O reconhecimento facial é uma das novas tecnologias que vem ganhando espaço na sociedade. Embora seus usos ainda causem dúvida na maior parte das pessoas, principalmente por conta da exposição que acaba intensificada, a utilização cresceu durante a pandemia e mostrou pontos positivos. Um exemplo é a segurança trazida para transações.
Com a tecnologia cada vez mais presente no dia a dia e entrando nas pautas de inovação das empresas, é preciso entender o funcionamento e os pontos que merecem atenção.
Como funciona a tecnologia
Como o nome sugere, o reconhecimento facial utiliza análise de imagens para reconhecer o rosto das pessoas e utilizar esses dados para inúmeras funções.
Uma pesquisa feita pela Unico, empresa de inovação que oferece o serviço de reconhecimento facial, mostra que houve crescimento do uso da tecnologia durante a pandemia, principalmente para a segurança do consumidor. De acordo com os dados, o reconhecimento facial impediu mais de 370 mil fraudes em 2020, sendo que as operações suspeitas cresceram 276% nesse período.
Outra informação interessante é que a maior parte dessas tentativas de fraudes aconteceram em fintechs e varejo, mostrando o quanto o reconhecimento facial contribui para frear roubos e golpes, cada vez mais comuns e que causam preocupação.
Para conseguir essa proteção, o reconhecimento facial utiliza um banco de dados que cruza as informações para analisar se a imagem que está sendo verificada se encaixa com a armazenada nesse banco, considerando as características físicas da pessoa.
A partir disso, é feita a identificação da identidade do usuário. Além disso, com esse banco de imagens, é possível realizar a comparação entre as informações e criar novos dados. Quanto mais informações estiverem armazenadas, mais precisa será a tecnologia, que conseguirá diferenciar melhor formatos, tonalidades e características físicas.
Como o reconhecimento facial é utilizado
O reconhecimento facial é uma tecnologia muito utilizada atualmente para a segurança de transações, seja em fintechs, bancos ou no varejo. Entretanto, seu uso tem grande potencial para diversas áreas.
Quem diz isso é Diogo Cortiz, pesquisador da área de Tecnologias da Inteligência pela PUC-SP, que explica que há um potencial de uso, principalmente, para a área da saúde. “Além da autenticação para uso de celulares e de segurança, por exemplo, também pode ser utilizada na área médica, para ajudar na formulação do diagnóstico. Por exemplo, a tecnologia é capaz de analisar expressões de emoção, comparando as imagens existentes”, explica.
Outro uso que o especialista coloca como bastante comum é o de segurança pública. Este potencial, no entanto, gera diversas controvérsias sobre o uso ou não da tecnologia. Um exemplo para essa questão foi, durante a pandemia, países como China e Rússia terem utilizado da tecnologia para monitorar o uso de máscaras nas ruas da cidade, levando inclusive casos de multas e advertências quando alguém não estava utilizando a proteção.
Tudo isso feito, claro, de forma automatizada graças à inteligência artificial. Assim, desde a captura dos dados até a avaliação da ocorrência e o disparo das advertências, tudo é feito de forma rápida e computadorizada.
Apesar da segurança ser o principal potencial do reconhecimento facial, também é possível citar:
- games;
- realidade aumentada e virtual;
- liberação de entrada em ambientes físicos;
- monitoramento de trânsito;
- monitoramento em larga escala;
- acompanhamento de fluxo de pessoas;
- etc.
Uso de dados e a polêmica da tecnologia
Em 2020, a IBM, maior empresa de tecnologia do mundo e uma das desenvolvedoras mais importantes, decidiu encerrar sua área de pesquisa em reconhecimento facial e deixou claro, em carta destinada ao Congresso norte-americano, que não concorda com o uso da tecnologia para fins de vigilância em massa e perfil racial.
“É uma tecnologia bastante polêmica, que atinge discussões éticas e principalmente de privacidade e de segurança de dados. Por exemplo, poderia ser utilizada em lojas, para analisar comportamento, mas esbarra muito nessa questão. A tecnologia recebe bastante críticas exatamente por ser até mesmo invasiva”, explica Diogo Cortiz.
Segundo ele, o uso de dados é algo bastante discutido atualmente, principalmente para utilização em propaganda. Por exemplo, a forma como essas informações são conseguidas é uma discussão bastante ampla, considerando que a grande maioria das pessoas utiliza smartphones com câmeras, rastreamento e diversas informações salvas.
“Para que a tecnologia seja utilizada, é preciso treiná-la, a partir do abastecimento de dados. Minha pergunta é: qual a fonte dessas informações? De onde estão vindo esses dados que estão treinando essa tecnologia? Essa é uma questão bastante sensível e que é um desafio para o uso do reconhecimento facial”, afirma.
Reconhecimento facial: utilizar ou não?
De acordo com Diogo Cortiz, as discussões sobre o uso do reconhecimento facial têm diversos âmbitos éticos, mas a tecnologia em si, se bem utilizada pode trazer facilidades e benefícios.
“Acho que a discussão é bastante sensível nesse ponto. A tecnologia, em si, traz várias praticidades e facilidades para o dia a dia, como a segurança, mas é preciso entender de que maneira ela será utilizada”, explica.
Para o especialista, é preciso pensar no propósito daquele uso. “Na minha opinião, utilizar para realizar um diagnóstico médico é algo que tem muito mais bônus do que ônus. Mas, usar o reconhecimento facial para segurança pública acaba trazendo muito mais ônus do que bônus, por causa do controle. É algo muito relativo”, opina.
Cabe as empresas entenderem o potencial da tecnologia e se, de fato, ela pode ser integrada para gerar bônus.
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