O Brasil tem 1.062 km de linhas de metrôs e trens de passageiros, em 13 regiões metropolitanas que concentram mais de 20 milhões de habitantes. Para que a malha pudesse ser considerada adequada para a população a que atende, seriam necessários ao menos 860 km a mais de trilhos, ou quase o dobro da extensão atual. É o que avalia o estudo “Transporte e Desenvolvimento: Transporte Metroviário de Passageiros”, divulgado nesta segunfa-feira (12) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Além de pouco extensa, a malha existente está praticamente toda concentrada na Região Sudeste. A área metropolitana de São Paulo e Rio de Janeiro detêm mais de 60% do total do sistema de trilhos do país. Em número de passageiros, a região metropolitana de São Paulo tem 90%, o maior percentual. Já o Centro-Oeste registra 1,7%, o menor percentual.
O levantamento considerou as malhas de trens metropolitanos, como a CPTM em São Paulo (667 km), metrô (309,5 km) e VLT (85,7 km). As regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro concentram mais de 60% da extensão total, 334,9 km e 306,1 km, respectivamente.
Para se ter uma ideia, os 309,5 quilômetros de metrô que temos somados em todo o país são menos do que as cidades de Tóqui0 (310 km) ou Londres (402 km) têm sozinhas desse tipo de modal.
Investimentos em ritmo de carroça
Os dados da CNT mostram ainda que a curva de investimentos feitos em sistemas de transporte metroferroviário no país praticamente não cresceu, considerado o período de 2010 a 2015, enquanto a população nas grandes cidades aumentou 6,2% no mesmo intervalo. Em cinco anos, a expansão do sistema metroferroviário brasileiro foi de 6,7%, enquanto que a frota de transporte individual cresceu 24,5%.
Este resultado vai na contramão da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12587/2012), que tem entre suas diretrizes a priorização do transporte coletivo em relação ao transporte individual motorizado e a integração dos sistemas de acordo com a expansão da população e do território.
“O Brasil precisa entender que não há solução de mobilidade para os grandes centros que não passe por um transporte estruturador, que é o transporte sobre trilhos. É fundamental que se pense o transporte como uma integração de todos os seus modos. O transporte sobre trilhos tem essa alta capacidade e precisa ser alimentado por sistemas menores que tragam essa capilaridade para as grandes cidades”, disse a superintendente da ANPTrilhos, Roberta Marchesi.
Ganho ambiental
A CNT alerta ainda que o investimento no transporte metroferroviário, além de contribuir para a redução dos congestionamentos de trânsito e do tempo de deslocamento, ainda teria menor impacto ambiental. De acordo com o documento, o metrô apresenta níveis de emissões de dióxido de carbono (CO2) 36 vezes menores que os emitidos por um automóvel, consideradas as emissões por passageiro transportado.
O estudo foi feito nas regiões metropolitanas de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Distrito Federal e entorno (DF/ GO/ MG), Fortaleza, Sobral e Cariri (CE), Salvador (BA), Recife (PE), Natal (RN), Maceió (AL), João Pessoa (Pb), Teresina (PI).