As experiências de um futuro antecipado

As experiências de um futuro antecipado

Ficção e futurismo à parte, a Inteligência Artificial evolui o jeito de consumir produtos e serviços e mostra que as experiências do amanhã já são realidade hoje

Em pouco tempo, a Inteligência Artificial (IA) passou a estar presente no dia a dia dos consumidores. Hoje, é difícil imaginar uma vida longe da facilidade e conveniência dos aplicativos, das compras on-line que chegam no dia seguinte ou das plataformas de entretenimento on demand. Interagimos com ferramentas de IA sem precisar entender seus códigos e, muitas vezes, sem nem perceber que elas estão ali. Fato é que experiências ditas como “o futuro” deixaram de ser uma promessa distante. 

A mensagem é clara: IA e outras novas tecnologias não são ficção ou futurismo; elas já transformam nossa relação com marcas, produtos e serviços de uma forma tão profunda que mal temos tempo de perceber a revolução em curso. 

Mais do que atender às necessidades, essas ferramentas antecipam desejos e moldam uma realidade cada vez mais “futurista”. Já estamos na era em que as experiências do cliente fazem parte disso, e as empresas que não se adaptarem ficarão para trás. 

Como bem lembra Willian Valiante, sócio de consultoria para Varejo da EY na América Latina, ao citar a célebre frase de Ram Charan, executivo e escritor: “Qualquer que seja sua estratégia, qualquer que seja seu negócio, comece de trás para frente. Comece pelo consumidor.”

Lucas Brossi, sócio da Bain & Company e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul
Lucas Brossi
Sócio da Bain & Company e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul

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Nesse sentido, os anúncios diários de investimentos bilionários em IA levantam questões essenciais: Onde está o verdadeiro valor dessa tecnologia? Como equilibrar a corrida pela inovação com as reais necessidades e preferências do consumidor? Afinal, o que é a verdadeira experiência do cliente?

Para Everton Baptista, especialista de Dados e Inteligência Artificial do Insper, o verdadeiro valor da IA surge quando o ser humano está no centro de cada decisão, garantindo que a tecnologia seja empregada com propósito, segurança e transparência “Para isso, é fundamental ter uma ‘esteira técnica’ bem-estruturada, que suporte não só o desenvolvimento de modelos, mas também preocupações éticas, de privacidade e de governança de dados”, destaca.

Os consumidores brasileiros, um dos mais exigentes do mundo, mostram-se abertos a experimentar novas soluções baseadas em IA, especialmente quando essas tecnologias aprimoram sua experiência. Willian Valiante, da consultoria EY, aponta que a transformação digital já está em curso, e o comportamento do consumidor é o maior termômetro dessa evolução. “Já vemos a interação do consumidor com a IA crescer em grande escala, seja de forma direta, com Agentes Virtuais, seja de forma indireta, recebendo recomendação de algum produto ou serviço por IA, por exemplo”, observa.

David Dias, sócio da EY e líder de Inteligência Artificial para Mercados, complementa o panorama destacando a aceleração dos investimentos na tecnologia. Segundo ele, 2023 foi um ano de experimentação e testes de IA generativa, enquanto 2024 marcou uma transição para projetos mais robustos, focados na implementação estruturada da tecnologia. Para 2025, a expectativa é de um crescimento ainda mais expressivo na adoção e nos investimentos em IA.

Um estudo recente da EY, o AI Pulse, reforça essa tendência. A pesquisa, em que foram entrevistados 500 líderes empresariais de diversos setores, revelou que 97% das empresas que já investem em IA relataram um retorno positivo. Esse otimismo se reflete nos planos de expansão: 34% das companhias que utilizam IA planejam investir US$ 10 milhões ou mais em 2025.

“Esses dados demonstram que não estamos mais tratando apenas de sinais de mudança, mas de projetos reais e concretos que já estão transformando negócios e experiências no presente. Entre eles estão personalização em tempo real, automações inteligentes e decisões orientadas por dados”, explica David Dias. 

