Devido aos impactos causados pela Covid-19 e também por outros fatores tecnológicos e sociais, diversas esferas públicas e privadas tiveram que se transformar para melhor atender as necessidades da população, e com o setor de recursos humanos (RH) das empresas não foi diferente.
Através de mudanças e adaptações em seu comportamento interno, os RHs de muitas instituições passaram a promover melhorias para seus colaboradores em um período que se convencionou chamar de “novo normal”.
A covid-19 e as mudanças realizadas pelo RH
Durante o período intenso da pandemia, diversas corporações tiveram que se adaptar aos novos formatos de trabalho e contratação. Logo, o setor de recursos humanos se tornou peça fundamental na administração de tais mudanças.
De acordo com Andrea Deis, gestora de carreira, professora e especialista em neurociência com foco em desenvolvimento humano e organizacional, para lidar com as transformações exigidas da melhor forma possível, o RH passou a ser mais tecnológico, estratégico e observador.
Além disso, ela explica que o setor precisou se tornar um grande aliado dos colaboradores, voltando sua atenção para a qualidade de vida corporativa (realização de campanhas e serviços pensados para a saúde mental), gerenciamento de tempo e implementação de sistemas que valorizem as atividades híbridas e remotas.
O home office como a principal transformação para o RH
De todas as mudanças realizadas pela área de recursos humanos, a estadia dos colaboradores em um sistema home office em momentos menos intensos da pandemia pode ser considerada a maior de todas.
Regada pela praticidade e economia de tempo, essa modificação faz sucesso entre os profissionais. Uma pesquisa realizada pela empresa de softwares Salesforce, em 2020, com 20 mil funcionários do mundo inteiro, inclusive do Brasil, revelou que 42% deles gostariam de continuar trabalhando em casa de forma definitiva.
Além do mais, essa prática de trabalho também é vista com bons olhos por muitos gestores. De acordo com um estudo da plataforma de freelancers Workana, 84,2% dos líderes corporativos pretendem promover algum formato de atividade remota no pós-pandemia.
Por sua vez, além do home office, os formatos de entrevistas também foram adaptados pelos RHs. Uma análise realizada pela Weseek, startup da Catho, em parceria com as empresas Sólides, Gelatina e Yube, apontou que, antes da Covid-19, 23% das instituições realizavam processos seletivos de forma on-line. Nos dias atuais, esse número subiu para 48%.
Toda mudança tem sempre um motivo específico
É claro que a Covid-19 foi o maior estimulador de grandes mudanças corporativas através das equipes de recursos humanos. Entretanto, é preciso entender a fundo os motivos que fizeram da pandemia do novo coronavírus um ponto de transformações nos setores profissionais.
De forma geral, a população mudou os seus valores, hábitos e prioridades. “Não basta ter emprego e dinheiro, se não tem vida”, declara Andrea Deis.
Após essas palavras, ela ainda elucida que as pessoas começaram a valorizar mais a “vivência” do que a “sobrevivência”. Com isso, todos os âmbitos da sociedade tiveram que se moldar a esse novo estilo de vida, inclusive as empresas por intermédio de seus respectivos RHs.
Benefícios para a vida dos funcionários
Diante de tantas transformações e adaptações corporativas, inúmeras pessoas foram afetadas positivamente, principalmente por conta do trabalho remoto. Para Rosana Daniele Marques, especialista em RH da Croma Recursos Humanos, devido a adoção do sistema home office por parte de muitas instituições, os colaboradores das mesmas conseguiram conquistar uma disponibilidade maior de tempo em suas rotinas.
Isso porque os minutos ou até mesmo as horas que eles passavam se deslocando até a empresa (muitas vezes, presos no trânsito) foram poupados nesse novo sistema de trabalho.
Além da flexibilidade temporal, a sensibilidade e a empatia pelo próximo também podem ser consideradas grandes benefícios conquistados com o home office.
“As pessoas perceberam que elas estavam adentrando à casa dos seus colegas profissionais, o que exigia, de certa forma, um olhar um pouco mais sensível para entender se fulano estava em condição de falar ou não. Elas também perceberam que muitos colegas estavam na mesma tempestade, mas em barcos diferentes, o que gerou um grau de responsabilidade na forma que se comunicam e se relacionam”, esclarece Rosana Daniele Marques.
Desafios para implementar as mudanças
Apesar dos benefícios proporcionados para os colaboradores, tais mudanças corporativas tiveram que ser realizadas através de muito esforço por parte do RH.
Rosana Daniele Marques lembra que um dos desafios foi a falta de suporte executivo para patrocinar as novas ideias. Afinal, algumas lideranças ainda não se atentam às necessidades dos seus profissionais e do seu mercado.
Outro obstáculo enfrentado pelo setor de recursos humanos foi a resistência dos próprios funcionários às transformações propostas. “Muitas vezes, as pessoas são resistentes devido a uma cultura corporativa rígida e estrutural, que acaba guiando as ações das mesmas”, exemplifica a especialista.
Após verificar os resultados positivos dessas mudanças, é preciso agora pensar no futuro. Com isso, a pergunta que fica é: quais serão os resultados a longo prazo dessas mudanças e adaptações? Segundo a gestora de carreira Andrea Deis, os efeitos serão extremamente positivos, tanto para o colaborador quanto para o meio corporativo em geral.
“Podemos esperar uma geração que se preocupa mais com a gestão dos relacionamentos e com um maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Nesse caso, teremos como consequência uma diminuição de afastamentos por doenças voltadas à saúde mental”, conclui Andrea Deis.
RH e as novas mudanças para o futuro
Apesar das mudanças e adaptações assertivas, o RH ainda precisa investir em novas ideias para garantir que os objetivos da employee experience (bem-estar e crescimento do colaborador e da equipe) sejam cumpridos da melhor forma possível.
E um dos pontos a serem investidos é, justamente, a criação de técnicas para captar e responder futuras transformações que sejam bem-vindas no mundo corporativo. “É muito importante que os analistas de RH consigam entender como é possível se antecipar às mudanças. O setor precisa deixar de ser operacional e analítico, e começar a atuar como um meio de transformações”, explana Rosana Daniele Marques.
Marques também analisa que o RH precisa reforçar o uso de tecnologias a favor das estratégias de mercado, além, é claro, de ampliar sua preocupação com o ecossistema mercadológico.
Por sua vez, Andrea Deis conta que os sistemas de avaliação de desempenho, recompensa e monitoramento para com os funcionários necessitam ser reavaliados e, consequentemente, melhorados.
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