Quem não é visto não é lembrado: durante a pandemia, esse ditado foi transposto para o ambiente digital. Com muita gente saindo de casa apenas quando necessário, o negócio físico que ainda não estava presente na internet acabou sendo ainda mais impactado do que aquele que, mesmo sem um e-commerce, conseguia se comunicar com seus clientes de portas fechadas.
Enquanto isso, as lojas online continuam crescendo e hoje totalizam quase 1,59 milhão no Brasil, 22,05% a mais do que em 2020, quando o comércio digital saltou 40%, segundo a 7ª edição da pesquisa Perfil do E-commerce Brasileiro, realizada pelo PayPal Brasil em parceria com a BigDataCorp. Mesmo com essa expansão, somente 6,19% do varejo brasileiro faz vendas online, ou seja: ainda tem bastante espaço para o varejo físico que não marcou presença no ambiente virtual.
Em vez de migrar, a ideia é combinar, uma vez que as lojas físicas têm suas vantagens. “Com uma estratégia bem articulada, a loja física tem mais capacidade de transmitir autenticidade ao consumidor. A experiência presencial permite um contato mais vívido com o DNA da marca e, muitas vezes, transmite a ideia de exclusividade e aproximação”, afirma o especialista em marketing e cultura de consumo, Gabriel Rossi, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). No entanto, adaptar-se à digitalização, acelerada especialmente nos últimos dois anos, tornou-se obrigatório para divulgar a marca e lucrar mais ou, ao menos, continuar sobrevivendo no mercado.
Marcando presença: o começo do negócio físico no digital
Quem tem uma loja física e sequer possui uma conta no Instagram não precisa se desesperar. O ideal é começar com planejamento e ir explorando aos poucos as ferramentas que se encaixam com cada tipo de varejo. “Antes de qualquer coisa, é fundamental estudar o comportamento do seu consumidor. Em quais contextos ele compra da sua loja? Como a pandemia mudou seus hábitos e crenças? Minha dica é a seguinte: traga um tom emocional na sua narrativa, tenha um diferencial de fácil entendimento, um autêntico compromisso social, torne a compra online algo simples e fácil, aposte em testemunhos e relatos de outros consumidores, pois a comunicação boca a boca é o Santo Graal do varejo”, recomenda Gabriel Rossi.
Estar nas redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok, é um grande passo para conhecer o comportamento do público no ambiente digital e divulgar produtos. É possível unir as redes sociais ao varejo físico, lançando promoções online para que o consumidor busque o produto na loja, por exemplo, ou dando a opção de entrega em domicílio. Dar a possibilidade de o cliente realizar a compra sem precisar se deslocar já é iniciar no ambiente digital.
“Com exceção de casos bastante específicos, estar presente no digital é um aspecto central para a perenidade de qualquer iniciativa. Fundamentalmente pela questão da conveniência: em nossas pesquisas é muito comum o consumidor afirmar que as marcas precisam estar disponíveis e acessíveis em qualquer contexto. Boa parte desse comportamento advém da internet móvel – a população brasileira agora acessa a rede, o mundo digital e offline estão permeados e a internet virou um portal para todos os lugares”, acrescenta o professor da ESPM.
6 dicas para impulsionar as vendas online do negócio físico
Segundo o CEO da Universidade Marketplaces e consultor oficial do Mercado Livre, Alexandre Nogueira, para que o comerciante se destaque num novo cenário, deve entender as opções que tem para impulsionar o seu negócio físico e começar a migração para o digital. Para se tornar um grande e-commerce é preciso investimento e nem todo mundo está disposto a encarar esse desafio logo no início. Por isso, o especialista trouxe algumas dicas:
1. Comece pelos marketplaces
Mais fácil e prático do que construir um e-commerce do zero, os marketplaces são ótimas opções para quem tem um negócio físico e quer fazer vendas online. “Uma dica é começar pelos três maiores, que são B2W, Magalu e Mercado Livre, pois os produtos que você prepara para esses canais você consegue levar para outros”, destaca Alexandre Nogueira.
2. Estude sobre as vendas online
O universo online é muito diferente do comércio de balcão e, por isso, é indispensável que o vendedor busque aprendizado e profissionalização – isso deve fazer parte do planejamento para migrar para o digital. Já existem diferentes cursos gratuitos e pagos para quem quer iniciar no e-commerce. A Universidade Marketplaces, por exemplo, é uma plataforma que oferece capacitação para as pessoas aprenderem a desenvolver estratégias que auxiliem nos melhores resultados nas vendas online.
3. Organize suas vendas
Respeite tanto as vendas do físico como as do online, sem nunca se esquecer de dar baixa no sistema. Cheque sempre os pedidos online e se há produtos disponíveis no estoque para manter uma boa reputação da loja e não prejudicar a evolução do negócio. Uma dica é usar os mesmos códigos do físico para o online.
4. Adote ferramentas digitais
Mesmo sem possuir um e-commerce, é possível realizar vendas online de uma maneira mais simples. “Diversas empresas do varejo efetuam vendas pelo aplicativo WhatsApp e utilizam o Facebook Pay. Nesse contexto, é muito importante que o empreendimento reforce sua credibilidade e integridade: o brasileiro tende a não confiar nesse serviço, inclusive porque o número de crimes cometidos no aplicativo tem crescido bastante”, destaca Gabriel Rossi. Manter um bom atendimento no digital (incluindo no pós-venda) e destacar sempre os canais oficiais da loja ajudam a trabalhar a credibilidade.
5. Peça ajuda para quem sabe
Estudando e se atualizando, o próprio empreendedor pode administrar a loja no marketplace e as redes sociais, mas também pode contratar pessoas com experiência no ramo para melhorar a presença no ambiente digital. “Um profissional para gerir dados, criar conteúdo relevante nas redes sociais e desenvolver ações inteligentes nos sites de busca”, exemplifica o especialista em marketing e cultura de consumo.
6. Ofereça experiências diferentes na loja física
Ao mesmo tempo que a presença no digital aumenta os lucros pelas vendas online, também contribui com a divulgação do negócio físico. Assim, para atrair mais consumidores até a loja, Gabriel Rossi recomenda pensar em atrativos no local. “Como efeito colateral da pandemia, as pessoas começam a buscar experiências diferenciadas. O varejo físico pode, por exemplo, adotar espaços criativos para que as pessoas tirem fotos e produzam vídeos. Ou então, seguindo os passos de um empreendimento em Dubai, oferecer cabines temáticas com atrações artísticas transmitidas via TikTok. O importante é criar experiências verdadeiramente únicas e que sejam ‘instagramáveis’”, ensina.
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