Tecnologias complexas devem desaparecer atrás de experiências simples

A personalização, inclusive, é um dos sinais mais claros da consolidação da IA. Candice Mascarello, diretora-executiva e sócia do Boston Consulting Group (BCG), cita exemplos como chatbots que respondem a perguntas simples, sistemas de recomendação que antecipam preferências em plataformas de streaming e e-commerce e assistentes virtuais que organizam agendas. “A personalização em escala é um sinal claro, com marcas adaptando a comunicação e as ofertas individualmente”, conclui.

Mas, para atingir esse nível de eficiência, é preciso que as empresas possam garantir que a adoção de novas tecnologias realmente melhore a experiência do cliente, em vez de criar barreiras ou complicações. Candice sugere que “por meio da usabilidade, interfaces intuitivas, processos transparentes e acessibilidade para todos os públicos são mandatórios. Além disso, tem o feedback do cliente, que deve servir como guia para as ações empresariais”, orienta. 

Além disso, é essencial enxergar a tecnologia como um facilitador da jornada do cliente, e não como um fim em si mesma. Everton Baptista complementa essa 

Candice Mascarello, diretora-executiva e sócia do Boston Consulting Group (BCG)
Candice Mascarello
Diretora-executiva e sócia do Boston Consulting Group (BCG)

visão: “Se uma solução aumenta a complexidade ou não aborda efetivamente a dor do cliente, isso indica falhas de planejamento”, pontua. “Portanto as empresas precisam adotar um design centrado no usuário, compreendendo, profundamente, cada etapa da experiência. É uma forma eficaz de evitar esses problemas”, diz. 

Na mesma linha de pensamento, David Dias, da EY, diz que monitorar e entender o cliente é fundamental para ajustar a experiência. “Toda solução e implementação deve começar pela perspectiva do usuário final (customer centric)”, destaca. “A solução deve prezar pela simplicidade, objetividade e acessibilidade. Tecnologias complexas devem desaparecer atrás de experiências simples. Devemos medir e ajustar continuamente”, pontua. 

Dessa forma, surgem as experiências que parecem ter vindo do futuro. Elas encantam, surpreendem os clientes e criam conexões importantes com as marcas. 

Prédios digitais e conectados

É comum olharmos para vivências internacionais quando falamos de inovação e experiência do cliente, mas não podemos deixar de destacar que o Brasil também avança na jornada tecnológica. Por aqui, algumas empresas já estão trazendo o futuro para o presente. Uma delas é a Housi, uma proptech que, desde a fundação, em 2019, vem sendo pioneira no mercado imobiliário nacional ao trazer o conceito de smart living para as capitais brasileiras. 

Por meio do aplicativo da empresa, os locatários podem reservar apartamentos por tempo determinado, com a conveniência de ter acesso a moradias inteligentes. No entanto, o diferencial da Housi vai além da proposta de oferecer praticidade. A empresa desenvolveu um ecossistema que transforma prédios analógicos em digitais, entregando uma nova forma de morar. 

Robô autônomo da  Housi que realiza serviço de quarto
Robô autônomo da Housi que realiza serviço de quarto
que realiza serviço de quarto
Alexandre Frankel
Alexandre Frankel
CEO da Housi

Algumas unidades, por exemplo, contam com um robô autônomo que realiza serviços de quarto. A Consumidor Moderno foi conhecer como esses prédios inteligentes funcionam e viu de perto a atuação desse robô, desenvolvido em parceria com o Laboratório Avançado de Inteligência Artificial (Alabia).

O processo é simples e eficiente: o morador faz um pedido por delivery e, em vez de precisar trocar de roupa para buscar a encomenda na portaria, a recepção coloca os itens no robô, que, de forma autônoma, chama o elevador e vai até o apartamento. Ao chegar, ele entrega o pedido e verifica se tudo está conforme o esperado, retornando à base de carregamento sem a necessidade de intervenção humana. 

Mas não para por aí.  Os prédios são hubs multifuncionais equipados com IoT, sensores e fechaduras eletrônicas. Tudo isso é integrado a um aplicativo, criando um ambiente em que os moradores têm acesso a serviços essenciais como lavanderia autônoma, lavagem de carros, delivery de alimentos, farmácias, adegas e até estúdios de gravação. 

