Tendências de tecnologia estratégicas moldam o futuro ao liderar a inovação. Por isso, é tão importante que CEOs e líderes tenham a habilidade de antecipar o que está por vir e, mais que isso, se preparar para as mudanças disruptivas no mundo dos negócios e na sociedade em geral.
Pensando em quem deseja estar esse passo à frente, a empresa de consultoria americana Gartner preparou o relatório The 2025 Gartner Top Strategic Technology Trends, que mapeia as principais tendências tech que apontam no horizonte imediato e além.
Foram selecionadas 10 fortes ondas a se atentar, baseadas tanto em seus potenciais transformadores quanto em suas capacidades de criar inovação e responder aos desafios mais urgentes que as companhias enfrentam hoje.
Segundo a consultoria, elas representam imperativos que exigem consideração atenta e ações decisivas, cabendo aos líderes analisar como se alinham às ambições digitais de seus negócios e como podem ser integradas no planejamento estratégico para levar ao sucesso de longo prazo.
Imperativos e riscos da IA
As 10 tendências de tecnologia para 2025 foram divididas em três pilares centrais. O primeiro deles coloca a IA no centro, uma vez que se atenta para a ascensão de Agentic AI e suas consequências no desenvolvimento de novas soluções de segurança e combate à desinformação. Neste pilar, três tendências são apontadas:
Agentic AI
O assunto do momento, Agentic AI (ou IA Agentes) são programas que tomam decisões e ações autônomas para realizar tarefas e atingir objetivos específicos. Para isso, combinam várias técnicas de IA como capacidade de memória, planejamento e percepção do ambiente, utilizando ferramentas diversas e seguindo diretrizes previamente programadas.
Essa habilidade estratégica tem o potencial de ajudar líderes a concretizar suas visões sobre o uso da IA generativa no aumento da produtividade, por exemplo. A Gartner prevê que, até 2028, pelo menos 15% das decisões de rotina das organizações serão feitas autonomamente por Agentic AI.
Plataformas de governança IA
Com o aumento das ferramentas de IA, plataformas de governança serão essenciais para gerenciar e controlar esses sistemas baseados em Inteligência Artificial, garantindo um uso responsável, ético, transparente e confiável.
Por meio deles, líderes dos setores de TI não só mitigam potenciais riscos (como privacidade, regulatórios e danos a grupos específicos de pessoas), como também se asseguram que a tecnologia adotada está alinhada aos valores da organização e com as expectativas da sociedade.
Segurança contra a desinformação
Tendência de tecnologia cada vez mais necessária, sistemas de segurança contra desinformação são desenhados para identificar o que, afinal, é confiável nesse mar de conteúdo virtual. O objetivo é assegurar que as informações obtidas por empresas e usuários são acuradas, verificar sua autenticidade, prevenir fraudes e monitorar a viralização de conteúdo danoso ou fake.
Novas fronteiras da computação
Quatro tendências se encaixam no pilar que trata de computação quântica e suas exigências tecnológicas:
Criptografia pós-quântica
O relatório da Gartner traz a previsão que, até 2029, avanços na computação quântica irão tornar a criptografia assimétrica convencional obsoleta, o que representa um risco para a segurança de dados.
Para estar à frente desta tendência, líderes de negócios devem se preparar desde já. As recomendações são manter dados financeiros sensíveis seguros pensando no futuro mundo de computação quântica; antecipar ataques quânticos salvaguardando propriedade intelectual valiosa; e garantir que competidores ou hackers neste novo cenário não possam decodificar informações confidenciais.
Inteligência ambiental invisível
Esta tecnologia se refere ao uso difundido de sensores ou tags, pequenos e cada vez mais economicamente acessíveis, capazes de rastrear a localização e o status de vários tipos de objetos e ambientes.
A informação coletada por essas ferramentas é enviada à nuvem para análise e registro, com o objetivo final de resolver problemas, por exemplo, ajustar recomendação de produtos baseado no comportamento do consumidor, ajustar espaços de trabalho de acordo com o real uso deles pelos colaboradores ou até, na área da saúde, monitorar pacientes sem exigir wearables.
A tendência é que essa inteligência ambiental vá se integrando aos itens utilizados no dia a dia das pessoas sem que elas percebam sua presença – daí vem o adjetivo “invisível”.
Suficiência energética
Desenvolver e operar computadores, data centers, servidores e outros sistemas digitais com foco em minimizar o consumo energético e a pegada de carbono é uma pauta urgente para 2025
Nos próximos 10 anos, segundo o relatório da Gartner, isso estará mais próximo da realidade por meio de inovações como a computação quântica e a neuromórfica (sistemas computacionais inspirados no cérebro humano).
Computação híbrida
Combinando diversas tecnologias, tais como CPUs, GPUs, edge devices, ACIS e sistemas neuromórficos, quânticos e fotônicos, a computação híbrida pode passar a resolver problemas complexos da área, ao recorrer aos pontos fortes de cada um dos recursos envolvidos no processo. O impacto deve ser disruptivo.
Sinergia ser humano-máquina
Devemos estar preparados para interações cada vez mais aprimoradas entre experiências físicas e virtuais. Não só isso: robôs devem se integrar na vida diária e tecnologias irão influenciar diretamente capacidades cognitivas e performance. Três tendências giram em torno do pilar que traz essa verdadeira sinergia humano-máquina:
Computação espacial
Muito provavelmente, o mundo physical irá ganhar novos contornos à medida que o conteúdo digital vai se ancorando cada vez mais nos ambientes reais. Por meio da computação espacial, os usuários poderão interagir de maneira mais efetiva e ter experiências mais imersivas, realistas e intuitivas.
IA e tecnologias de realidade aumentada estão no centro dessa tendência, que pode gerar grande demanda dos consumidores e novas oportunidades de negócio. Segundo a Gartner, esse mercado tem expectativa de crescer dos US$ 110 bilhões em 2023 para US$ 1,7 trilhões em 2033.
Robôs multifuncionais
Enquanto hoje menos de 10% das pessoas “convivem” com robôs inteligentes, em 2030 a expectativa é que esse número aumente para 80%. Os tipos multifuncionais, que podem executar diversos tipos de tarefas seguindo instruções ou exemplos humanos, tendem a dominar o cenário por sua flexibilidade tanto em design quanto operacional.
A adoção deve ser ampla, desde para ações no âmbito doméstico até a área de saúde, industrial e agrícola. Além disso, os preços irão se tornar mais competitivos, o que faz o item ser acessível a um número maior de consumidores.
Aprimoramento neurológico
A última tendência de tecnologia apontada no relatório da Gartner diz respeito ao aprimoramento neurológico, ou seja, o processo de melhorar as habilidades cognitivas humanas através de ferramentas que leem, decodificam e, ocasionalmente, até escrevem ao cérebro.
A atenção ao tema se justifica devido ao seu potencial em descobrir os “segredos da mente humana”, o que pode revolucionar o setor médico, educacional e profissional. Para além das áreas, a tecnologia também tem utilidade para criar experiências mais profundas e personalizadas aos consumidores, caminhando para a próxima geração de táticas de marketing.
*Foto de ThisisEngineering na Unsplash.