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Shein anuncia parceria com Forever 21 no varejo físico

Shein anuncia parceria com Forever 21 no varejo físico

Gigante do e-commerce espera expandir seu alcance nos EUA por meio das lojas vender produtos de fabricantes parceiras em sua plataforma

A Shein acaba de anunciar uma parceria com o SPARC Group, controlador de marcas como Forever 21, Aéropostale e Reebok. O acordo, que não revelou tratativas financeiras, prevê que a gigante com sede em Singapura poderá vender seus produtos nas 414 unidades nos Estados Unidos da Forever 21, que em contrapartida terá a oportunidade de ofertar suas peças no marketplace da Shein.

A Forever 21, maior marca do grupo controlado pela dona de shoppings centers Simon Property e a Authentic Brands, possui 560 lojas espalhadas no mundo. Em 2020, enquanto a marca estava passando um processo de recuperação judicial – que a levou a fechar diversas lojas ao redor mundo e, inclusive, fechar sua operação no Brasil –, foi comprada pelo SPARC Group. A joint venture reúne cerca de 32,1 mil funcionários, atuando em mais de 65 países, com vendas anuais acima de US$ 12,7 bilhões.

Já a Shein é uma gigante que alcançou vendas de US$ 23 bilhões em 2022, puxadas principalmente por Estados Unidos, Europa e Brasil. Seu marketplace, que vem ganhando cada vez mais força, está presente em mais de 150 países e possui cerca de 150 milhões de usuários. Com o acordo, o SPARC Group se torna um acionista minoritário da Shein.

A nova parceria aponta que a Shein poderá explorar ainda mais suas chances no varejo físico, algo que até então fazia com pouca intensidade. Nos EUA, chegou a testar o modelo de lojas pop-up – unidades temporárias lançadas em locais bastante frequentados por consumidores –, nos quais vendia uma parte dos produtos disponíveis no marketplace. Agora, a expectativa é que a Shein tenha espaços reservados dentro das lojas da Forever 21 para esse mesmo objetivo.

Para Julio Takano, fundador e CEO da Kawahara | Takano Retailing, especializada em Arquitetura de Negócios e Ecossistemas de Varejo, a parceria representada uma oportunidade para as marcas mostrarem que podem fazer o fast fashion de uma outra forma. “Essas duas marcas icônicas têm a grande oportunidade de criar uma loja phygital, conhecer o cliente, e passar uma mensagem de uma moda consciente, consistente e escalável.”

 

Leia mais: Conheça as marcas mais “quentes” dos EUA em 2023

 

Tensões no mercado norte-americano

O anúncio chega em meio aos preparativos da Shein para fazer seu IPO (Initial Public Offering) nos EUA, no qual esperar arrecadar US$ 2 bilhões. Hoje, a empresa é avaliada em US$ 60 bilhões em valor de mercado.

No entanto, há uma série de questionamentos de órgãos legislativos do país que levantam preocupações e acusações contra a gigante digital. A principal diz respeito às condições de trabalho nas fábricas têxteis fornecedoras da Shein, que supostamente seriam extremas, com má remuneração dos trabalhadores e longas jornadas – descumprindo as leis trabalhistas da China.

Há poucas evidências concretas sobre esse tipo de exploração nas fábricas da marca. A principal delas se trata de um documentário da Channel 4, emissora britânica, que mostrou os bastidores de uma possível unidade fabril em Guangzhou. Na reportagem, trabalhadores relatam as jornadas extensas de cerca de 18 horas por dia, além de escassos salários – cerca de US$ 556 ao mês para a produção de 500 peças de vestuário por dia. Os funcionários também afirmam no documentário que no primeiro mês de trabalho, seus salários são retidos. A Shein nega as acusações.

A Forever 21 também já alvo de investigações sobre condições de trabalho em suas fábricas. Segundo levantamento do Departamento de Trabalho da Califórnia, em 2016, das 77 fábricas independentes no estado norte-americano que produziam peças para diversas marcas – incluindo a rede –, 85% apresentavam violações trabalhistas. Algumas das unidades pagavam cerca de US$ 4 por hora, sendo que o salário-mínimo do estado é US$ 10 por hora. As empresas donas das fábricas foram obrigadas a pagar cerca de US$ 1,3 milhões por danos aos seus trabalhadores. Mas marcas como Forever 21, Macy’s e Nordstrom não foram responsabilizadas.

