou R$ 200 mil.
Após quatro meses, a marca já podia ser encontrada nas duas principais redes de supermercados da Paraíba, além de 38 lojas espalhadas pelo Nordeste, tornando-se a marca de pastas de castanhas e amendoim mais consumida na região. Hoje, são 400 pontos de venda em todo o país.
A empresa tem uma linha composta de sete sabores. Dois são de pasta de amendoim – chocolate belga e chocolate branco – e cinco de pasta de castanha: chocolate, churros, beijinho, red velvet e cheesecake de frutas vermelhas.
Pasta de amendoim é tudo igual?
Segundo Maurício Bezerra, não. Para o executivo, os diferenciais da marca estão na cremosidade – as pastas éNozes passam o triplo do tempo para chegar à sua cremosidade – além dos diversos sabores.
Sendo assim, as pastas também podem ser utilizadas como ingrediente para criar diversas receitas, permitindo às pessoas que estão de dieta terem uma sobremesa diferente todo dia, mesmo durante esse período mais restritivo da alimentação.
Outro diferencial está na opção de adoçar as pastas com o adoçante stevia (adoçante natural obtido da planta stévia rebaudiana), ao invés de xylitol (adoçante natural encontrado nas fibras de vegetais, frutas ou cogumelos).
“Com a troca pelas folhas de stevia nós utilizamos menos de um grama de adoçante, logo, nosso produto tem mais densidade nutricional e entrega mais nutrientes para os consumidores com uma menor quantidade de calorias, já que o stevia também tem 0kcal”, explica Maurício Bezerra.
Da Paraíba para o mundo
Atualmente, 85% do faturamento da éNozes vem do e-commerce, que viu a demanda disparar durante a pandemia.
Visando estabelecer a presença digital, além de trabalhar com marketing de influência, através de parcerias com influenciadores digitais, a marca planeja lançar um programa de benefícios, o ‘Avisa que éNozes’, que pretende disponibilizar benefícios aos clientes, como ganhar uma pasta a cada vez que um novo amigo indicado por eles efetuar uma compra no site, além de acumular ‘Nuts’ – o cashback da éNozes, que poderão ser trocados por produtos da marca: desde canudos ecológicos a motos elétricas – condizentes com a pegada socioambiental que a marca já adota.
“A proposta desse programa é criar uma verdadeira comunidade entre nossos consumidores. O programa de indicação é o pontapé inicial dessa plataforma, que no futuro contará com diversos benefícios para os nossos mais de 150 mil clientes, entre eles descontos em marcas parceiras, academia, nutricionistas e um app que vai reunir lives diárias de treinos, yoga, alongamento e acompanhamento psicológico para pessoas que pretendem perder peso”, explica o fundador da marca.
Planos de expansão
Ainda entre os planos do empresário, está a transferência da fábrica e o aumento da capacidade de produção. Hoje, as pastas são produzidas em João Pessoa, na Paraíba, em uma fábrica com 400 m², que conta com 22 colaboradores na produção.
O plano da companhia é levar a fábrica para São Paulo, com um aporte inicial de R$ 1,2 milhão nesse novo projeto, em Barueri, região metropolitana de São Paulo, em um espaço de 1.200 metros quadrados.
Além disso, a marca pretende expandir o portfólio de negócios em 2022, lançando produtos nos mercados de leites veganos, chocolates veganos e snacks.
“Já estamos pensando em 2022 e acredito que será o momento de estabelecer nossa marca nos Estados Unidos. Tivemos a nossa primeira exportação, que superou as expectativas, sendo toda vendida em apenas 24 horas. Com isso, já temos mais encomendas para os EUA programadas para este ano. Em breve, a éNozes também poderá ser encontrada em Moçambique e vai chegar à Europa no início de 2022”, comemora Maurício Bezerra.
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