A decisão do Google de encerrar as atividades do orkut.com, em 2011, criou uma daquelas deliciosas ironias do destino. Milhões de saudosos fãs da rede social colocaram a boca no trombone no mundo virtual; no entanto, a maioria dos comentários não foi publicada no Orkut, e, sim, no Facebook, justamente a rede que arrebanhou os ex-orkuteiros. Fato é que o Google percebeu que era hora de virar a página. Orkut Büyükkökten, o engenheiro turco que criou o site ainda nos tempos de estudante da Universidade de Stanford, concorda. Mas, segundo ele, a essência de sua antiga rede social — que reunia os usuários em comunidades — continua viva em sua mais recente empreitada: a Hello. A seguir, confira trechos da entrevista concedida a Consumidor Moderno.
Consumidor Moderno – Qual é a proposta da Hello?
Orkut – Hello é uma evolução do Orkut, desenhada para o mobile, que manteve o conceito de reunir pessoas com interesses comuns em comunidades. Isso é muito diferente de outras redes sociais que não representam aquilo que as pessoas realmente querem e exibem apenas bons momentos, sem se conectar com o mundo real. Não à toa, a nova geração é extremamente insegura tanto na esfera on-line quanto off-line. Acredito que alguns tipos de engajamento não são saudáveis e criam isolamento social e depressão.
CM – Quais outros projetos estão em andamento?
Passei os últimos anos tentando entender como os mundos on-line e off-line poderiam se misturar e agora estou empenhado em ajudar as pessoas altamente conectadas a terem relacionamentos românticos.
CM – Ironicamente, o presidente da Turquia proibiu a Uber e o Booking.com. Como o senhor vê essas medidas do seu país?
Penso que é errado, pois estamos diante de um movimento que não vai cessar. Se impedir uma tecnologia, virá outra. A tecnologia se tornou uma causa.
CM – Recentemente, estourou o escândalo do vazamento de dados de usuários do Facebook. Qual é a sua opinião sobre a influência das redes sociais?
As companhias compartilham dados públicos dos usuários em benefício próprio, visando objetivo financeiro. Gasta-se muito dinheiro com publicidade e promoção de conteúdo e, ao mesmo tempo, não há uma preocupação com a reputação. Infelizmente, isso tem facilitado a propagação de fake News. Por isso, defendo o prestígio em prol da boa reputação, algo que você conquista e não compra. Assim, se você é um contumaz propagador de fake news, poderá ser notado por um tempo, mas logo a sua reputação vai desaparecer.