O programa OasisLab / Web Summit 2022 nasceu com a premissa de identificar megatendências de negócios e como elas se aplicam a diferentes segmentos. Mais do que levantar tecnologias inovadoras que podem ou não “vingar” no futuro, os curadores que foram à edição 2022 do Web Summit em Lisboa, incluindo a Consumidor Moderno, apresentam tendências identificadas no evento – o maior de tecnologia do mundo e discutem seu potencial transformador.
Guga Schifino, head da DX.Co mediou uma live que reuniões diversos curadores que apontaram seus principais take aways do que o presente e o futuro nos esperam a partir das experiências do Web Summit.
O CKO do Grupo Padrão, Jacques Meir, que viajou ao Web Summit nesta parceria com a Oasis Lab, levantou as cinco mega trends do evento, as tendências que tem amplo alcance e muita escala e vão se estabelecer continuamente até entre os próximos 10 e 15 anos.
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Vida digital
Se a vida digital é hoje um conceito inescapável, em que nos inserimos através de multitelas, são elas que vão nos levar à uma existência simultânea, ou híbrida, aponta Jacques Meir.
“Vamos ficar cercados de interfaces em que vamos transitar por ambientes digitais e físicos, exercendo uma vida fluida e muito conectiva, o que vai nos permitir estabelecer conexões diferenciadas”, Jacques Meir
A própria vivência no Web Summit teve muito desse trânsito, não só entre pavilhões e na interação com as pessoas, mas na forma dessas conexões.
O efeito colateral, para o CKO da Padrão, é que estaremos ainda neste momento muito atirados no mundo digital por imposição das big techs. “A tendência é que com a consolidação da Web3 e do metaverso possamos desafiar essas big techs em um ambiente em que haverá pequenas coalizações em que não precisemos nos submeter de forma tão contundente à essas plataformas. É possível que vejamos muitas unitechs, por causa da existência mais híbrida e da internet baseada em protocolos”, destaca Jacques Meir.
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Quem já começou esse movimento é a Geração Z. Eles são os donos da narrativa, e conseguem controlar muito melhor as formas de linguagem de mídias sociais, em um movimento que vai no sentido desse caminho de transformação.
A grande exaustão
A enorme pressão psicológica a que todos estamos submetidos devido a fatores em simultaneidade como pandemia, inflação, guerra, home office, recessão, tem acelerado a mudança de paradigmas que nasceu e cresceu junto com a Geração Z. Meir alerta que está é uma geração jovem, entre 18 e 25 anos, mas que está exausta. “É a que mais consome antidepressivos, porque precisa de ajuda química para lidar com como a vida se apresenta pra eles”.
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A presença da IA na nossa vida
Todos nós já terceirizamos pequenas decisões para a inteligência artificial. A playlist que toca no Spotify, os caminhos seguidos a partir da orientação de aplicativos de deslocamento são reflexos de como a IA pode otimizar e orientar nossas decisões, deixando mais tempo para buscar formas de compreender como podemos gerenciar nossa própria vida.
Um questionamento levantado no Web Summit e apontado por Jacques Meir é o limite dessa utilização para a autonomia das pessoas. “Será que haverá para afeto, alimentação, decisões mais íntimas?”, questiona, enquanto aposta no ‘eugoritmo’, uma evolução que seja reflexo das identidades pessoais e que procure retratá-las. “É uma das formas de sentir mais confortável em uma vida que cadavez se torna muito mais paradoxal”, defende.
Criptoverso
A fusão do metaverso com a aplicação da lógica de uso dos cripto ativos confronta o modelo de negócio contemporâneo e abre espaço para o surgimento de novos paradigmas de valor. A combinação no metaverso de uso de criptoativos para consumo digital vai mudar a forma de consumo e sua cadeia de valor, explica Schifino, head da DX.Co.
O lançamento da Open Metaverse Alliance (OMA3) durante o Web Summit mostra a evolução do setor: as principais empresas desenvolvedoras de plataformas imersivas, como Decentraland e The Sandbox, estão unidas na criação de protocolos de interoperabilidade. A tendência é que em breve se torne possível transitar avatares e ativos digitais entre plataformas.
O Metaverso é inclusivo, destaca Schifino. “Ele traz mobilidade de uma forma como nunca vimos, é sobre se mover, interagir, consumir em outra escala e em mais ambientes. Por exemplo, há 16 milhões de pessoas com problemas de mobilidade no Brasil, elas poderão sair da franja da sociedade e trabalhar sem que esta questão seja de alguma forma um impeditivo”, sugere.
A expectativa apresentada pelo Itaú movimentar US$ 13 trilhões até 2030. Para o head da DX.CO, “é algo absolutamente importante e devemos tirar o preconceito de que metaverso é apenas uma palavra. Ele vai acontecer”. O metacommerce tem muito mais potencial e funcionalidade que o e-commerce, é estar no lugar em que de marcar um x no menu. “Vamos continuar migrando pra soluções melhores e mais imersivas, e elas geram economia maior”.