Quem gerar praticidade vai ganhar o jogo. As pessoas hoje buscam ter mais tempo para aquilo que realmente importa

Dessa forma, assim como um smartphone concentra diversos aplicativos, os prédios da Housi vêm com a proposta de centralizar serviços essenciais em um único local. Essa transformação reflete uma nova mentalidade no setor Imobiliário. 

Para Alexandre Frankel, CEO da Housi, não é mais possível dissociar infraestrutura física de serviços e tecnologia. “Quem gerar praticidade vai ganhar o jogo. As pessoas hoje buscam ter mais tempo para aquilo que realmente importa”, afirma. “Não é tecnologia por tecnologia, mas é como a tecnologia nos ajuda a levar toda essa praticidade para os nossos moradores”, complementa. 

“Por isso, tijolo e serviços de tecnologia têm de andar totalmente integrados. Boa parte do mercado ainda não entendeu isso, produzindo só o tijolo analógico e obsoleto, enquanto o mundo evoluiu para ter uma integração perfeita ao ponto que o usuário ou o morador não vai mais aceitar algo que não venha com isso embarcado.”

Em busca de garantir uma inovação constante, a proptech utiliza dados para aprimorar continuamente a experiência do cliente. Com pesquisas de satisfação em tempo real e análise de hábitos de consumo, a empresa consegue ajustar a oferta de serviços, otimizar a gestão de estoque e melhorar a eficiência energética dos prédios. 

Uma nova forma de educar

A educação é um dos setores que mais se beneficiam das inovações provocadas pela tecnologia. Um exemplo disso é a Escola Eleva, na Vila Mariana, em São Paulo. Com recursos de ponta, como Inteligência Artificial e Realidade Virtual (VR), a sala de aula ganhou experiências imersivas e personalizadas, indo além do ensino tradicional e estimulando a criatividade e a inovação entre os alunos. 

Para isso, a tecnologia não é tratada como um tema isolado, mas sim como uma ferramenta essencial para potencializar o aprendizado em todas as matérias. Com a solução de VR, por exemplo, os alunos podem explorar Marte, durante a aula de astronomia, como se estivessem de fato no planeta. Nas aulas de biologia, os órgãos do corpo humano são observados em detalhes, enquanto nas de geografia é possível “visitar” o ambiente estudado. 

O mais importante é ensinar o aluno a se apoderar do conhecimento e transformá-lo

Assim, o que antes dependia das ilustrações estáticas em páginas de livros didáticos e da imaginação do próprio aluno, agora se torna visual, interativo e, principalmente, significativo. Com a tecnologia, o impacto do aprendizado é transformado e os horizontes são expandidos.  

A grade curricular também inclui a disciplina Creative Tech, que promove projetos interdisciplinares. “A tecnologia está presente em toda a nossa proposta pedagógica. O mais importante é ensinar o aluno a se apoderar do conhecimento e transformá-lo”, explica Lucy Nunes, diretora fundadora da Escola Eleva em São Paulo.

Pietra Angelo Pierozzi, de 13 anos, destaca como o aprendizado ficou mais fácil. “Os materiais mais tecnológicos e modernos ajudam muito no aprendizado e nos projetos que precisamos desenvolver”, conta. 

Além da tecnologia digital, a Eleva investe em inovação através do Design Thinking. Os alunos utilizam impressoras 3D para criar soluções reais dentro da escola, combinando criatividade e conhecimento adquirido em diversas disciplinas. “Eles estudam um problema, analisam seu impacto e desenvolvem soluções inovadoras. No final, podem modelar e imprimir suas ideias em 3D”, explica Brenda Araujo, CTech teacher da escola.

Aluna Pietra interagindo com a disciplina de creative tech
Alune Pietra
interagindo com a disciplina de creative tech
Lucy Nunes, diretora fundadora da Escola Eleva
Lucy Nunes
Diretora fundadora da Escola Eleva

Outra ferramenta utilizada é a Inteligência Artificial, que personaliza o ensino. Por meio de uma plataforma digital, a IA analisa o desempenho dos estudantes em disciplinas como matemática, ciências e inglês, identificando dificuldades e avanços para adaptar os desafios de acordo com o nível de cada aluno. Dessa forma, a tecnologia auxilia os professores na gestão da sala de aula, fornecendo relatórios detalhados sobre o progresso dos alunos.

