Plataformas como o YouTube e o Instagram possuem recursos tecnológicos que têm o objetivo de prender a atenção do usuário pelo maior tempo possível. É como se fosse um looping eterno. Você assiste um vídeo e, quando desperta dessa espécie de transe hipnótico, já se passaram minutos ou quase uma hora. É o que alguns chamam de design viciante da indústria de tecnologia.
O senador americano republicano, Josh Hawley, decidiu combater o uso dessa ferramenta nos EUA. Na semana passada, ele apresentou um projeto chamado de Lei de Redução do Vício em Mídia Social. Em linhas gerais, a ideia é proibir o uso desse recurso que, segundo ele, causa uma espécie de “dependência tecnológica”.
“A grande tecnologia adotou um modelo de negócios de dependência”, disse Hawley em entrevista a Wired. “A grande ‘inovação’ dessas plataformas não foi criar produtos melhores, mas desenvolver meios para capturar mais atenção dos usuários, usando para isso truques psicológicos que dificultam o desvio do olhar para outra direção”, completou.
Design viciante e o Facebook
Esse tipo de design também foi o ponto central do acordo assinado na semana passada entre o FTC com o Facebook. Em suma, a rede social de Mark Zuckerberg informou que dará maior transparência ao uso desse recurso. No caso da lei de Hawley, ele pede que as caixas de seleção “aceitar” e “recusar” precisariam ter a mesma fonte, formato e tamanho para ajudar os usuários a fazer escolhas melhores.
A lógica do vinho
Em uma audiência no final do mês passado, senadores ouviram executivos de empresas de tecnologia sobre o uso de tecnologias consideradas persuasivas. Uma delas foi Tristan Harris, ex-especialista em design do Google. “Se eu tirar o fundo desse copo e continuar enchendo com água ou vinho, você não saberá quando parar de beber”, disse Harris ao comitê. “Isso é o que acontece com infinitamente feeds de rolagem.”