Web3 é um dos assuntos mais debatidos no Web Summit 2022. Ela poderá mudar bastante a forma de utilizarmos a rede, de forma ainda mais descentralizada, radicalmente direcionada para usuários por usuários. Em tese, com a aplicação de tecnologia blockchain, será possível navegar e viver experiências digitais sem censura e sem a predominância ou concentração de poder em uma só empresa ou instituição.
Tudo isso parece muito distante de nossos dias, ainda mais quando vemos autocracias controlando a internet e instituições procurando tutelar cidadãos sobre o que é ou não “informação confiável” na rede. De todo modo, a Web3 traz um elemento polêmico em sua base: funcionar como disrupção das redes sociais.
Não por acaso, o painel “Será que a Web3 vai ajudar abalar as redes sociais” foi bastante comentado. Ele trouxe Stani Kulechov, fundador e CEO da Aave, Sandeep Nailwal, co-fundador da Polygon e Anne Sanders, repórter senior especialista em criptoativos da Fortune. Stani criou a Aave para propor um protocolo que oferece instrumentos para um ecossistema de finanças equilibrado, P2P (peer 2 peer), enquanto Sandeep criou o protocolo baseado em blockchain, no App Polygon, uma plataforma escalável baseada no Ethereum.
As redes sociais estão entrando em declínio?
A característica de ser “social” está em mudança, na Web3, o social significa ser mais do que interativo, significa ser proprietário e atribuir valor ao conteúdo das pessoas, ao invés do valor ser atribuído às plataformas, eles serão compartilhados entre os usuários. Mas quais as diferenças de protocolo entre as redes sociais da Web2 e da Web3?
Basicamente a propriedade do conteúdo e das conexões, além da propriedade do seu perfil, explica Stani Kulechov, da Aave. Sandeep, por outro lado, sente que ainda há um caminho para ser seguido para que as pessoas compreendam as experiências e virtudes da Web3. Ele acredita que a adoção da Web3 será ligeiramente mais lenta do que podemos pensar sobre movimentos digitais.
A experiência nas redes sociais atualmente são bastante confortáveis para a maior parte dos usuários, que não compreendem muito bem como os algoritmos podem uniformizar e direcionam o conteúdo. A ideia da Web3 é oferecer aplicações que permitam ativar e pertencer a comunidades de fato, transparentes e nas quais todos os processos ficam registrados. Os protocolos descentralizados da Web3 representam um desafio cognitivo para os usuários, como já vimos na necessidade de tornar o blockchain acessível para a maior parte das pessoas.
“A Web3 foi criada para facilitar nossa vida digital e para permitir que mais pessoas
tenham um relacionamento saudável com a internet”
Nem Stani nem Sandeep arriscam um prazo para que as facilidades e benefícios da Web3 estejam ao alcance dos usuários. O que irá acontecer é que as pessoas vão começar a experimentar pequenas atividades na Web3, para ganhar confiança e então buscar novas atividades. Pense em como usuários poderão transferir recursos entre si por meio do metaverso e fazer vendas e transações em ambientes digitais, sem intermediação bancária tradicional.
“Mas essa descentralização implica em ausência falta de responsabilização?”, questiona Anne Sanders. Para Stani, a força da descentralização está no empoderamento das comunidades, que poderiam se moderar sem necessariamente pedir ajuda aos governos.
Ele acredita que a Web3 possa ser autorregulada, com moderadores extraídos da própria comunidade para assegurar liberdade e responsabilidade. Sempre é bom ressaltar que a Web3 depende essencialmente de um novo entendimento da mídia social, individual, onde cada pessoa domine e tenha controle e responsabilidade sobre o que publica, curte e compartilha.
“A Web3 foi criada para facilitar nossa vida digital e para permitir que mais pessoas tenham um relacionamento saudável com a internet”, finaliza Stani.
*A cobertura do Web Summit é uma parceria da Consumidor Moderno com Oásis Lab.
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