Diante das incertezas sobre o futuro do trabalho e as transformações tecnológicas, a união da tecnologia ao ensino tradicional é uma aposta no desenvolvimento de habilidades essenciais como pensamento crítico, autonomia e criatividade. Mais do que apenas transmitir conteúdo, a escola busca capacitar os alunos a questionar, inovar e aplicar o conhecimento de forma prática.

IA em números

75%das empresas brasileiras usam IA em alguma capacidade

60%das empresas que usam IA a colocam entre as 5 maiores prioridades de investimento nos próximos anos

US$ 5 milhõesao ano é a média de investimento das empresas em iniciativas de IA no mundo

100é o número médio de funcionários dedicados à IA nas empresas

US$ 50 milhõesé o valor que chega o investimento de 20% das empresas de grande porte por ano em IA

Drones e os avanços na Logística

Entre as inovações que têm trazido impactos importantes está a combinação de IA com robôs. Tornando-se mais independentes e inteligentes, elas realizam tarefas mais complexas. Exemplo disso são os drones utilizados na área de Logística para trazer agilidade para as entregas e encurtar caminhos – como os pombos-correios das telas de cinema, que voavam para garantir que uma carta chegasse com rapidez ao destinatário. 

No Brasil, a empresa autorizada pela ANAC para essa atividade é a Speedbird Aero, que aplica IA em diversas frentes. Nas aeronaves, a tecnologia é utilizada para visão computacional, permitindo o reconhecimento visual do ponto de pouso para aterrissagens automatizadas e a navegação sem GPS, baseada no reconhecimento do terreno por meio das imagens captadas pelas câmeras de navegação. Já no Gerenciamento de Tráfego de Aeronaves Não Tripuladas (UTM), a empresa tem avançado para gerenciar milhares de voos e operações com aeronaves não tripuladas.

“Nosso objetivo é otimizar as melhores rotas e garantir a convivência segura entre drones e aeronaves tripuladas, processando um volume gigantesco de dados que só a IA pode analisar de forma escalável”, diz Manoel Coelho, CEO da Speedbird Aero.

Drone da Speedbird em entrega
Drone da Speedbird
duramte voo para entrega

A empresa já realizou mais de 32 mil voos comerciais de delivery, reduzindo o tempo de entrega em, pelo menos, 50% em relação aos métodos tradicionais. Em alguns casos, esse serviço só foi possível graças aos drones. 

“Fomos responsáveis pela primeira isenção de voo sobre pessoas em Aracaju (SE). Agora, um drone pode sair do Shopping Rio Mar, atravessar uma ponte e uma rua para realizar a entrega do outro lado da cidade com total segurança. Isso economiza 18 km de ida e 18 km de volta, reduzindo o tempo de entrega de 1 hora para menos de 5 minutos”, explica Coelho.

Além disso, a Speedbird Aero colabora com indústrias para transporte de mercadorias urgentes, como amostras laboratoriais, implantes dentários e peças de reposição para maquinário industrial, reduzindo prazos e custos logísticos.

Um dos principais parceiros da Speedbird é o iFood, que tem apoiado o desenvolvimento e a certificação das aeronaves e do espaço aéreo para a implementação desse novo modal no Brasil. Apesar das restrições regulatórias, que ainda impedem sobrevoos diretos sobre áreas densamente povoadas, a empresa já conquistou avanços importantes.

Para os próximos anos, a empresa está desenvolvendo um sistema de controle de Gerenciamento de Tráfego de Aeronaves Não Tripuladas (UTM), em parceria com empresas de Israel. Essa tecnologia permitirá o escalonamento seguro das operações com drones. “Lá, por exemplo, fomos responsáveis pelo primeiro voo civil de um drone de carga saindo de um aeroporto ativo”, explica. 

Além disso, há investimentos no desenvolvimento de aeronaves com maior alcance e capacidade de carga, antecipando a crescente demanda por soluções logísticas mais eficientes e sustentáveis. 

