Há uma mágica nos grandes filmes da história do cinema que precisa ser ressaltada, que é a conquista de uma parte do mercado para a construção de um case de sucesso. No mundo dos negócios, esse é o objetivo final, ter reconhecimento, tornar-se referência, ter relevância. Mas mais do que isso, os clássicos geram algo com o que as empresas podem (e devem) aprender: a gerar engajamento. Prova disso é o sucesso, mesmo após 20 anos, da trilogia de filmes O Senhor dos Anéis, criada por Peter Jackson com base na série de livros de J. R. R. Tolkien.
Eu sei que parece papo de nerd, mas a retórica é válida nesse caso. Em 2022, o segundo filme da trilogia, “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres” completa exatos 20 anos e segue com o nível de relevância e engajamento nas alturas. Todos os anos, são feitos vários eventos oficiais, feiras, clubes de leitura, corridas, orquestras, reexibições em homenagem à trilogia. E resta entender: qual é o segredo?
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Bem… segredo, segredo… é difícil de desmistificar. Mas dá para dizer uma coisa: todo o sucesso ao longo desses 20 anos deixa algumas pistas e aprendizados ao mundo dos negócios que podem ser muito úteis, basta olhar com atenção. E para esses conhecimentos — vale a referência e piadinha —, nem precisa ter anel, cajado ou um exército de orcs! Confira:
O uso de tecnologias atemporais
Um dos maiores e mais notáveis atributos da trilogia é que, embora duas décadas tenham se passado, o filme segue com tecnologias atemporais: o CGI, mesmo que feito no início dos anos 2000, ainda é relevante. A mixagem, o uso da trilha sonora — uma brilhante obra de arte, vale ressaltar —, as maquiagens, o figurino e toda a imagem. “O Senhor dos Anéis” foi inovador e disruptivo para a época, mas usou de tecnologias que ainda hoje (e na época) não eram lá tão “incomuns”.
Nos negócios, ainda que não pareça, esse é um aprendizado importante: ser inovador para seu tempo é, sem dúvidas, importante. Mas trabalhar bem o básico, fazê-lo bem-feito e marcá-lo pela qualidade pode ser algo muito mais memorável do que apenas entrar no “hype” da tecnologia do momento — e, de quebra, ter uma jornada para o cliente que, em sua base, peca na experiência.
Presença constante no imaginário do público
Ainda que o filme não tenha mais tanta aderência para as crianças de hoje (Geração Alpha), os jovens da Geração Z e Millennials foram marcados por “O Senhor dos Anéis” não apenas pelo momento de lançamento — e pelas incríveis 30 indicações ao Oscar e a conquista de 17 estatuetas, o que a categorizou como uma das franquias mais bem-sucedidas de todos os tempos —, mas pela presença constante do filme em várias das mídias da época. Desde a estreia nos cinemas, “O Senhor dos Anéis” passava incontáveis vezes nos canais de TV por assinatura, em anúncios e comerciais por várias mídias.
Em outras palavras, a trilogia ficou marcada na mente das pessoas não apenas pela qualidade dos filmes, mas pela recorrência. E várias marcas de sucesso se utilizam dessa estratégia para se tornarem memoráveis, até mesmo — veja só a ironia — dentro de livros, séries e filmes. Afinal, quantas vezes uma série já mencionou a Amazon como e-commerce, mostrou um kindle? Ou uma marca de luxo, um supermercado?
Essa recorrência em várias mídias e canais, a constância frequente, fazem com que as marcas fiquem no imaginário do cliente. E isso é um verdadeiro transformador do jogo na hora de gerar engajamento e reconhecimento de marca.
Leia mais: O gênio da experiência: como atender os desejos do consumidor?
Criação de uma comunidade aficionada por Senhor dos Anéis
Pode parecer mentira, mas mesmo após vinte anos do lançamento, a trilogia do “O Senhor dos Anéis” ainda tem uma comunidade aficionada forte e muito presente nos principais meios de cultura geek. E isso, por si só, gera consumo: até hoje são vendidos os livros, edições de luxo, edições especiais, figuras de ação, bonecos em geral, decorações com a temática do mundo criado por J. R. R. Tolkien. Itens consumidos, em geral, por essa comunidade — que tem seus meios de comunicação e consumo bem definidos.
E é exatamente por isso que tanto tempo depois, a trilogia segue “viva”: a comunidade é ativa nas redes sociais, nos eventos comemorativos, há algo que os faz se identificar com aquele produto. E no mundo dos negócios, isso não é diferente: criar comunidades reunidas gera um engajamento muito lucrativo. E mantê-las ativas é um trabalho árduo, porém, muito recompensador para as marcas de forma geral.
Promoção de experiências imersivas no mundo de
Senhor dos Anéis
O filme e os livros, por si só, já trazem essa imersão dentro da Terra Média. É fácil se sentir, mesmo em frente à tela, dentro do Condado, de Valfenda, Gondor e tantos outros cenários que aparecem na trilogia. Mas esse mergulho dentro dos filmes não é específico apenas da direção de imagem: há várias outras experiências imersivas que fazem alusão a esse mundo — e lucram muito com isso.
Na Nova Zelândia, o local de gravação do filme é um tremendo ponto turístico: estar no mesmo ambiente do Condado, com as famosas portas redondas, ou nas montanhas que compõe a premiada fotografia da trilogia, é o sonho de consumo de muitos fãs. No entanto, esse ambiente não é o único: existem hotéis (no Brasil mesmo) temáticos, eventos específicos que criam essa experiência única, memorável e 100% imersiva na Terra Média.
Por aqui, falamos muito da experiência do cliente e esses filmes são a prova do quanto ela é capaz de trazer benefícios às empresas. A promoção de uma jornada com um bom planejamento de experiência é capaz de transformar os números gerais de uma corporação. Ela é, por sua vez, o ápice da tão almejada “centralidade no cliente”. E trazê-la em uma forma imersiva e memorável, alinhada com a expectativa do consumidor, é uma certeza de sucesso.
E aí, você imaginava o quanto é possível aprender com esse clássico do cinema?
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