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Varejo, limitações do mercado e risco político

Varejo, limitações do mercado e risco político

Especialista do Centro de Inteligência Padrão analisa os resultados econômicos de junho, a conjuntura nacional e seus reflexos nas atividades varejistas

Em junho, alguns otimistas já alardeavam que havia luz no fim do túnel da crise econômica brasileira. Insuflados com o impeachment, agentes empolgados começaram a procurar sinais concretos de recuperação. No cenário nacional de hoje, de ontem e provavelmente de amanhã, é o equivalente a tentar segurar fumaça com as mãos. Julho definiu que o País está verdadeiramente à deriva.

O mercado vibra com a criação de expectativas quase irracionais, mas teme pelo quadro fiscal deteriorado. O IPO está cedendo lugar à OPA (Oferta Pública de Aquisição [de ações]), sinal da pouca atratividade da bolsa e da fragilidade financeira das empresas de capital aberto. O Banco Central não vê espaço para reduzir a taxa Selic. O governo segue reticente quanto à reforma da Previdência e foi derrotado na renegociação das dívidas com os Estados, não conseguindo desarmar, novamente, a bomba-relógio que são as contas públicas. Os bancos veem espaço para o aumento das taxas de juros médias até o final do ano. Por meio da “reprecificação” do crédito, a margem financeira dos bancos melhorará, mas dívidas encarecerão. Com o crédito mais caro, o consumo seguirá em baixa e, desta forma, a performance do varejo não melhorará.

A forte queda de 5,3% do volume de vendas em junho, apurada pelo IBGE, mostra que qualquer repique positivo mensal para o varejo não representa o ensaio de uma recuperação. Com o aumento de spreads bancários aventado pelos grandes bancos, segmentos intensivos em crédito como o de Móveis e Eletrodomésticos seguirão puxando o desempenho varejista para baixo. Ademais, há meses que nenhum segmento apresenta quaisquer taxas positivas.

O desempenho varejista depende diretamente do consumo, que responde ao nível de emprego. O mercado de trabalho segue deteriorando, com o desemprego atingindo 11,3% em junho, de acordo com o IBGE. Segundo o Ministério do Trabalho, só em junho foram fechadas mais de 90 mil vagas formais, quase 30 mil apenas no comércio. Em termos de poder de compra, a inflação segue pressionada por causa dos alimentos, atingindo quase 13% em julho e corroendo a renda real. Como poderá a autoridade monetária reduzir juros básicos se o poder de compra da moeda segue piorando? Sem espaço para cortar a taxa Selic, as taxas de juros bancárias seguirão elevadas.

A taxa de juros média no rotativo do cartão de crédito à pessoa física segue no patamar de 470% ao ano em junho. Esta métrica absurda aumentará ainda mais com qualquer elevação dos spreads bancários, podendo impactar diretamente a inadimplência. Em relação a julho do ano passado, a inadimplência aumentou, sobretudo entre as famílias de menor renda, conforme apurado pela FecomercioSP. Do mesmo modo que a elevação de taxas de juros afeta o consumidor, também piora situação das empresas.

O crédito rotativo à pessoa jurídica atingiu 347% ao ano em junho segundo o Banco Central, sua máxima histórica. Essa taxa ajuda a explicar o porquê de os pedidos de recuperação judicial terem aumentado 75% só neste ano: a saúde financeira das empresas segue cada vez mais comprometida, de acordo com números da Serasa Experian. Enquanto bancos recuperarão sua margem financeira, empresas e consumidores sentirão um arrocho de crédito ainda mais pesado, comprometendo qualquer recuperação mais sustentável da atividade econômica. O varejo apresenta particular sangria, visto que é prejudicado por todos os lados de sua cadeia de valor.

Com a votação final do impeachment prevista para o final de agosto, se consumado, o governo ora provisório terá mais espaço de manobra para negociar medidas impopulares que beneficiarão o quadro fiscal. Evidente que, com tantos políticos e empresários ariscos e sedentos pela delação premiada, o quadro político tem potencial para piorar e arrastar de vez a economia. É disso que dependerá o varejo?

Ao varejista, cabe olhar o futuro de forma estratégica, sem ater-se somente à crise. São tempos duros em que é essencial o olhar à frente e para dentro da empresa, contemplando os próximos cinco, dez anos para identificar erros e oportunidades de aprimoramento e crescimento. A saída e o início da trilha do sucesso sempre estarão no chão da loja.

*Eduardo Bueno é economista do Centro de Inteligência Padrão – CIP.

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