Há dez anos, a sustentabilidade também passou a fazer parte dos valores corporativos da Lojas Renner S.A. Inspirada no exemplo de iniciativas anteriores, a marca decidiu consolidar a área, marco fundamental em sua estratégia de atuar como agente de transformação do setor a partir da geração de impactos cada vez mais positivos na sociedade e em todo o seu ecossistema de negócios.
“Sempre procuramos olhar no longo prazo e colocar desafios anuais e por ciclos para ter bastante certeza que a jornada seria sólida e consistente. Na parte ambiental, nossa fortaleza é combater as mudanças climáticas. O primeiro inventário de emissões foi realizado em 2022, e a Renner começou a trabalhar com compensação de carbono para culminar hoje em ser uma das poucas do varejo de moda que assumiu os compromissos da ONU, que inclui o não aumento da temperatura global em 1,5°”, explica Eduardo Ferlauto, gerente-geral de Sustentabilidade.
Desde então, a estrutura foi responsável pela implantação de projetos e processos inovadores alinhados às melhores práticas ESG, que levaram ao estabelecimento de dois ciclos de compromissos públicos de sustentabilidade – o primeiro, de 2018 a 2021, e o segundo, de 2022 a 2030.
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Controle de emissões em toda a cadeia
A cadeia de valor precisa buscar o que é relevante no sentido de geração de emissões. Por isso os ciclos da Renner são encadeados. Na etapa anterior, explica Ferlauto, o objetivo era ter 100% da cadeia nacional, que responde por 70% do fornecimento, e internacional com certificação socioambiental.
“Nosso desafio foi conhecer toda a cadeia, auditá-la, ter relacionamento, conhecer as práticas e impor uma agenda de gestão de performance socioambiental, porque assumir um compromisso tão desafiador como o de combater as mudanças climáticas precisa de base, e a base é a gestão.”
Entre os resultados alcançados até agora está a compensação, desde 2016, de 100% dos gases de efeito estufa (GEE) emitidos pelas operações da companhia, por meio do investimento na restauração de 186 mil de hectares de florestas.
“A certificação socioambiental, tem uma importância muito grande do ponto de vista de requisito de conformidade. É fundamental na jornada, mas o mercado como um todo não é básico. Tem a regulamentação trabalhista, que não haja violações de direitos humanos. Estamos trabalhando há muitos anos para conseguir alcançar isso”, destaca o gerente-geral de Sustentabilidade da Lojas Renner.
Em relação à conexão com a rede de parceiros, a Lojas Renner S.A. pretende que os fornecedores de todas as suas marcas contem com certificação socioambiental e prevê a implantação de sistemas de rastreabilidade em 100% dos produtos de algodão. Alinhadas a esta meta, em 2022 e 2023 já foram lançadas as primeiras coleções de jeans femininos rastreados com tecnologia blockchain, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
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Sustentabilidade na Renner também é economia circular
Em 2018, a Renner lançou o selo Re – Moda Responsável, que identifica para os clientes os produtos feitos com atributos de sustentabilidade, como o uso de matérias-primas menos impactantes (a exemplo do fio reciclado) e a adoção de processos como o menor consumo de água. Além disto, com o programa de logística reversa EcoEstilo, criado em 2011, a varejista coleta e dá destinação correta a mais de 50 toneladas de frascos de perfumaria e roupas em desuso por ano.
“Através da tag RE a gente se comunica com nossos clientes. A tag é um certificado, que explica o impacto ambiental daquela peça”. Um dos exemplos é o jeans, que tem medição do consumo de água para a produção. Além disso, a Renner estimula os próprios colaboradores a comunicarem as iniciativas ambientais como uma forma de aumentar a consciência em toda a jornada de experiência. “No dia a dia, a etiqueta pode passar desapercebida, estamos procurando trabalhar outros formatos, construindo mensagens para que a escolha seja mais consciente”.
Outra linha de ação é a Repassa, adquirida pela Renner em 2021. O brechó online vem de uma visão de aumentar o tempo de vida produto, explica o gerente. “ Olhando para o nosso negócio como um todo, ele nos ajuda a aumentar o ciclo de vida do produto”.
