Eduardo Derrico não imaginou que estava começando uma empresa de 1 milhão de reais quando fez uma camiseta personalizada com referência à sua cantora preferida. Naquele momento ele estava apenas resolvendo um problema. Ele procurara uma estampa capaz de demonstrar sua admiração pela cantora pop Beyoncé, mas não encontrou nada que representasse sua admiração pela artista.
Quando começou a estampar as próprias camisetas, Derrico ganhou o incentivo de seus amigos do curso de administração que gostaram da ideia. Mas para dar início a um negócio e atender às demandas, o empreendedor precisou transformar a sua casa em um ateliê. A partir de então, Eduardo começou a estampar frases de sucesso na internet nas camisetas, nas opções branca ou preta. O modelo deu certo, e até hoje os produtos seguem esse padrão, branco ou preto. Mais tarde, moletons, copos, doleiras e capinhas de celular foram adicionados ao portfólio.
A T-Shirt Factory, mais conhecida pela abreviação TSF, nasceu no final de 2014. No ano seguinte, com o aumento da demanda, seu ateliê teve que migrar para um espaço maior, e mudou para uma galeria na Vila Mariana, em São Paulo. E as camisetas, até então vendidas pelo Instagram, ganharam um novo canal de vendas – uma loja virtual, que deu ajudou a profissionalizar a marca.
Ajuda no físico e digital
No ano de lançamento da loja virtual, a T-Shirt Factory ganhou uma divulgação de peso. Uma única postagem no Instagram de Bruno Rocha, jornalista mais conhecido como Hugo Gloss, turbinou exponencialmente o recém-lançado e-commerce. O perfil de Hugo Gloss na rede social tem mais de 12 milhões de seguidores. Bastou o jornalista publicar uma foto sua usando uma das camisetas da TSF, para milhões de usuários da rede social conheceram o trabalho de Derrico e “fazerem fila” de pedidos.
Além de Hugo Gloss, outra parceria fez a diferença na história da TSF. No ano passado, a marca inaugurou sua loja física, um espaço instagramável e que traduz o estilo básico e descontraído das camisetas. A loja foi projetada pelo arquiteto Mauricio Arruda, em uma ação do programa Decora, exibido pelo canal GNT.
A ideia da marca é oferecer a mesma comunicação para os clientes virtuais e os que visitam a loja física. Apesar de vender camisetas básicas, os clientes têm uma experiência premium. “Tem uma grande diferença entre algo simples e básico. As pessoas se encantam com a experiência”, diz Eduardo.
Na loja, tudo foi pensado para que o cliente sinta que está visitando um amigo. Ele pode colocar a música que preferir, provar as camisetas, moletons ou maiôs em uma cabine instagramável e realizar o checkout de onde quiser.
Muito além do produto
Camisetas com frases não são uma novidade, principalmente na internet. Por isso a experiência em que Derrico aposta é tão importante. A empresa adota uma comunicação leve e descontraída para conversar com o público jovem nas redes sociais.
Para a TSF, a construção da experiência do cliente está em uma resposta usando um meme, na troca de uma camiseta mesmo após o prazo ou quando o produto está cheio de pelos de gato e sem a etiqueta. “Essa experiência você não faz apenas dizendo que as camisetas têm cheirinho, é algo muito maior que isso. Você vai montando, peça por peça, e não consegue fazer isso ser de verdade se não for autêntico”, defende Derrico.
Autenticidade é a palavra-chave. O clichê ajudou a conquistar clientes que Derrico chama de amigos. São pessoas que compram da TSF não só pelo produto, mas também por acreditarem que a empresa e quem está por trás dela representam algo maior.
Relação ativismo x lucro
Para construir esse relacionamento com os consumidores, o ativismo foi essencial. Desde que nasceu, a loja defende a causa LGBT. O CEO da marca diz que não tem medo de perder vendas por causa de seu posicionamento. “Tem muita marca que escolher ficar neutra para não se comprometer. Mas eu, enquanto ser humano, acho que a gente está num momento em que não se posicionar já é um posicionamento”.
Os números da TSF reforçam o comportamento da marca. Se a decisão pelo posicionamento passa pelo receio da perda de vendas, a T-Shirt Factory mostra que é possível crescer levantando uma bandeira.
Em 2018, a loja faturou R$ 1 milhão, o dobro da receita do ano anterior. Para 2019, a expectativa é, mais uma vez, dobrar. A principal data para a varejista é a Black Friday. Em 2017, os descontos renderam 450 pedidos. Já no ano seguinte, foram 937 vendas. “Aumentamos a capacidade de produção em seis vezes, contratamos pessoas e mesmo assim não conseguimos dar conta dos pedidos. Foi o equivalente a dois meses de vendas em 24 horas”, conta Derrico.
Agora, o objetivo é aumentar a quantidade de lojas físicas. A TSF quer dar um salto, e para isso procura investidores. Segundo Derrico, a meta é inaugurar mais uma loja ainda em 2019, sendo o plano um espaço na democrática rua Augusta, em São Paulo. Abrir franquias também está no radar da TSF. Derrico já foi procurado por potenciais franqueados, mas conta que precisa de tempo para estruturar a ideia.