Não há dúvidas que o streaming, além de se tornar uma fonte de entretenimento e relaxamento, redefiniu o consumo de mídias. De acordo com estudo da Sherlock Communications, os latino-americanos passam um pouco menos de tempo assistindo a conteúdos de streaming em comparação aos consumidores dos Estados Unidos. No entanto, Brasil e México destacam-se por estarem acima da média regional, com 6% e 5% dos entrevistados relatando que passam mais de seis horas por dia assistindo a conteúdos de streaming.
Dos 3 mil consumidores entrevistados em seis países latino-americanos – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru –, 98% afirmaram utilizar serviços de streaming. Esse dado chama a atenção, especialmente considerando a história da TV a cabo, que agora compete diretamente com as plataformas digitais. Filmes e séries lideram as preferências, evidenciando a valorização da personalização e do poder de escolha que o streaming oferece.
Outro aspecto interessante é o consumo de música via streaming, que ocupa a segunda posição entre os conteúdos preferidos na América Latina. Cerca de 15% dos entrevistados afirmaram que passam mais tempo ouvindo músicas do que consumindo outros tipos de conteúdo. A música se destaca especialmente na Argentina, onde 20% dos entrevistados a escolheram como sua principal forma de consumo de streaming, e no Chile, com 19%. No entanto, no Brasil e no México, a preferência pela música é menos acentuada, com apenas 12% dos entrevistados optando por ela em detrimento de outros conteúdos.
YouTube dispara nos streamings
Quando se trata de plataformas, o YouTube desponta como a mais popular no Brasil. A diversidade de conteúdo gratuito e a constante atualização têm impulsionado seu crescimento. Em julho deste ano, o YouTube alcançou um marco significativo ao se tornar a primeira plataforma de streaming a ultrapassar 10% da audiência total da TV, conforme dados da Nielsen.
O streamer mais popular subiu 7% em relação ao mês anterior, representando 10,4% do uso da TV (+0,5 ponto). Isso ocorre depois que o YouTube atingiu 9,9% da TV em junho e garantiu a segunda maior participação de visualização de TV entre todos os distribuidores de mídia.
Comportamento do consumidor
O impacto dos serviços de streaming no comportamento dos consumidores brasileiros é evidente, tanto no que diz respeito ao consumo de conteúdo quanto às finanças pessoais. Em média, os brasileiros já assinam duas plataformas de streaming, com despesas que chegam a R$ 100 por mês. Mesmo com o aumento dos custos e a restrição no compartilhamento de senhas, uma pesquisa da Opinion Box em parceria com a Serasa revelou que 63% dos consumidores estão preocupados com os gastos crescentes. Para contornar essa situação, 51% dos entrevistados admitem compartilhar assinaturas com amigos e familiares, buscando economizar.
Thiago Ramos, especialista em educação financeira da Serasa, alerta sobre a necessidade de planejamento para evitar que os gastos com streaming se tornem um peso no orçamento familiar. “O brasileiro está reduzindo o gasto com TV por assinatura para contratar vários serviços de streaming ao mesmo tempo. Porém, com tantas inovações e reajustes de preços, é essencial traçar estratégias para que esse lazer não se transforme em um problema financeiro”, explica Ramos.
Além de impactar o orçamento das famílias, o crescimento dos serviços de streaming também tem reduzido a frequência dos brasileiros aos cinemas. Segundo a pesquisa da Opinion Box, 7 em cada 10 brasileiros estão reduzindo suas idas ao cinema, substituindo essa despesa pelo conforto e conveniência de assistir a filmes em casa.
A preferência pelo streaming é motivada pela facilidade de acesso (39%) e pelos altos custos envolvidos na experiência de ir ao cinema (37%), que inclui ingressos, deslocamento, alimentação, entre outros.