Eu, robô. Eu, Humano
- Por Julia Fregonese
Podemos dizer que o ser humano é inclinado a criar cenários distópicos. Especialmente quando o assunto é Inteligência Artificial (IA), contamos com uma extensa bibliografia que coloca o homem e a máquina como antagonistas. Philip K. Dick fez isso com sua obra Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, adaptada para o
longa Blade Runner. Aldous Huxley criou mais de um cenário pessimista sobre os avanços tecnológicos – de Admirável Mundo Novo a A Ilha. Já na trilogia Matrix, uma verdadeira revolução fez com que a humanidade fosse subjugada pelas máquinas.
Se cedermos ao nosso viés de confirmação, poderemos ver algumas possíveis evidências dessa distopia que, supostamente, começa a tomar forma. São as reclamações de professores sobre o desempenho de crianças e adolescentes na escrita, ou nos aprendizados de História, por exemplo. Há, ainda, relatos de pessoas que estão criando relacionamentos românticos com IAs, apontando para uma possível dificuldade criada pela tecnologia no desenvolvimento das habilidades socioemocionais.
Para a psiquiatra Anna Lembke, professora da Escola de Medicina da Universidade de Stanford e autora de best-sellers, este é um grande desafio conforme a Inteligência Artificial ganha novos adeptos e se desenvolve cada vez mais.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
“A IA generativa permitiu que a tecnologia parecesse humana. Nós a personificamos. Como uma IA antropomorfizada, será preferível à complexidade e ao esforço da vida real recorrermos, cada vez mais, a essa tecnologia para atender às nossas necessidades – intelectuais, físicas, emocionais, sexuais… e a lista continua”, explica.
Segundo Lembke, como resultado, mais pessoas no futuro irão viver, trabalhar e se divertir sozinhas. “À medida que nos cansamos de estímulos familiares e buscamos experiências cada vez mais novas, nossas interações com a IA irão se tornar mais fetichizadas. Exigiremos conteúdos mais extremos e desviantes, mas também versões sensoriais ampliadas de experiências comuns e cotidianas. Na verdade, tudo isso já está acontecendo.”
Ainda, em um cenário parecido com o retratado pela trilogia Matrix, a psiquiatra prevê uma possível rebelião de parte da população contra a IA. “Essas pessoas determinarão que os danos da IA superam os benefícios e, em grande parte, limitarão seu uso ao estritamente necessário em suas vidas. Isso pode se manifestar por meio de reformas governamentais e políticas, mas é mais provável que tome a forma de uma nova religião, na qual a IA será vista como contrária ao florescimento humano.”
Estas são cenas e previsões de uma história que está apenas começando, evidências de como a Inteligência Artificial já está moldando o comportamento humano.
Slop:
o novo spam
gerado por IA
Outro sintoma da rápida evolução da Inteligência Artificial na vida das pessoas está no chamado “AI slop”, ou seja, a disseminação de conteúdos duvidosos ou de baixa qualidade gerados por chatbots de IA, uma dinâmica parecida com a divulgação de spams.
Encaixe perfeito
No dia a dia do trabalho, essas transformações são mais claras. Segundo uma pesquisa do Zoom encomendada à Morning Consult, 75% das lideranças afirmam que as equipes que utilizam IA são mais colaborativas e tomam decisões melhores. Ainda, 89% dos funcionários entrevistados identificaram que os principais benefícios do uso da IA são realizar menos tarefas repetitivas e ter mais tempo para focar outras atividades.
Em outra esfera, a personalização faz cada vez mais parte da jornada de compra dos consumidores, como aponta Jaqueline Weigel, futurista profissional e consultora de Foresight Estratégico da W Futurismo. “A IA generativa já está influenciando a forma como experimentamos produtos e serviços, principalmente na ‘premiunização’ personalizada”, explica.
“A tecnologia é capaz de analisar dados do consumidor para fazer recomendações que correspondam aos seus interesses e necessidades, gerar textos, imagens e vídeos sob medida para cada consumidor, tornando a experiência mais relevante e envolvente.”
A cada novo passo da Inteligência Artificial, veremos também novas formas de relacionamento, aprendizado, trabalho e entretenimento.