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Entregas autônomas com robôs

Outra empresa que está mudando a realidade de entregas autônomas é a Synkar. Um dos cases de sucesso da brasileira especializada em IA é a criação do robô ADA, um veículo autônomo, 100% elétrico, com autonomia de 12 horas e capacidade para transportar até 30 kg. Com um sistema de iluminação interna que utiliza raios ultravioleta (UV), ele ainda elimina microrganismos das embalagens e aumenta a segurança da entrega.

Um exemplo de uso é a parceria com o iFood. Ao receber o sinal do aplicativo, o ADA segue sua rota, de forma autônoma, até o restaurante indicado. Após coletar o pedido, dirige-se a um ponto de encontro, no qual um mensageiro retira o pedido e o entrega no iFood Hub – espaço estrategicamente localizado para facilitar a distribuição do pedido para o entregador que fará o percurso da última milha. 

O ADA opera em Osasco (SP), na sede do iFood, em São José do Rio Preto (SP), em Ribeirão Preto (SP) e em Goiânia (GO). “Com o iFood, especificamente, conseguimos uma redução de até 40% do tempo de entrega na primeira milha com nossa operação em shoppings, levando pedidos dos restaurantes para os entregadores parceiros”, explica Lucas Assis, CEO da Synkar. 

Equipamentos permitirão que a IA possa ser utilizada para melhor monitoramento e integração do espaço aéreo, o que possibilitará manter um nível de segurança apesar do significativo aumento de aeronaves e voos ao redor do mundo

“Acreditamos que o futuro é hoje, já que a IA está transformando a experiência de entrega, tornando-a mais segura, eficiente e adaptada às demandas do ambiente urbano”, complementa.

Para garantir a segurança de pedestres e motoristas, a Synkar desenvolveu um sistema que integra detecção de obstáculos, reconhecimento de padrões e tomada de decisão automatizada. Isso permite que os veículos ajustem a rota e o comportamento conforme as condições do ambiente. “Além disso, realizamos testes rigorosos de segurança e atualizamos constantemente nossos algoritmos para garantir que as entregas ocorram com a máxima precisão, eficiência e segurança”, explica Lucas. 

Na visão do CEO, a tendência é que as entregas autônomas se consolidem como uma solução essencial para a logística urbana no Brasil. Para impulsionar essa evolução, a Synkar está investindo em novas parcerias, expansão da frota e pesquisa contínua, sempre com foco na melhoria da experiência do cliente. 

Menos filas e mais interação tecnológica nos supermercados

O ganho de tempo e a diminuição da fricção nas jornadas tem sido o ponto-chave do valor gerado pela tecnologia para a experiência do cliente. No Grupo Carrefour Brasil, a IA está no centro da transformação digital, permitindo que a companhia compreenda melhor os clientes, otimize os processos e ofereça as soluções mais assertivas. 

“Foi preciso nos adaptar e entender qual é o momento e a missão do consumidor em cada um dos pontos de contato com a gente, e os dados logo se tornaram aliados fundamentais da jornada de experiência”, conta Arthur Silveira, diretor de Dados & Insights e E-commerce do Grupo Carrefour Brasil.

Dessa forma, a IA é utilizada para analisar dados em tempo real e identificar padrões de fluxo e demanda, antecipando movimentos e garantindo maior eficiência na alocação de recursos humanos nos caixas e nos corredores dos supermercados. Algoritmos em teste podem, inclusive, otimizar o gerenciamento das filas.

Em outra frente, Modelos de Estoque e Substituição, baseados em IA, antecipam demandas e fazem substituições adequadas, garantindo aos clientes acesso aos produtos desejados, mesmo em situações de falta temporária. “Essa abordagem tem-se mostrado altamente eficiente, resultando em um aumento significativo de quase 15 pontos percentuais em nosso índice de pedidos completos”, comenta Silveira. 

Estamos comprometidos em revolucionar o setor Logístico por meio de soluções autônomas inteligentes e aderentes à realidade brasileira

Apesar de, muitas vezes, não perceberem a presença da tecnologia, os clientes notam os benefícios na prática, como conta Silveira. “O nosso objetivo é fazer intervenções sutis na jornada deles, mas que a torne mais prazerosa e simples. Esse olhar de trazer benefícios sem expor a tecnologia ajuda na adoção e no retorno. O que percebemos é que tecnologia e IA são meios, e não fins. Para as pessoas, o que importa mesmo é a sua jornada ser facilitada e cada vez mais personalizada”, explica. 

