Ao longo das três últimas décadas que permeiam o legado da Consumidor Moderno, acompanhamos diversas oportunidades de transformação perdidas pelo Brasil. Lembro de relance o estouro da Bolha PontoCom, na virada do século, que foi recebida com um verdadeiro alívio por parte do nosso empresariado, sempre descrente e distante das megarrevoluções que mudam o mundo.
Mesmo com a estabilidade econômica, arduamente conquistada com o advento do Plano Real, patinamos durante vários anos com a sempre restrita oferta de crédito. Quando conseguimos, nos anos 2000, duplicar essa oferta, deparamo-nos com o crescente endividamento e a inadimplência do nosso consumidor. Na sequência, as torneiras de crédito e as financeiras fecharam-se, dificultando a vida das pessoas, o crescimento e o desenvolvimento de pequenas e médias empresas. Voltamos ao ponto de partida.
O grande milagre brasileiro, como o País dos BRICS, justamente aquele que deveria ser o mais atrativo de todos, seja por sua natureza, seja por suas riquezas naturais, pela força de seu agronegócio, pelo seu tamanho, pela sua população, pela dimensão do seu mercado, também não foi capitalizado. O Brasil continuou afastado das principais decisões de investimentos das grandes empresas.
Digo isso no auge de uma reflexão sobre o inusitado momento da vida de todos nós: a megarrevolução da Inteligência Artificial. Trata-se da maior e mais extraordinária transformação com a qual cada um de nós já se deparou. Não se trata de uma opção. Ou mergulhamos na IA ou a nossa fonte irá secar.
A IA vai acelerar decisões, processos, otimizar custos, descortinar novos caminhos, novos negócios, novas ideias, novos modelos, e será essencial também para termos governos menos burocráticos e gastadores. Acompanhando todas as transformações oriundas da internet, o único setor que passou imune à transformação digital é justamente o governamental.
Com a pandemia, os governos ficaram muito mais fortes. O fenômeno da inflação que assola o mundo é resquício direto da gastança desenfreada promovida pelos diversos países em busca de criar benesses para populações atingidas pelo distanciamento social.
Eis que surge uma luz no fim do túnel: a possibilidade de um megavisionário, criador de algumas das mais inovadoras empresas do planeta, Elon Musk, assumir o maior de seus desafios, ou seja, a promoção de um choque de eficiência governamental para desburocratizar e desonerar uma das maiores máquinas públicas do planeta – os Estados Unidos. Esperamos que esse empreendimento seja muito bem-sucedido. Em caso positivo, ele poderá significar uma estupenda transformação também na realidade de dezenas de nações democráticas do mundo que assistem ao avanço desenfreado de taxações sem fim, sem a devida contrapartida de melhoria na qualidade dos serviços.
Com isso, reiteramos a supremacia que o uso da IA vai representar para a criação de riquezas para países, empresas e cidadãos.
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Há mais de 20 anos, visualizamos a possibilidade de o Brasil focar os seus investimentos para as áreas de Tecnologia e Engenharia. São setores nos quais a criação de riquezas é exponencial. Mas, enquanto assistimos ao surgimento de grandes empresas com capitalização de mercado acima de US$ 1 trilhão nos EUA – todas, sem exceção, ligadas à tecnologia –, no Brasil as que possuem maior market cap são as do setor Financeiro. Há algo errado nisso.
O boom da internet e do comércio eletrônico por aqui só se deu com a pandemia, quando as empresas perceberam que não tinham um canal on-line para atender o consumidor. Precisaram tomar ações radicais a toque de caixa para sobreviver. No primeiro ano, registraram um crescimento exponencial do e-commerce, mas, agora, vemos uma estagnação. Os investimentos serviram apenas como remediação.
Embora a evolução das tecnologias digitais e da internet no Brasil represente um retumbante fracasso, as redes sociais estão à parte. Somos o maior laboratório mundial para uso do WhatsApp pelas empresas. Além de ter-se tornado o principal meio de comunicação do País, o aplicativo já funciona como meio de pagamento. Andamos por meio do WhatsApp.
Mas podemos muito mais. Dentre as maravilhas que fazem o Brasil ser tão diferente, em plena discussão sobre mudanças climáticas, despontamos como o País que tem a matriz energética mais limpa do mundo, advinda de recursos naturais. Mas, nem com uma assinatura dessas, não conseguimos atrair investimentos de empresas de processamento de condutores, de data centers e outras soluções responsáveis por acelerar o desenvolvimento das tecnologias que irão fazer parte da grande revolução de IA.
Nos Estados Unidos, o governo Biden liberou um incentivo de US$ 6,6 bilhões para a construção, no Arizona, de uma fábrica da taiwanesa TSMC, que produz semicondutores, chips e outras soluções de alta tecnologia. O plano americano é tornar-se autossuficiente em energia nos próximos dois anos – e isso será uma das metas do governo Trump. Já a Arábia Saudita está destinando US$ 100 bilhões para infraestrutura tecnológica e parcerias estratégicas em busca do topo na corrida global pela inovação. Cadê o Brasil nisso? Esse é o jogo, e estamos ficando para trás.
O País que cansou de perder oportunidades tem, agora, mais uma se apresentando. Não podemos deixar passar novamente. Precisamos IArizar já!
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