O único limite é a confiança
O relatório Tech Vision, da Accenture, destaca que a qualidade mais importante da Inteligência Artificial é a capacidade de aprender. Assim, com o uso generalizado da tecnologia – sendo adotada por organizações, equipes e consumidores –, a IA tem capacidade para se tornar muito mais potente do que já é, empoderando a força de trabalho ou criando canais para o atendimento ao consumidor.
“As organizações estão adotando uma tecnologia que possui um amplo conhecimento geral – e é intrinsecamente definida por sua capacidade de aprender – e a estão ensinando sobre partes do negócio”, destaca o estudo. “E, quando as pessoas a utilizam, elas continuam a ensiná-la sobre seus gostos, preferências e necessidades.”
É o que a Accenture chama de “declaração de autonomia”. Em outras palavras, a ideia é que a proliferação da IA elevará a sociedade a um novo patamar de capacidade, desempenho e progresso, guiada pela aprimoração da cognição da tecnologia.
O tal custo da hesitação
62% dizem que confiança é fator importante na escolha de engajamento com uma marca
48,6% questionamcom frequência ou sempre a autenticidade das notícias
38% viram avaliações on-line fraudulentas de produtos no último ano
52,8% questionam avaliações on-line com frequência ou sempre
41,9% dizem quea melhor experiência que tiveram na semana anterior à pesquisa foi física
15,3% dizem quea melhor experiência que tiveram na semana anterior à pesquisa foi digital
37,9% se sentemcada vez menos obrigados a acompanhar todos os avanços tecnológicos, apreciando o sentimento de JOMO (Joy of Missing Out) em relação à tecnologia
A crescente dependência da tecnologia pode levar ao esgotamento digital e à necessidade de desconexão
Daniel Lazaro, líder de Data & AI da Accenture para América Latina
Na avaliação da consultoria, o único limite para essa evolução sem precedentes está na confiança, sendo esta a palavra-chave para as tendências em 2025 e para os próximos anos.
“Mais do que ambientes seguros, sistemas sem viés e aplicações com responsabilidade, confiança é vital nas relações humanas desde o nosso nascimento, e estamos trazendo evidências muito fortes de que é condição sine qua non para a transformação das relações das empresas com os consumidores”, explica Daniel Lázaro, líder de Data & AI da Accenture para América Latina.
Este mesmo valor foi destacado pelo relatório Life Trends 2025, da Accenture Song. O estudo aponta um novo fenômeno atrelado ao comportamento das pessoas conectadas: o custo da hesitação. Em outras palavras, os consumidores estão preocupados se as interações que estão criando on-line são, de fato, reais ou se são tentativas de golpes, fraudes e desinformação. E, com o uso exponencial da Inteligência Artificial, essa tendência deve ganhar ainda mais força.
Para as marcas, esse comportamento tem um efeito claro: os consumidores poderão deixar de consumir se tiverem uma mínima desconfiança de que a interação ou a experiência possa ser fraudulenta ou insegura.
À vontade com a IA
Outra tendência destacada pelo relatório Life Trends 2025 é a chamada “Social Rewilding” ou “renaturalização social”. Isso significa que as pessoas estão buscando profundidade, autenticidade e riqueza sensorial em suas experiências, porque, nos últimos anos, a sociedade testou os limites de quanta interação humana é possível ter em um ambiente digital hiperconectado – algo que faz sentido para a vida moderna.
Agora, as pessoas estão olhando para esse espaço de forma mais intencional, reequilibrando o uso da tecnologia com as experiências da vida real. A nostalgia tem um importante papel nessa tendência, com jovens da Geração Z e
Millennials resgatando elementos das décadas de 80 e 90, como câmeras analógicas, vinis e carros.
Ainda, um estudo conduzido pela Axios com o Generation Lab mostra que 79% dos Zs estão preferindo interações presenciais em vez de apps de namoro.
“As pessoas estão repensando como usam seu tempo livre, encontrando alegria e equilíbrio em atividades do mundo real e conexões humanas genuínas”, afirma Daniel Lázaro. “Isso porque a crescente dependência da tecnologia pode levar ao esgotamento digital e à necessidade de desconexão. As pessoas podem sentir-se sobrecarregadas pelo uso constante de dispositivos e pela presença onipresente da tecnologia em suas vidas.”
