É possível aprender com momentos de dificuldade? Vera Golik, jornalista e escritora, é um exemplo de que sim. No ano de 2000, ela soube que teria que enfrentar dois casos de câncer na família. Três diagnósticos obtidos em um período muito próximo mostraram que o irmão, a irmã e a mãe de Vera eram vítimas da doença. O fato transformou a realidade da família.
O falecimento do irmão, causado pelo câncer, então, foi o estopim para que a jornalista começasse um novo caminho. ?Nesse processo, o momento mais difícil foi aquele em que tive que contar à minha mãe que ela havia perdido o filho de 50 anos?, conta. Mas a filosofia de vida seguida por elas dizia que aquilo devia ser transformado em algo positivo. ?Vamos transformar essa situação. Vamos seguir em frente?, disse.
Vera e seu marido, Hugo Lenzi ? que é fotógrafo e sociólogo e perdeu o pai também por causa do câncer ? elaboraram, então, um projeto sociocultural que focasse a humanização da medicina. ?Vimos e sofremos com atendimento de médicos que não eram aquilo que imaginávamos. Cada vez mais, esses profissionais são treinados para cuidar de doenças e não de pessoas?, conta a jornalista.
Foi nesse contexto que nasceu o projeto De Peito Aberto. ?Quisemos nos concentrar no câncer de mama, porque ele mexe com a questão do símbolo feminino?, justifica. Por fotos e depoimentos, são contadas situações que, a partir do diagnóstico, são vividas pela mulher que passa pela doença.
São quatro momentos diferentes. Primeiro, a descoberta da doença. Depois, o processo que, como afirma Vera, inclui ?a perda do símbolo feminino? ? ou seja, questões como a queda dos cabelos, a retirada da mama. A terceira etapa é o apoio. ?Nesse caso, mostramos a importância do calor humano, da existência de pessoas presentes e médicos atentos?, diz. E, por último, o momento da superação. ?Mostramos como elas conseguiram transformar essa jornada numa oportunidade de crescimento?, explica.
Soluções para empresas
Inserida nesse universo, Vera conheceu a Change.org. A plataforma dá aos cidadãos a oportunidade de promover campanhas e abaixo-assinados de diversos temas. A jornalista soube, então, que nos EUA havia a proposta de criação de um sutiã para mulheres mastectomizadas. No país, a iniciativa não fez efeito. Mas inspirou a criação de uma ideia semelhante no Brasil.
Vera deu origem, então, por meio da Change.org, a um abaixo-assinado pedindo a elaboração de produtos para mulheres que passaram pelo câncer de mama. Nos EUA, a proposta era direcionada para uma empresa específica. Aqui, entretanto, a ideia era que as companhias de lingerie demonstrassem interesse pelo projeto.
A Darling foi a primeira empresa a se engajar na causa e criou produtos voltados para mulheres mastectomizadas. Vera lembra, no entanto, que o desafio atualmente é dar origem a produtos mais acessíveis, para que todas as mulheres tenham acesso. Existem empresas já interessadas nessa proposta, mas é evidente que essa é uma oportunidade que não se esgota e não precisa acabar nesse ponto.
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