Outro formato que ganha espaço nas capitais do País são os supermercados autônomos, nos quais o próprio cliente escaneia os produtos via QR Code e faz o pagamento por aplicativo antes de sair da loja. O Zaitt, por exemplo, fica aberto 24 horas, entregando comodidade e conveniência para o consumidor. 

Comissária de bordo digital

Em outra experiência que se diferencia da concorrência, a Qatar Airways desenvolveu a primeira comissária de bordo movida por IA do mundo. Com o papel de apoiar os viajantes da empresa quando e onde for preciso, a Sama também marca presença nas redes sociais com sua conta @SamaOnTheMove.

Consumidor Moderno testou a interação com a assistente digital e perguntou dicas de viagem. O resultado? Respostas dinâmicas, assertivas e surpreendentemente humanas, como quando é questionada sobre o procedimento de check-in da companhia aérea e responde com todos os detalhes, ao mesmo tempo em que podemos “olhar para a sua cara”. 

“Apresentar a Sama no Instagram é uma extensão da nossa visão de unir conexão humana com inovação tecnológica. Sama não é apenas uma humana digital; ela é um reflexo de como vemos o futuro das viagens – pessoal, envolvente e profundamente conectado às experiências que importam”, pontua Babar Rahman, vice-presidente sênior de Marketing e Comunicação Corporativa da Qatar Airways.

Revelada com grande aclamação na ITB Berlin 2024, Sama simboliza um marco na forma como a companhia construiu uma relação mais próxima com seus viajantes. A comissária digital transporta os seguidores por uma jornada pela ampla rede da Qatar Airways, que abrange mais de 170 destinos pelo mundo. 

“A presença da Sama marca um avanço na forma como humanizamos nossa marca e criamos momentos que ressoam com nosso público global”, pontua Rahman.

O sonho do carro voador já é uma realidade

Estamos testemunhando uma nova era de experiências, e o futuro da mobilidade urbana está muito mais próximo do que imaginamos. Enquanto a Tesla já comercializa carros autônomos que “dirigem” com segurança sem a necessidade de motorista, empresas ao redor do mundo já desenvolvem carros voadores. 

A EHang, empresa de tecnologia de Veículos Aéreos Autônomos (AAVs), está trazendo  essa revolução para o Brasil. O primeiro voo de teste da empresa no País ocorreu no fim de 2024, na cidade de Quadra (SP), em parceria com a operadora local Gohobby Future Technology. 

Essa conquista tem importância de peso para o desenvolvimento futuro de soluções de Mobilidade Aérea Urbana (UAM) no Brasil, um País conhecido como o berço da aviação latino-americana, lar de uma das principais indústrias aeronáuticas do mundo e um dos maiores mercados de eVTOL – sigla para veículos elétricos de decolagem e pouso vertical – do mundo. 

Até agora, a EHang e seus parceiros locais realizaram mais de 50 mil voos seguros em 17 países na Ásia, Europa, América do Norte e América Latina. 

O eVTOL EH216-S, da EHang, é um veículo 100% elétrico, autônomo e projetado para transporte de passageiros e cargas leves. Suas principais inovações incluem:

  • Dois pilotos remotos, eliminando a necessidade de um piloto a bordo.
  • Sistemas redundantes de segurança, com múltiplos sensores e protocolos
    de emergência.
  • Operação sustentável, com zero emissão de carbono e baixo nível de ruído.
  • Integração com redes 4G e 5G, permitindo comunicação em tempo real com
    a central de controle e os passageiros.

O que o mercado busca são profissionais que saibam resolver problemas e trabalhar em equipe

De acordo com Alexandre Daltro, CEO da AT Global, representante da EHang no Brasil, a realização do primeiro voo experimental no País envolveu desafios significativos, especialmente na obtenção de autorizações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). “Como se trata de uma tecnologia pioneira, há um processo detalhado de certificação para garantir conformidade com os padrões de segurança e navegação aérea”, explica. 

