Sustentabilidade traz, de fato, benefícios econômicos para as empresas? Uma pesquisa recente da Deloitte, Climate Check 2022, afirma que sim.
Segundo o estudo, oito em cada dez executivos brasileiros acreditam que investir em práticas ambientalmente sustentáveis traz benefícios econômicos de longo prazo.
Para 74% dos entrevistados, suas organizações podem continuar a crescer à medida que reduzem as emissões de carbono em suas operações. O estudo foi realizado entre agosto e setembro do ano passado, antes da COP 27, conferência da ONU para as mudanças climáticas que ocorreu no Egito.
Acreditar em sustentabilidade é uma coisa, investir nela é outra
Um dado interessante do estudo aponta que, embora compreendam a importância das práticas sustentáveis, uma parcela expressiva dos executivos (48%) afirma que as empresas em que atuam investiram nas tecnologias necessárias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, por exemplo.
Apesar disso, o levantamento informa que 37% das organizações “pretendem acelerar os esforços de sustentabilidade este ano no país”. No entanto, fatores internos e externos, como inflação e questões geopolíticas preocupam as lideranças empresariais, e já estão afetando algumas estratégias corporativas para o clima e a sustentabilidade (36%).
Governo e o efeito greenwashing
O estudo mostra ainda que para os executivos brasileiros, os governos precisam implementar medidas para reprimir o greenwashing (62%) e minimizar os riscos de investimentos em tecnologias limpas, com garantias e subsídios (58%).
Vale lembrar que o termo greenwashing se refere a prática usada por organizações para mascarar os impactos ambientais de suas atividades. Para os entrevistados, os governos deveriam impor padrões de relatórios para controle efetivo desses impactos, em vez de apenas incentivar a produção de relatórios sem critérios pré-estabelecidos.
Transição energética justa é prioridade
Destaca-se ainda que enquanto 44% dos executivos no país apoiam novas regulamentações e políticas governamentais, 12% querem que os governos priorizem a aplicação das regulamentações e políticas existentes.
Interessante também é notar que metade dos executivos afirmam que “garantir uma transição energética justa” é prioridade nas suas organizações. De acordo com os entrevistados, 84% das empresas já estão executando estratégias de mitigação e 50% ações de adaptação, mas alguns setores ainda estão atrasados.
As estratégias de mitigação, por exemplo, têm a função de combater as causas e minimizar os possíveis impactos das mudanças climáticas. Já as estratégias de adaptação consistem em buscar forma de reduzir as consequências negativas das mudanças climáticas e aproveitar as oportunidades que podem originar.
Soluções baseadas na natureza, clima extremo e greenwashing devem estar no topo das atenções globais
Mudanças climáticas disparam alerta
O estudo também traz informações acerca das mudanças climáticas como ponto sensível deste cenário. No Brasil, soluções baseadas na natureza (48%), como, por exemplo, a proteção e restauração de recifes de corais e florestas de mangue, preservação de pastagens, gestão sustentável de florestas foram apontadas como o principal tópico sobre mudanças climáticas que devem receber mais atenção globalmente.
Instituições acadêmicas e parceiras
Outro ponto de destaque do estudo, trouxe o papel acadêmico nesse jogo. Os líderes empresariais brasileiros também responderam como suas organizações estão colaborando com terceiros em iniciativas para enfrentamento às mudanças climáticas.
As parcerias ocorrem, principalmente, com instituições acadêmicas (58%), grupos ativistas (56%), ONGs (44%) e governos locais (42%). Isso vem sendo realizado, sobretudo, por meio de apoio a programas e pesquisas.
Já a inovação, que acontece por meio de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e novas tecnologias, está no topo de como as indústrias podem ajudar os países em desenvolvimento a fazer a transição para uma economia de baixo carbono, segundo o estudo.
No Brasil, as organizações acreditam que podem fazer isso através do financiamento de programas e projetos (40%), segundo os executivos entrevistados, seguido do tratamento do lixo ambiental (34%) e desenvolvimento de tecnologias de energia limpa (34%).
Vale mencionar que a pesquisa Climate Check 2022 foi realizada pela Deloitte, em colaboração com a Oxford Economics, com 700 executivos de 14 países, entre agosto e setembro de 2022.
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