A IA está impulsionando a autonomia de diversas maneiras. Ela está dando às pessoas acesso a habilidades que, de outra forma, não teriam. Está conferindo aos robôs um novo nível de compreensão e raciocínio sobre o mundo, permitindo que interajam com humanos como nunca
Fonte: Estudo Tech Vision, da Accenture
Em uma leitura similar, a consultoria WGSN identificou no estudo Consumidor do Futuro 2026 um novo sentimento entre os consumidores: o anseio. Nos últimos anos, as pessoas tiveram que lidar com perdas de emprego, casas, entes queridos e até sonhos e desejos, agora, buscarão encontrar novas formas de conforto.
Celebrações de pequenas conquistas – e até a adoção de produtos e hábitos mais saudáveis – passam a fazer parte desse comportamento. É o que a empresa chama de “fim do consumo romantizado”, percebido em comportamentos como as tendências de “de-influencing” e desafios de moda sem compra no TikTok.
O equilíbrio ganha protagonismo. Enquanto as pessoas estão reavaliando o papel da tecnologia em suas vidas, também estão de olho em seus hábitos digitais. E, na era da Inteligência Artificial, esse movimento será essencial para consolidar o papel dessa ferramenta no dia a dia de cada indivíduo.
“À medida que a revolução da IA se desenvolve, empresas e sociedades vão investigar suas profundas implicações, buscando encontrar confiança e harmonia em um futuro transumano”, afirma Mariana Santiloni, head of Client Engagement da WGSN. “É preciso se sentir à vontade para coexistir com a IA e decidir quando faz sentido se envolver e quando faz sentido se desligar da tecnologia.”
Você sabe o que é
De-influencing?
Também conhecido por desinfluência, trata-se de um movimento contrário à influência tradicional nas redes sociais, no qual criadores de conteúdo desencorajam o consumo impulsivo e promovem escolhas mais conscientes, presente principalmente no TikTok.
o humano com a ia
A geração Beta, que inclui indivíduos nascidos entre 2025 e 2040, será a primeira nativa da era da IA. Como aponta a WGSN, essas pessoas viverão em um mundo hiperconectado, algo que redefinirá como irão viver, aprender, trabalhar e se divertir.
Além disso, enfrentarão diversos desafios relacionados às tendências trazidas pela tecnologia: privacidade, insegurança em relação à tecnologia e uma busca por aquilo que é considerado real e pelas experiências físicas.
Fato é que a Inteligência Artificial já está mudando o comportamento das pessoas. E se seu potencial não pode ser medido, pelo menos ainda, é possível dizer que as transformações provocadas por essa tecnologia também irão se desdobrar ad infinitum.
À medida que nos cansamos de estímulos familiares e buscamos experiências cada vez mais novas, nossas interações com a IA irão se tornar mais fetichizadas
Anna Lembke, psiquiatra e professora da Escola de Medicina da Universidade de Stanford
É preciso se sentir à vontade para coexistir com a IA
Mariana Santiloni, head of Client Engagement da WGSN
Os hobbies do futuro
Em outubro de 2024, a startup israelense Decart lançou, em parceria com a empresa de chips Etched, o Oasis, um videogame criado por Inteligência Artificial generativa. Para isso, a ferramenta foi treinada por meio de milhões de horas de vídeos de jogadores no universo do Minecraft – jogo colaborativo de aventura.
No entanto, os desenvolvedores afirmam que não se trata de um jogo exatamente, mas de um vídeo demonstrativo da solução. A IA generativa é capaz de imaginar qual será a próxima imagem a ser exibida na tela do player, em um processo chamado de “modelagem autorregressiva”. Fazendo isso a uma velocidade de 20 quadros por segundo, em média, a tecnologia surpreende pela capacidade de criar um cenário inteiro a partir de uma imagem enviada pelo jogador.
O Oasis permite apenas 5 minutos de gameplay, como parte da demonstração. No entanto, dá algumas pistas de como serão as formas de entretenimento do futuro: personalizáveis, ágeis e inteligentes.
“Filmes, séries e jogos serão criados com a ajuda de IA, oferecendo experiências únicas e adaptadas a cada espectador. Plataformas de streaming usarão IA para recomendar conteúdos que se alinhem perfeitamente aos nossos gostos, tornando a escolha do que assistir mais fácil e prazerosa. Pode se tornar comum chegar em casa e pedir para sua plataforma gerar um filme de ação, com determinados atores interagindo com o Mickey Mouse, ambientado na Groenlândia na Idade Média, com duração de 15 minutos”, afirma Daniel Lázaro, líder de Data & AI da Accenture para América Latina.
