No varejo cada vez mais competitivo do nosso tempo, parece surreal pensar em um empreendimento que deu certo sem que qualquer estratégia tenha sido aplicada por parte dos idealizadores.
Mas a sorte bateu na porta de Douglas Quint e Bryan Petroff, que em 2009 começaram a vender sorvete dentro de um furgão alugado e criaram o Big Gay Ice Cream praticamente por acidente.
A falta de um plano de negócios foi tão extrema que os ingredientes comprados para os primeiros sorvetes foram comprados em lojas comuns, com preço do varejo tradicional. Um negócio que seria praticamente inviável em qualquer outra situação.
Mas não para Quint e Petroff, que criaram uma página no Facebook tratando com escárnio seu empreendimento: ?Acompanhem as nossas desventuras, será divertido, vamos dar umas risadas?.
Quint, que ficava entediado por passar o dia todo sozinho na van, começou a usar o Twitter para que todos soubessem onde eles estariam estacionados e eventuais promoções realizadas. Seus tweets eram bem humorados e tratavam de celebridades, pornografia e até do seu cachorro.
E as respostas começaram a chegar. Os clientes gostaram da abordagem e Petroff percebeu que talvez tivesse que levar o negócio um pouco mais a sério. Os clientes tornaram-se fãs, seguidores, amigos, verdadeiros embaixadores da marca, que começaram a divulgar o Big Gay.
Mas não se vive só de diversão. Logicamente, para que o produto desse certo e se disseminasse por Manhattan, os sorvetes exclusivos, coberturas e guloseimas geladas oferecidas alcançavam alto nível de qualidade.
Desde então, a empresa conseguiu um turbilhão de publicidade absolutamente espontânea, tornando-se um dos lugares da moda em Nova York. Em junho de 2012, a Dessert Professional destacou a Big Gay no top 10 dos sorvetes norte-americanos.
Em maio do ano passado, o jornais The Daily Beast e USA Today classificaram-na como a 5ª melhor sorveteria do mundo. Também no ano passado, Quint e Petroff substituíram o sorvete original e lançaram um novo desenvolvido em colaboração com a Ronnybrook Dairy Farm.
E ficou mais gourmet, com sabores internacionalizados como curry de coco e gengibre, ou a taça ?Salty Pimp?- sorvete de baunilha servido com doce de leite, cobertura de chocolate e polvilhada com sal marinho. Há também uma grande variedade de coberturas para escolher, algumas bem estranhas, aliás, como a de coco com ervilhas wasabi ou a de xarope de gengibre.
A luta agora é para dar conta de atender todos os clientes. Como as taças são muito trabalhadas (o Choikwich ? fatias de bacon caramelizado e sorvete de chocolate imprensado com biscoitos, por exemplo, demora 45 minutos para ficar pronto), a marca começou a perder consumidores que não tinham tempo para esperar.
Foi então que eles abriram a primeira loja de tijolos, em 2011 no East Village. Com maior espaço interno para trabalhar e mais funcionários, a empresa consegue entregar os sorvetes mais rapidamente.
Atualmente, Quint e Petroff estão se concentrando no crescimento da marca pelo país. Já são quatro lojas fixas, em East e West Village, Los Angeles e Philadelphia. A dupla também está terminando seu primeiro livro de receitas, que será publicado no ano que vem. E os tweets divertidos continuam.
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