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Troca de produtos e serviços entre pessoas sem envolver dinheiro é tendência

Troca de produtos e serviços entre pessoas sem envolver dinheiro é tendência

A negociação permite que as pessoas obtenham os produtos que desejam sem gastar dinheiro; sustentabilidade e economia circular ganham força nesse cenário

Quem diria que a pandemia iria estimular as pessoas a retomarem uma das atividades mais antigas da espécie humana: a troca de produtos? Antes da invenção do dinheiro, como explica o acadêmico israelense Yuval Noah Harari, em seu best-seller Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, os homens pré-históricos praticavam o escambo, a negociação pela troca.

Hoje a prática está relacionada com a economia circular e a sustentabilidade. Muita gente tem buscado trocar produtos como forma de conter gastos e também evitar o consumo excessivo de materiais.

De acordo com Luiz Gerber, CEO do aplicativo de trocas Flinpi, trocar produtos e serviços já é um hábito de muitas pessoas, principalmente no âmbito pessoal ou empresarial, mas tornou-se algo mais atrativo durante a pandemia.

O motivo para isso é econômico: com menos dinheiro, as pessoas buscaram outras formas de suprir suas necessidades e desejos. Por que não, então, pegar aquilo que está parado em casa e trocar por algo que precisa mais naquele momento? Luiz Gerber, junto com Marcelo Kume, CTO do Flinpi, notaram essa oportunidade surgindo e criaram, em meio à crise gerada pelo coronavírus, um aplicativo de troca de produtos e serviços.

“O que notamos foi que esse mercado de troca já existia, mas era muito limitado, não era tão simples encontrar o que se desejava, por exemplo. Vimos que a pandemia poderia impulsionar esse hábito – e foi o que aconteceu – principalmente para as pessoas que perderam renda e poder de compra. Focamos bastante nesse público”, afirma Luiz Gerber.

Segundo ele, as trocas de produtos e serviços são uma maneira de pessoas sem renda ou com menos poder de compra conseguirem movimentar itens que estão em casa e conseguir algo novo ou usado (mas em boa condição) com isso.

“Com as trocas, as pessoas podem conseguir aquele produto que querem, mas que não têm o valor naquele momento. Nosso serviço é voltado para itens de qualquer preço, pois vimos que os benefícios das trocas independem do valor em si, mas da utilidade do item para aquela pessoa”, explica.

Por que fazer uma troca?

Para os fundadores do Flinpi, o sistema de troca de produtos e serviços é algo que beneficia todos os envolvidos, já que ambos conseguem o que desejam naquele momento. Além disso, gera economia, movimentação de itens (importante para comércio, por exemplo), aumentam as possibilidades para aqueles com renda reduzida e ainda contribuem com o meio ambiente.

Assim, os benefícios podem ser variados, como comentam. “Existem diversos pontos positivos, sendo que o principal é a pessoa conseguir algo que deseja ou precisa sem precisar pagar por aquilo, apenas trocando por algo que não tem mais utilidade para ela.” Para eles, essa possibilidade é algo que chamará cada vez mais atenção das pessoas, e o mercado deve ser movimentado.

Além disso, os criados do Flinpi acreditam que ao criar um ecossistema de trocas, as pessoas passam também a considerar a comunidade em que está inserida. “Dependendo do valor do produto, é mais fácil e vantajoso observar quem está por perto, assim como comércios locais. Vemos trocas que acontecem no mesmo bairro e até mesmo no mesmo condomínio”, afirma Luiz Gerber.

Para eles, o aplicativo reúne em um só lugar o que as pessoas já faziam em outras plataformas também, que geralmente são voltadas às vendas. “Muitas pessoas já davam a possibilidade de troca em plataformas de venda, onde o público está buscando o formato de compra e venda mesmo. Nós reunimos em um lugar só as pessoas que desejam, de fato, trocar. Para isso, também contamos com sistema de notas e feedback, o que aumenta a confiança dos usuários”, explica.

A troca de produtos e a economia circular

A preocupação com a sustentabilidade ganha cada vez mais força entre os consumidores brasileiros. É o que diz o estudo da Nielsen, Green is the new Black, que mostra que a atenção com o planeta já é a terceira maior preocupação desse público na hora de consumir. Isso também reflete nos hábitos, o que torna o sistema de trocas uma boa opção para essas pessoas, já que incentiva a economia circular e um consumo mais consciente.

A economia circular, por exemplo, busca mudar a maneira de consumo, fazendo com que um mesmo produto ganhe valor por mais tempo no mercado. É o que acontece quando há a troca de produtos: um item que seria descartado, ganha um tempo de vida maior ao ser passado para outra pessoa.

Quando o assunto são itens mais caros, esse benefício torna-se ainda maior por conta do valor de compra. “Uma pessoa pode trocar um eletrodoméstico que precisa de manutenção com essa pessoa que fará o conserto. Assim, o produto volta a funcionar, ganha mais tempo de vida, e por um valor mais barato também, que seria o de manutenção, nesse exemplo”, explicam os fundadores do Flinpi.

Dessa maneira, o consumo consciente também acaba sendo incentivado, já que a pessoa passa a procurar, antes, pelo sistema de trocas em vez de realizar o descarte ou a compra de um item novo.

O poder das trocas para pequenas empresas

Segundo Luiz Gerber e Marcelo Kume, as permutas já eram algo comum entre empresas e vão continuar com força nos próximos anos, considerando também a troca entre serviços ou com produtos. Para eles, os benefícios das trocas de produtos são ótimos para pessoas físicas, mas também contribuem com empresas, principalmente pequenos negócios.

“Muitas vezes uma loja está com uma mercadoria parada no estoque, sem conseguir vender e, consequentemente, sem conseguir circular seu financeiro. Esse lojista pode oferecer esse produto em troca de algo que esteja precisando, seja uniformes, cadeiras novas para os funcionários ou mesmo um serviço específico. O produto que estava lá parado, fazendo com que ele perdesse dinheiro, torna-se um novo ativo”, explicam.

Considerando o momento da pandemia, a troca de produtos torna-se mais uma opção para movimentar produtos e serviços, beneficiando principalmente pequenas empresas. Além disso, a partir da permuta, é possível criar todo um ecossistema de trocas, mostrando oportunidades de negócios entre mercados.

Dessa forma, a troca de produtos desponta com diversas possibilidades de contribuir com o dia a dia das pessoas e das empresas, indo ao encontro de tendências que prometem mudar comportamentos e hábitos nos próximos anos.


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