Nesse sentido, Mariana Santiloni, head of Client Engagement da WGSN, explica que “à medida que os consumidores buscam experiências mais personalizadas e envolventes, aumenta a demanda por interações perfeitas, emocionais e conectadas”. Para a especialista, os conteúdos serão adaptados às necessidades dos usuários em tempo real, com cada vez mais combinações de tecnologia sensorial e ambientes imersivos para criar experiências táteis realistas.
Aprendendo com a IA
O ensino é outro âmbito da vida que já passa por transformações, e isso é só o começo. Escolas, faculdades e universidades já utilizam tecnologias para personalizar o ensino e torná-lo mais engajante. As ferramentas de busca expandiram o conhecimento e possibilitaram novas formas de aprender, com a tecnologia servindo com um copiloto dos estudos.
Segundo a pesquisa Inteligência Artificial na Educação Superior, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a Educa Insights, sete em cada dez universitários ou pessoas com interesse em cursar uma faculdade utilizam, frequentemente, ferramentas de IA nas rotinas de estudo.
“A tecnologia irá, cada vez mais, viabilizar formatos de conteúdo educacional inovadores, como experiências imersivas em realidade virtual ou aumentada, jogos educativos e chatbots interativos, assistentes virtuais, plataformas de tutoria inteligente, colaborações multiculturais e aprendizado por projeto”, afirma Jaqueline Weigel, futurista profissional e consultora de Foresight Estratégico da W Futurismo.
Apesar dos ambientes adaptativos, que ajustarão o conteúdo e a dificuldade das lições conforme o progresso e o estilo de cada aluno, Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, faz um alerta: “É fundamental que os estudantes desenvolvam pensamento crítico e não dependam exclusivamente da IA, garantindo uma compreensão profunda e contextualizada dos assuntos.”
Cuidados com a saúde
Quem nunca pesquisou um sintoma no Google? O resultado, geralmente, é bem mais assustador do que a realidade. Mas, com a Inteligência Artificial, essa realidade já está se transformando. Usuários estão utilizando o ChatGPT e semelhantes para entender, com mais detalhes, os sinais dados pelo corpo, e o chatbot, em contrapartida, oferece uma análise muito mais precisa e sensível sobre os possíveis desdobramentos daquele sintoma.
Teremos uma dificuldade cada vez maior na hora de separar o que é real do que é virtual
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva
No futuro, com a IA amplamente adotada e utilizada pelas pessoas, podemos esperar ainda mais personalização e precisão na análise da saúde, em uma nova possibilidade de telemedicina. O comportamento de perguntar à tecnologia antes de consultar um médico irá se tornar comum – o que exigirá uma conscientização da necessidade do cuidado especializado.
“Poderemos contar com aplicativos que monitoram o humor e fornecem técnicas de relaxamento ou meditação personalizadas. Terapias virtuais, mediadas por IA, poderão oferecer suporte emocional imediato, embora não substituam (por enquanto) a profundidade e a empatia de um terapeuta humano. A chave será integrar essas ferramentas de maneira que complementem as práticas tradicionais, promovendo um bem-estar holístico”, afirma Renato Meirelles.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
Bem-estar holístico
Da mesma forma, o bem-estar no futuro será trabalhado de uma nova forma. Diferentes internautas já estão usando ferramentas de IA para fazer terapia ou buscar recomendações para os cuidados da mente, das emoções e do corpo.
Seja pelo ChatGPT, seja pelo Perplexit ou pelo Gemini, pessoas ao redor do mundo estão compartilhando seus sentimentos, angústias, felicidades e temores com ferramentas de IA na busca por novas perspectivas.
“Podemos nos preparar para uma profunda transformação do conceito de bem-estar e da maneira como cuidamos da nossa saúde mental. O bem-estar será visto de forma mais holística, englobando saúde física, mental e emocional e oferecendo recomendações personalizadas para dietas, exercícios, sono e práticas de relaxamento”, prevê Daniel Lázaro, da Accenture.
Para o especialista, as terapias serão mais acessíveis e personalizadas. Ferramentas de IA poderão oferecer suporte emocional e conselhos práticos, ajudando as pessoas a lidar com o estresse, a ansiedade e outros desafios. “Ferramentas auxiliarão as pessoas a monitorar seu bem-estar, a identificar padrões de comportamento e a receber recomendações personalizadas para melhorar sua qualidade de vida, por exemplo, por meio de aplicativos de saúde mental”, corrobora Jaqueline Weigel.