Outra reação a isso é a mudança dos valores da empresa como conhecemos hoje, avalia Jacques Meir. “Ela será avaliada de uma maneira diferente nos ambientes digitais. No metaverso será pelo impacto social e pelo design inclusivo e bem-sucedido”, mais do que por produtos, avalia Jacques Meir.
“Tecnologias que eram só hype entraram no dia a dia, mudando o jeito como a gente se comporta”, reflete Thiago Pessoa de Mello, Chief Product Officer & Chief Marketing Officer da Linx | Stone Software.
Web3
A Web3 não é um upgrade da internet atual: é uma nova forma de pensar as conexões em rede, destaca o relatório do Oasis Lab. A internet como conhecemos hoje é controlada e gerida por grandes players, que ditam as regras – mesmo as tácitas – de consumo e informação. Já a Web3 se baseia em protocolos.
“Uma evolução da internet onde todos podemos executar coisas, não precisa mais de um cartório, o rumo à uma sociedade gerida mais por protocolos do que por empresas permite um ambiente descentralizado, tokenizado, em que há mais garantias e controle”, afirma Schifino.
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Sustentabilidade reinventada
É impossível falar de Web Summit, assim como é (ou deveria) ser impossível falar de negócios e sociedade sem discutir meio ambiente. Esse foi um dos aspectos mais debatidos no evento e impacta toda a lógica de negócios. Desde a reciclagem à economia circular, o movimento de busca pela sustentabilidade, com tecnologias e estratégias em função de reduzir a pegada de carbono e se comprometer com o futuro pautou várias trilhas do Web Summit.
Para Fabiana Estrela, diretora de Treinamento e Desenvolvimento Grupo Salus, “não adianta mais as pessoas cuidarem só delas mesmas, é preciso um planeta com qualidade para viver. É importante para desenvolvimento econômico que consumo seja sustentável como cerne dos negócios”.
Dentro dessa perspectiva há várias diferentes abordagens que são complementares. O grande objetivo do desenvolvimento de tecnologia é tornar a vida melhor, mas é preciso ter propósito alinhado com ESG. E entre elas foi debatido no Web Summit como as tecnologias podem contribuir para o monitoramento da pegada de carbono, a reciclagem, o fortalecimento da economia circular – item especialmente caro à Geração Z, que já representa mais de 2,6 bilhões de pessoas no mundo.
“A importância para Geração Z está na qualidade de vida, na construção de colaborações e engajamentos verdadeiros. A circularidade na moda é um exemplo disso, 70% das pessoas das novas gerações preferem produtos de segunda mão. Até 2030 mercado de segunda mão vai ultrapassar o fast fashion”, relata Estrela, apontando para uma das maiores tendências de sustentabilidade, que é movida por um desejo geracional.
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Propostas e ações levantadas no Web Summit
O conceito de sustentabilidade baseado na reciclagem não foi bem entendido ou praticado até agora, concorda Jacques Meir. “É difícil fazer as pessoas se engajarem quando elas não entendem pensamento de reciclagem, mas entendem conceito de reuso, mais fácil de ser entendido, replicado e ganhar escala”.
Tudo pode ser reusado, pode ser ressignificado, reparado
É uma mudança que Guga Schiafino define como a transformação no objetivo. “As pessoas compram o porquê você faz as coisas, percebemos dentro do Web Summit como a obsessão pelo propósito é o viés que determina o consumo no mundo, especialmente pelo domínio da Geração Z”.
As emissões de carbono vem sendo traduzidas de forma mais palpável. Pessoa de Mello ressaltou as tecnologias implementadas para reduzir as pegadas e citou o exemplo do painel de Brad Smith no Web Summit, sobre o lançamento da Planet de um satélite com uma câmera de monitoramento de CO2 em tempo real, o que ajuda a dar tangibilidade ao impacto das emissões e para traçar estratégias para combatê-las.
Essa importância de medir e checar impactos, faz referência no que Natalia Royo Sampaio, head de Inteligência de Mercado e do Consumidor na Galunion. “Vimos muito forte nas startups dentro do Web Summit a tendência automação em toda a cadeia de produção, começando pela agricultura em si para reduzir a pegada de carbono no ambiente, além de várias outras propostas de redução e até negativação de emissões, assim como os esforços para medir e checar impactos”, enumera.
Intensidade e transformação definem Web Summit 2022
O Web Summit 2022 foi a maior edição do evento até agora. Com sua estrutura propositalmente descentralizada e dispersa, ele é uma fonte de inspiração, inquietação e inovação.
Algumas das tendências apresentadas nesta matéria representam a visão do time de curadores da delegação OasisLab / Web Summit 2022 que você pode conferir completa neste relatório. Especialistas em diferentes segmentos do mercado, do varejo à alimentação, da tecnologia ao marketing e à saúde, acompanharam palestras, visitaram startups, conversaram com centenas de pessoas durante o evento e condensaram as diferentes visões, insights e ideias em pontos de destaque.
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