“Tanto a Shein quanto a Forever 21 sofreram muito com críticas do mercado em relação ao seu modelo de negócio do fast fashion, o que impregnou uma mudança necessária”, explica Takano. “As duas marcas têm a visibilidade necessária para passar a mensagem de que o mundo pode, sim, mudar.”

 

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A Shein no Brasil

No Brasil, a Shein fechou um acordo com o Governo Federal no início do ano para investir na produção local no país, depois da isenção de impostos em compras de até US$ 50. Hoje, a empresa já possui acordos com 200 fábricas distribuídas em 12 estados brasileiros. O objetivo é alcançar 2 mil fornecedoras pelos próximos três anos.

A Shein também anunciou que pretende realizar um investimento inicial de R$ 750 milhões para fornecer tecnologia e treinamento aos funcionários das fabricantes no Brasil. O objetivo é atualizar os modelos de produção das unidades, que são mais tradicionais e atendem a um segmento diferente da chinesa, que é o fast fashion, sob demanda. Até 2026, a Shein deseja que 85% das vendas no país sejam de produtos nacionais, tanto de fabricantes quanto de vendedores que utilizarem seu marketplace.

Enquanto a Shein fortalece o alcance de seu marketplace globalmente – como no Brasil –, a parceria com o SPARC Group dá sinais de que sua expansão se dará também no varejo físico dos EUA. A empresa chegou no país em 2017, e desde então conquistou cerca de 75% de seu mercado fast-fashion.

Julio Takano também ressalta que, apesar da Forever 21 ter saído do Brasil de maneira um tanto controversa, em meio a dívidas e negociações com fornecedores, ainda há caminhos para uma retomada dos negócios no país. “Marcas como a Forever 21 fizeram parte de uma geração. Quando a marca começa a ser repaginada, ainda tem uma legião. Quando são esquecidas, perdem valor. Tudo depende de como a marca age no day after. Se fecha e volta com uma possibilidade, isso são negócios, é assunto de repensar o modelo.”

 

Leia mais: Shein e a isenção de impostos: controvérsias e impactos para consumidores

 

O futuro no varejo físico

Em setembro de 2022, no último dia de funcionamento de uma de suas lojas temporárias em um shopping dos EUA, os primeiros clientes chegaram às seis da manhã para conseguir um bom lugar na fila para as compras que só começariam ao meio-dia. A loja, que deveria encerrar as vendas às 20h, fechou às 16h quando o estoque de produtos chegou ao fim. Cenário semelhante ocorreu no Brasil, quando a Shein abriu sua primeira loja temporária no país, em São Paulo.

O frisson causado pela possibilidade de comprar peças de vestuário, acessórios e até utensílios domésticos aponta como o público da Shein espera também fazer compras em lojas físicas, e não só online. Além da possibilidade de fazer compras imediatadas – em contrapartida à longa espera pela chegada de produtos importados comprados pelo marketplace –, consumidores poderão experimentar roupas e acessórios, averiguar os materiais e ter uma experiência com a marca que, até então, não seria possível.

“A Shein vai gerar tráfego para a loja física. Clientes terão a opção de retirar seus produtos comprados online nas unidades. E a Forever 21 também fará o mesmo para a plataforma”, explica Takano. “Essa junção do digital com o físico é crucial para a experiência. Fluxo alto e experiência gera recorrência, memória afetiva. É impossível pensar hoje em uma loja sem experiência.”

Segundo dados da consultoria multinacional EY, 36% das empresas estão investindo na digitalização da jornada do cliente. Enquanto isso, a Shein está fazendo o caminho oposto, investindo na sua presença fora da internet. Uma possibilidade é que a organização siga a tendência do phygital. Resta ainda saber como será a integração da experiência de suas futuras lojas físicas à jornada do consumidor em seu marketplace.

 



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