O valor do branded call para a experiência e a prevenção de fraudes
- Por Jade Lourenção
- 7 min leitura
O celular do brasileiro toca diversas vezes ao dia e, na maioria delas, trata-se de chamadas de empresas que não se identificam e acabam importunando o consumidor. Em busca de mudar essa realidade, a Anatel vem implementando algumas medidas cautelares, como o 0303 e o “Não Me Perturbe”, as quais, entre junho de 2022 e abril de 2024, evitaram cerca de 110 bilhões de chamadas inoportunas – o equivalente a 541 chamadas por habitante. Porém, essas medidas por si só não bastam.
Pensando na experiência do consumidor, as empresas precisam remodelar as estratégias. O contato por telefone ainda é muito valioso, afinal, é o canal mais eficiente para determinadas situações, mas, pela forma como é utilizado atualmente, acaba perdendo a credibilidade. Por isso, em vez de contactar os consumidores de forma aleatória, por que não focar quem realmente está interessado em falar com a marca?
Nesse sentido, surge o Branded Call, ou seja, a identificação de chamadas das empresas. Com a ferramenta, as ligações de números desconhecidos passam a ter uma “cara”, e o consumidor escolhe atender ou não. “O percentual de atendimento de ligação das empresas é muito baixo porque as pessoas desenvolveram um comportamento protetor de não atender a números desconhecidos. Ao identificar as ligações, essa taxa pode aumentar, em média, 45%”, conta Rogger Faioli, CTO e co-founder da GOSAT.
O grande ganho disso é estreitar o relacionamento com os clientes que possuem um interesse genuíno em interagir com a marca, seja para receber ofertas de produtos e informações importantes, seja para negociar dívidas. “Como a voz é um canal indispensável para certos produtos e serviços, identificar o discador leva confiança para quem recebe a chamada, principalmente quando há suspeita de fraude”, diz Faioli.
A solução oferecida pela GOSAT tem sido muito utilizada por bancos, que perceberam um valor imediato. Rogger conta que na Brasilseg, braço de seguros do Banco do Brasil, o percentual de atendimento das chamadas aumentou entre três e cinco vezes. Já o BTG Pactual ganhou eficiência no informe de assuntos importantes, como transações fraudulentas em cartão de crédito que não ganhavam a atenção devida do cliente.
Outro fator importante do Branded Call é a possibilidade de o cliente retornar a chamada, diferentemente do que ocorre com outros números que apenas originam as ligações. “É muito comum o cliente estar esperando o contato da empresa para resolver uma questão, mas não atender a ligação por não saber do que se trata. Por outro lado, quando ele recebe o contato e não pode atender naquele momento, ele retorna quando estiver disponível”, afirma Faioli.
Exemplo prático disso é o uso do Branded Call pela Open English. A empresa que vende cursos de língua só entra em contato quando há uma solicitação para tal, mesmo assim enfrentava dificuldades para ser atendida. Com a identificação das ligações, houve um aumento de 18% no atendimento, além das chamadas de retorno.
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como funciona o branded call?
Alguns países já possuem a funcionalidade do Branded Call integrada à malha de telecomunicações, mas não é o caso do Brasil. Por aqui, a identificação é realizada quando a pessoa tem o aplicativo da marca que está ligando instalado no telefone ou quando possui um aparelho da marca Samsung, que já vem com a solução.
“Por enquanto, ou a nossa tecnologia está no aplicativo da empresa ou no device da Samsung. Mas já estamos trabalhando com as operadoras para embarcar a solução na rede delas e garantir que mais chamadas sejam identificadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, quase 97% das ligações são identificadas porque as operadoras estão preparadas para isso”, diz Rogger Faioli.
O fator segurança
A ferramenta também pode ser utilizada na prevenção de fraudes. Primeiro porque o consumidor passa a ter certeza de que está falando com a empresa e, segundo, pela identificação de chamadas suspeitas. “Números como o 0800, 3003 e 4003 são bloqueados automaticamente, porque esse tipo de prefixo não realiza, só recebe”, explica Rogger. O mesmo ocorre com chamadas que são consideradas spam.
Não adianta fazer milhões de chamadas para garantir que o atendente esteja falando ao telefone. É preciso analisar o tempo das ligações, o esforço empregado e a conversão
Rogger Faioli, CTO e co-founder da GOSAT
Também é possível identificar vozes sintéticas criadas por Inteligência Artificial, que já são utilizadas para fraudes pelo poder de convencimento. “Isso é especialmente relevante em contextos sensíveis, como em campanhas eleitorais, em que há receio do uso indevido de vozes de figuras públicas”, conta Rogger.
Dessa forma, o consumidor ganha em experiência e em segurança e as empresas, em credibilidade e em eficiência.
“Não adianta fazer milhões de chamadas para garantir que o atendente esteja falando ao telefone. É preciso analisar o tempo das ligações, o esforço empregado e a conversão para ir em busca de contatos mais efetivos. Isso reduz o custo da operação e melhora a satisfação do cliente e do atendente, que passa a ser menos ‘xingado’. Acredito que, nos próximos três a cinco anos, a realidade de hoje será outra”, finaliza o CTO e co-founder da GOSAT.
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