A ideia é que, no futuro, a mobilidade aérea se torne um serviço acessível, confiável e intuitivo, eliminando barreiras operacionais e tornando o processo de voo mais fluido e integrado às necessidades dos passageiros. “Acreditamos que os eVTOLs terão um papel essencial na mobilidade aérea urbana de voo de baixa altitude, especialmente em cidades com trânsito intenso e grandes distâncias a percorrer”, destaca Alexandre.

A chegada dos veículos elétricos de decolagem e pouso vertical tem despertado grande curiosidade e entusiasmo. No entanto, como acontece com toda tecnologia disruptiva, ainda há um processo de adaptação e conscientização. “Com a evolução da regulamentação e da infraestrutura de vertiportos, o transporte aéreo urbano pode complementar os meios tradicionais, reduzindo 

Maira Habimorad, CEO do Inteli
Maira Habimorad
CEO do Inteli

congestionamentos e proporcionando um deslocamento mais ágil e sustentável. Nossa expectativa é que, nos próximos anos, os eVTOLs passem para operações de voos panorâmicos de baixa altitude, como já está ocorrendo na China”, explica.

A chegada dos veículos elétricos de decolagem e pouso vertical tem despertado grande curiosidade e entusiasmo. No entanto, como acontece com toda tecnologia disruptiva, ainda há um processo de adaptação e conscientização. “Com a evolução da regulamentação e da infraestrutura de vertiportos, o transporte aéreo urbano pode complementar os meios tradicionais, reduzindo congestionamentos e proporcionando um deslocamento mais ágil e sustentável. Nossa expectativa é que, nos próximos anos, os eVTOLs passem para operações de voos panorâmicos de baixa altitude, como já está ocorrendo na China”, explica.

Após o sucesso do voo experimental, a EHang planeja expandir os testes para outras regiões do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, a empresa está trabalhando na regulamentação necessária para iniciar operações comerciais de acordo com os padrões estabelecidos pela ANAC. O objetivo é lançar um modelo pioneiro de mobilidade aérea urbana, oferecendo voos sustentáveis e acessíveis para deslocamentos de baixa altitude no País.

As inovações no Brasil

Estes são apenas alguns exemplos de experiências que estão sendo – e podem ser – impactadas pela Inteligência Artificial e pelas novas tecnologias. Há, ainda, inovações no varejo, com provadores virtuais que utilizam Realidade Aumentada para tornar a jornada do cliente phygital; e na saúde para evoluir a qualidade do atendimento e do tratamento, com o uso de IA para ler exames e até robôs para auxiliar em cirurgias. 

Todavia, em países como China e Japão, a presença de robôs e outras soluções é significativamente mais avançada. Eles já fazem parte do cotidiano, assumindo tarefas como as de garçons, enfermeiros, limpeza e manutenção, recepcionistas, segurança, entre outras. Nos Estados Unidos, hotéis de luxo já oferecem o serviço de robôs massagistas, e máquinas que fazem as unhas de mulheres em poucos minutos são estrategicamente posicionadas em aeroportos e centros comerciais. 

Para evoluir mais nesse sentido, as empresas brasileiras precisam desenvolver uma ambidestria estratégica, equilibrando inovação e tecnologia com a maximização dos resultados no presente. No entanto, a falta de profissionais qualificados é um entrave importante nesse processo.

“Encontrar e reter esses talentos é um dos principais desafios para escalar o uso de IA e aumentar os casos de sucesso — questão citada por 62% dos executivos brasileiros como limitante na aceleração”, explica Lucas Brossi, sócio da Bain & Company e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul.

Respondendo a esse desafio no mercado, o Inteli nasceu com um propósito muito claro de formar as novas lideranças em tecnologia no Brasil. A ideia surgiu em 2019 e se concretizou em 2022, impulsionada pelos fundadores, os empresários André Esteves e Roberto Sallouti, sócios do BTG Pactual. A motivação veio de uma visita deles ao Vale do Silício, onde perceberam um grande desafio no Brasil: a escassez de engenheiros altamente qualificados para atender à crescente demanda do mercado. 

