O assessor de comunicação Gabriel Rajão (que trabalhou com Zoomp, Ellus, Cavalera e Ronaldo Fraga) falou sobre storytelling, a técnica publicitária de contar a história por trás de um produto ou a trajetória de uma marca, durante o penúltimo painel do Modacamp, evento realizado nos últimos dias 3 e 4 na capital paulista no Instituto Europeu de Design (IED).
Considerado arqueólogo de marcas, Rajão orientou aos varejistas que quiserem saber como trabalhar o storytelling de forma eficaz que consultem a dissertação de mestrado da portuguesa Vanessa Alves Silva, Storytelling nas marcas de moda, comunicação e criação de valor.
?A moda é só uma ferramenta que você pode usar como estratégia para vender o storytelling. Toda marca tem uma história?, disse. Segundo Rajão, o case da Cosabella, empresa italiana que começou produzindo meias, é um dos mais significativos nesse sentido.
Quando Silvia e Guido Campello completaram 22 anos, o pai chamou os dois e disse: ?A empresa quebrou. Vocês têm duas opções, vendem ou reinventam a companhia?. Foi então que Silvia, por conta da possibilidade oferecida pelas máquinas que faziam meias, decidiu que a empresa fabricaria dali em diante lingeries diferentes das disponíveis no mercado.
Dentre as inúmeras coleções que se preocupam em contar a história do que está sendo vendido, Rajão destacou a feita em parceria com a designer norte-americana Erin Fetherston.
Apaixonado pelo Brasil, Guido Campello disse para Rajão. ?As marcas do Brasil tem trajetórias fantásticas. Se vocês não transformarem esse material e mostrarem ao público em forma de história, nós faremos por vocês?.
Em 2008, em um exercício de storytelling, a Cosabella criou uma calcinha para cada personagem do Sex and the City. A campanha explicava as características da personalidade de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda e proporcionava à cliente que escolhesse qual peça comprar a partir de sua identificação pessoal.
?Você tem um produto bom e ele não vende. Por quê? Não vende porque não tem uma historia para contar!?, alerta Rajão.
Rajão e a professora do IED, Paula Limena Cury (que desenvolveu projetos para Carlos Miele e até para o Museu de Arte Moderna) trabalharam juntos no Brastemp Plá, campanha que buscou um novo público consumidor para a marca. ?O que é mais barato? Criar um produto novo ou desenvolver uma nova história para aquele produto que já existe??, questiona Rajão.
Paula Cury explica que um produto é criado a partir de uma série de processos humanizados. ?A grande história para contar está nesses processos?, explica. Na época, a Brastemp não queria gastar dinheiro e precisava fazer este frigobar da marca vender. A solução foi instalar uma simples placa na porta que, por conta do design moderno, agregasse valor e, mais uma vez, que contasse uma boa história.
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