Com a IA, haverá o surgimento de novas soluções para reduzir os atritos nos relacionamentos modernos. Os aplicativos de relacionamento estão perdendo espaço!
Relacionamentos na era da IA
Em janeiro de 2024, o jornal The New York Times publicou a história de uma mulher norte-americana que, apesar de casada, apaixonou-se por um namorado virtual criado pelo ChatGPT. O que começou como um teste da ferramenta da OpenAI, tornou-se rapidamente uma personalização de um relacionamento amoroso, com conversas humanizadas. A mulher passou a considerar os sentimentos despertados pelo namorado de IA reais, considerando aquele relacionamento também real.
Apesar de os aplicativos de relacionamento, como Tinder e Bumble, terem feito sucesso nos últimos anos, permitindo que pessoas de todas as idades, personalidades e origens encontrassem outras semelhantes de forma prática e digital, o uso vem caindo. Os downloads do Tinder, por exemplo, reduziram mais de um terço entre 2014 e 2024, evidenciando uma mudança de comportamento dos usuários em relação aos relacionamentos.
Com os avanços da IA, poderemos esperar o surgimento de novas soluções para reduzir os atritos nos relacionamentos modernos.
“Falamos sobre digissexualidade na WGSN desde 2019. Cada vez mais, veremos uma normalização do companheirismo virtual como uma ferramenta para solucionar as lacunas de relacionamento na cultura moderna e, ao mesmo tempo, reforçar os parâmetros que sejam seguros e saudáveis – mesmo com programas de IA, já que certos casos de sexo com IA e bots de namoro levaram a aumentos na violência, no preconceito e no sexismo”, afirma Mariana Santinoli.
Ferramentas auxiliarão as pessoas a monitorar seu bem-estar, a identificar padrões de comportamento e a receber recomendações personalizadas para melhorar sua qualidade de vida
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva
Dessa forma, diante de uma fadiga dos relacionamentos modernos, a IA deve ser utilizada para solucionar pontos de atritos nos novos relacionamentos, em vez de replicar os pontos ideais dos relacionamentos reais.
“Aplicativos de relacionamento utilizarão algoritmos mais sofisticados para sugerir parceiros compatíveis, enquanto assistentes virtuais poderão ajudar a manter conexões, lembrando aniversários ou sugerindo encontros baseados em interesses comuns. No entanto, teremos uma dificuldade cada vez maior na hora de separar o que é real do que é virtual, o quanto essa ‘dança da conquista’ se trata de uma estratégia de sedução, de um sentimento autêntico ou da materialização de uma narrativa de persuasão criada por IA. É aquela sensação de falar aquilo que o outro quer ouvir”, complementa Renato Meirelles.
A IA pode se beneficiar do caos
No livro Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos, o autor, Nassim Nicholas Taleb, estatístico e analista de riscos, explora os ativos presentes na sociedade que tendem a ganhar força em momentos de transformação. Em outras palavras, são recursos, movimentos, tendências e objetos que prosperam no acaso e em situações de estresse. No mundo dos investimentos, é o caso de ativos fortes, como o ouro e o dólar.
“O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor”, afirma Taleb. “O antifrágil aprecia a aleatoriedade e a incerteza, o que também significa – acima de tudo – apreciar os erros ou, pelo menos, certo tipo de erro. A antifragilidade tem uma propriedade singular de nos capacitar a lidar com o desconhecido, de fazer as coisas sem compreendê-las – e fazê-las bem.”
A Inteligência Artificial parece representar muito bem esse comportamento antifrágil. Como o autor define, “a antifragilidade determina o limite entre o que é vivo e orgânico (ou complexo), como o corpo humano, e o que é inerte”. A tecnologia está nesse limiar, rompendo com barreiras de automação, contribuindo para a personalização dos mais diferentes aspectos da vida e, principalmente, nos ajudando a sermos ainda mais humanos.
da W Futurismo
Compartilhe essa noticia:
Recomendadas
+ CONTEÚDO DA REVISTA
Rua Ceará, 62 – CEP 01243-010 – Higienópolis – São Paulo – 11 3125 2244