/
/
Me dá um dinheiro aí: saque em lojas pode transformar o varejo

Me dá um dinheiro aí: saque em lojas pode transformar o varejo

O saque no varejo pode agregar valor a todos os agentes da cadeia, desde o varejista, a emissora de cartão até o consumidor

* Por: Anderson Locatelli

Já faz alguns anos que a possibilidade do saque no varejo é discutida. Iniciativas como o cashback, por exemplo, devolvem parte do dinheiro do cliente na sua conta desde que ele adquira um produto ou serviço. Já nos Estados Unidos e Europa, muitas redes de lojas permitem que o consumidor faça oficialmente o saque ao realizar as compras. Na hora do pagamento, uma opção pergunta se a pessoa deseja sacar um valor, que será cobrado junto com os produtos comprados.

Aqui no Brasil, já era possível realizar a operação por meio de aplicativo e leitura de QR Code no celular. Empresas como TecBan e Brinks oferecem o serviço para os seus clientes, assim como uma startup passou a disponibilizar o saque recentemente por meio do pagamento de uma taxa de R$6,39 sobre o valor transacionado. Nesse movimento, vale também destacar as notícias da chegada do saque Pix anunciado pelo Banco Central, mesmo ainda sem data para ser lançado.

No entanto, o País ainda carece de uma solução de “saque puro”, em que qualquer consumidor consiga retirar dinheiro da sua conta apenas com um cartão sem precisar pagar pela operação. Uma alternativa que não seja um saque disfarçado de cashback ou, para piorar, uma transação informal – aquela prática do cliente passar uma quantia a mais no cartão para receber o suposto troco em espécie.

E ainda falta uma opção para o número cada vez maior dos usuários dos bancos digitais, que só conseguem ter o seu dinheiro na mão com o pagamento das salgadas taxas disponibilizadas nos ATMs, onde a retirada de cédulas pode custar até R$ 6,90 por operação.

Saque na era digital

Desde que a era digital começou a dar seus primeiros passos se fala em fim do dinheiro. Mas a verdade é que ele continua bem “vivo”, sendo o número um na hora das compras. De acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva, sete em cada dez adultos dizem que fazem os pagamentos do cotidiano principalmente com dinheiro vivo.

Diante desse cenário, o saque no varejo representa a grande alternativa para a escassez de moedas em circulação e a diminuição no número de caixas eletrônicos e agências bancárias pelo Brasil.  Para quem vive nos grandes centros urbanos o problema é menos evidente, mas imagine a dificuldade do morador de um município com cerca de 30 mil habitantes onde não existem mais bancos ou qualquer tipo de ATM?

Enquanto em alguns locais é preciso dirigir dezenas de quilômetros para achar o caixa mais perto, em regiões da Amazônia, por exemplo, encontrar um ponto de saque pode representar uma viagem de barco que chega a durar dias. De acordo com dados do Banco Central, cerca de 17 milhões de brasileiros, em 2.328 cidades, precisam viajar para municípios vizinhos se quiserem abrir uma conta, tomar empréstimos ou fazer saques.

Então por que não transformar qualquer loja – seja um supermercado, posto de gasolina, farmácia ou o mercadinho do bairro – em locais onde é possível realizar o saque sem o cliente ter que comprar algo em troca? O serviço agregaria valor a todos os agentes dessa cadeia, do varejista, independente do seu tamanho, as emissoras de cartão, bancos e, principalmente, ao consumidor.

Para o varejo, diminuiria o custo de transporte de valores e aumentaria a segurança de não acumular grandes quantias no ponto de venda, além de atrair mais movimentação no estabelecimento. Outra vantagem seria a diminuição da necessidade das sangrias de caixa, aquele momento em que o operador interrompe o seu trabalho para contar notas depois de acumular determinada quantia, um processo gerador de frequentes filas em lojas.

Dinheiro fora do colchão

A expectativa é que esse movimento de trazer o saque para o comércio vai facilitar a vida de milhões de brasileiros, disponibilizando mais opções para ele sacar dinheiro no seu trajeto diário. Dessa forma, as pessoas também não precisariam retirar altos volumes em espécie pela simples garantia de ter o montante disponível quando precisar.

E valores menores representam uma quantidade inferior de moedas em circulação, contribuindo de certa forma com o processo de digitalização dos meios de pagamento, além de mais segurança e melhor gestão do dinheiro físico. Por esse motivo, a chegada do saque no varejo também representa um passo importante para que o brasileiro, como se dizia antigamente, pare de guardar o dinheiro no colchão.

* Anderson Locatelli é fundador e CEO da Sled


+ Notícias 

Compartilhe essa notícia:

WhatsApp
X
LinkedIn
Facebook
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas

MAIS MATÉRIAS

SUMÁRIO – Edição 291

A evolução do consumidor traz uma série de desafios inéditos, inclusive para os modelos de gestão corporativa. A Consumidor Moderno tornou-se especialista em entender essas mutações e identificar tendências. Como um ecossistema de conteúdo multiplataforma, temos o inabalável compromisso de traduzir essa expertise para o mundo empresarial assimilar a importância da inserção do consumidor no centro de suas decisões e estratégias.

A busca incansável da excelência e a inovação como essência fomentam nosso espírito questionador, movido pela adrenalina de desafiar e superar limites – sempre com integridade.

Esses são os valores que nos impulsionam a explorar continuamente as melhores práticas para o desenho de uma experiência do cliente fluida e memorável, no Brasil e no mundo.

A IA chega para acelerar e exponencializar os negócios e seus processos. Mas o CX é para sempre, e fará a diferença nas relações com os clientes.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: IA Generativa / Adobe Firefly


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

Natalia Gouveia
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editor-assistente
Thiago Calil
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Revisão
Elani Cardoso

COMUNICAÇÃO
Gerente de Comunicação e Cultura
Simone Gurgel

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Bárbara Cipriano

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Ltda.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]