O Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) divulgou nesta quinta-feira (30) seu Índice antecedente de vendas (IAV), que apresenta projeções para o varejo nos próximos três meses. Base para a tomada de decisão de executivos no varejo, o índice apresentou recuo de 3,1% nas vendas de seus associados ? que esperavam corte de 7,2%. A expectativa deles agora é que a retração sobre o faturamento real continue em setembro (-1,43%), em outubro (-1,37%) e nos resultados em relação aos mesmos meses de 2014.
Divulgado sistematicamente um mês antes da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, o indicador reflete a expectativa das 57 varejistas associadas ao IDV. Em julho, a queda real (descontada a inflação) foi de 3,5% no varejo restrito em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada pelo IBGE. O resultado ficou 0,4 ponto abaixo da estimativa do IAV-IDV.
?A deterioração dos pilares macroeconômicos que direcionam o consumo tem influenciado diretamente para o baixo desempenho do varejo desde o 3º trimestre do ano passado, e com agravamento do cenário em 2015, o IAV-IDV já acumula no ano, até agosto, retração real de 2%?, afirma em nota Luiza Helena Trajano, presidente do IDV.
Bens não-duráveis
O segmento de bens não duráveis, que representa boa parte das vendas de super e hipermercados, foodservice e perfumaria, apresentou queda de 6% nas vendas realizadas em agosto. A previsão é que o segmento continue encolhendo nos próximos dois meses. Os associados estimam queda de 2,7% em setembro, 3,4% em outubro e 2,1% em novembro, na comparação anual.
Semiduráveis
Já o setor de semiduráveis, que inclui vestuário, calçados, livrarias e artigos esportivos, apresentou queda real ainda maior de 6,4% em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Por outro lado, a expectativa para este e os próximos dois meses é de crescimento de 2,3% em setembro, 2,8% em outubro e 1,3% em novembro.
Inflação
Levando em consideração os últimos 12 meses, o índice fechou agosto em 9,53%, acima dos 6,51% verificados em agosto de 2014. O resultado ainda ficou 3,03 pontos percentuais acima do limite do teto da meta de 6,50%, estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2015. No acumulado do ano até agosto, o índice subiu 7,06% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando o acumulado até maio apontou 4,02%. A inflação de agosto medida pelo IPCA indicou variação de 0,22% no mês, ficando 0,4 ponto percentual abaixo da taxa de 0,62% registrada em julho.
Confiança do consumidor
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou novo corte de agosto para setembro, chegando ao patamar de 76,3 pontos. Este é o pior resultado desde o inicio da medição do indicador, em setembro de 2005, sendo que as duas variáveis que compõem o índice apontam que o ISA (Índice da Situação Atual) caiu para 67,1 pontos e o IE (Índice de Expectativas) recuou para 81,1 pontos.
As projeções dos analistas, divulgadas pelo Boletim Focus em 18 de setembro, estimam um decrescimento de 2,7% para o PIB de 2015 e de 0,8% para 2016. Da mesma forma, do lado dos preços, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) tem as seguintes previsões: 9,34% em 2015 e 5,7% em 2016.
Desemprego
Em relação ao emprego, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE registrou taxa de desocupação, em agosto, de 7,6% para o conjunto das seis regiões metropolitanas, que representa leve aumento de 0,1 ponto percentual na comparação com julho de 2015 e de 2,6 pontos percentuais acima do índice de agosto de 2014.
Todas as seis regiões metropolitanas apresentaram aumento na taxa de desocupação na comparação anual, as mais relevantes foram Salvador, de 9,3% para 12,4%; São Paulo, de 5,1% para 8,1%; e Recife, de 7,1% para 9,8%. Na comparação com o mês imediatamente anterior, somente a região metropolitana do Rio Janeiro sofreu queda na taxa de desemprego, passando a taxa de desocupação de 5,7% para 5,1%.
Por fim, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que mede 3.500 municípios brasileiros, indicou taxa de desemprego de 8,1% no trimestre móvel de março a maio deste ano, índice 1,1 p.p. maior que o mesmo período do ano anterior (7,0%).
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