A sustentabilidade se tornou um ativo para a decisão de compra do consumidor na Renner. A marca tem um NPS de sustentabilidade e estabeleceu um recall de marca. “Hoje percebemos que mais de 40% dos nossos clientes entendem que sustentabilidade é fundamental. Há um papel importante na nossa mão, e não falo só da Renner, mas como segmento, de trazer mais instruções, mais letramento, para que os consumidores consigam entender o que é um produto que tem pegada ambiental positiva de um que não tem. Entre as nossas metas está se tornar referência em ESG na percepção do cliente”.
Inovação
Ainda em 2018 a Renner abriu a primeira chamada pública para startups em busca de soluções para estes pilares. Inicialmente a marca trabalhou com dados, na digitalização e inteligência artificial. Um dos destaques, aponta Furlauto, é um sistema agroflorestal de plantio de algodão.
“É um trabalho de incubação, mas já utilizamos entre 5 e 10 toneladas deste projeto. Não é do dia da noite que a gente consegue suprir demandas, mas trabalhamos para convergir essas inovações diretamente para dentro do negócio, entendemos que a longo prazo este é o caminho”. Outro exemplo é a parceria com uma empresa que utiliza o refugo de celulose do processo de produção do papel para desenvolver fibras têxteis. E a Renner está testando esse material para incorporar ao negócio.
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Mas essas medidas só foram possíveis com inovação. A Renner trabalhou primeiro trabalhou a redução dos resíduos na cadeia de fornecimento e depois, a partir disso começou a trabalhar com o conceito de cadeia reversa. “Fomos entendendo o que poderia ser feito com aquele resíduo, como transformá-lo em novos produtos. Hoje se tornou um processo. 50% dos nossos fornecedores estratégicos já dão um destino diferente e circular para o resíduo em vez de ir para aterros. Envolveu diversos atores e mexeu bastante com a economia do nosso setor”.
O S de ESG
O novo ciclo de compromissos prevê ainda o avanço dos indicadores internos de diversidade para garantir oportunidades de pleno desenvolvimento pessoal e profissional a todos os colaboradores. Para isto, foi estabelecido que até 2030 pelo menos 50% dos cargos de liderança deverão ser ocupados por pessoas negras, 18 pontos percentuais a mais do que a participação atual, e que no mínimo 55% da alta liderança deverá ser formada por mulheres, ou seis pontos percentuais a mais do que o cenário observado atualmente.
A Renner tem mais de 60% de mulheres em cargos de liderança. “Temos um potencial muito grande de explorar mais a inclusão, de aprimorar um mindset inclusivo. É nesta base que estamos avançando em outras temáticas. O que estamos priorizando dentre grupos minorizados é a questão racial e a LGBTQIA+. Temos na liderança 31% de pessoas pretas, e nossa meta é chegar a 50% em 2030, faz parte do nosso compromisso público”.
Estabelecida dentro do plano estratégico, a temática diversidade começou trabalhando sensibilização e letramento dentro da companhia. “Fazemos um trabalho específico em loja, com vivências, discutindo a abordagem de situações específicas, tanto nas linhas da temática de risco quando de inclusão. Nos filiamos ao IDBR, que periodicamente faz rodadas com todos os clusters, e na temática LGBTQIA+ nos filiamos ao Fórum, e assumimos aos 10 compromissos do Fórum”.
Essa governança foi revisada no final do ano passado, após trabalhar três anos com sensibilização e letramento, em busca de atingir objetivos mais pragmáticos. “Agora está na hora de trabalhar os programas, inclusive com a alta liderança. Não lançamos nenhum programa afirmativo, mas dentro do programa Mover estamos organizando um buffer de talentos negros para que consigamos ter 10 mil talentos negros disponíveis para as empresas”.
Enquanto isso, a Renner se planeja para lançar um programa interno de aceleração de talentos negros. “Estamos terminando um censo mais detalhado de diversidade, para poder entender a partir disso, quais são os talentos que já temos e quais potenciais que podemos investir no desenvolvimento. E assim como para pessoas pretas, queremos fazer o mesmo com outros grupos minorizados”.
“O número é importante, mas a diversidade é nosso pilar, porque os colaboradores só vão atingir seu máximo potencial em um ambiente diverso”, afirma Eduardo. E com isso, o negócio cresce junto.
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