O modelo de ensino é inspirado em universidades e escolas internacionais de ponta, como MIT, Olin College, Wharton School e Harvard, trazendo um currículo baseado em projetos, um processo seletivo holístico, que valoriza não apenas notas, mas também atividades extracurriculares e o potencial de cada aluno. Há, ainda, um forte direcionamento para que os profissionais se destaquem no mercado, seja empreendendo, seja atuando em grandes empresas.

Interior da universidade Inteli
Interior da universidade
Inteli

“Mais do que formar talentos, queremos garantir que os melhores alunos tenham acesso ao Inteli, independentemente da renda. Contamos com um programa de bolsas de estudo robusto, financiado por empresários, instituições e empresas. Nosso compromisso vai além da educação. Estamos investindo no futuro do Brasil”, destaca Maira Habimorad, CEO do Inteli. 

“Encontrar e reter esses talentos é um dos principais desafios para escalar o uso de IA e aumentar os casos de sucesso — questão citada por 62% dos executivos brasileiros como limitante na aceleração”, explica Lucas Brossi, sócio da Bain & Company e líder da prática de Inteligência Artificial na América do Sul.

Respondendo a esse desafio no mercado, o Inteli nasceu com um propósito muito claro de formar as novas lideranças em tecnologia no Brasil. A ideia surgiu em 2019 e se concretizou em 2022, impulsionada pelos fundadores, os empresários André Esteves e Roberto Sallouti, sócios do BTG Pactual. A motivação veio de uma visita deles ao Vale do Silício, onde perceberam um grande desafio no Brasil: a escassez de engenheiros altamente qualificados para atender à crescente demanda do mercado. 

O modelo de ensino é inspirado em universidades e escolas internacionais de ponta, como MIT, Olin College, Wharton School e Harvard, trazendo um currículo baseado em projetos, um processo seletivo holístico, que valoriza não apenas notas, mas também atividades extracurriculares e o potencial de cada aluno. Há, ainda, um forte direcionamento para que os profissionais se destaquem no mercado, seja empreendendo, seja atuando em grandes empresas.

“Mais do que formar talentos, queremos garantir que os melhores alunos tenham acesso ao Inteli, independentemente da renda. Contamos com um programa de bolsas de estudo robusto, financiado por empresários, instituições e empresas. Nosso compromisso vai além da educação. Estamos investindo no futuro do Brasil”, destaca Maira Habimorad, CEO do Inteli. 

Desde o primeiro módulo, os alunos desenvolvem soluções para desafios reais em parceria com empresas, ONGs e órgãos governamentais. Isso permite que adquiram, na prática, conhecimentos em computação, negócios e liderança, sempre conectados às demandas do mercado.

Maira explica que o aprendizado vai muito além de conceitos. Desde cedo, os alunos praticam como criar um produto, torná-lo viável e apresentá-lo estrategicamente. Além disso, têm contato direto com líderes do setor, desenvolvendo tanto hard skills quanto soft skills e construindo uma rede de contatos valiosa.

“No final do dia, o que o mercado busca são profissionais que saibam resolver problemas e trabalhar em equipe, que estejam preparados para inovar, empreender e liderar no mundo da tecnologia”, afirma Habimorad. 

SUMÁRIO – Edição 290

A evolução do consumidor traz uma série de desafios inéditos, inclusive para os modelos de gestão corporativa. A Consumidor Moderno tornou-se especialista em entender essas mutações e identificar tendências. Como um ecossistema de conteúdo multiplataforma, temos o inabalável compromisso de traduzir essa expertise para o mundo empresarial assimilar a importância da inserção do consumidor no centro de suas decisões e estratégias.

A busca incansável da excelência e a inovação como essência fomentam nosso espírito questionador, movido pela adrenalina de desafiar e superar limites – sempre com integridade.

Esses são os valores que nos impulsionam a explorar continuamente as melhores práticas para o desenho de uma experiência do cliente fluida e memorável, no Brasil e no mundo.

A IA chega para acelerar e exponencializar os negócios e seus processos. Mas o CX é para sempre, e fará a diferença nas relações com os clientes.

CAPA: Rhauan Porfirio e Camila Nascimento
IMAGEM: Adobe Stock


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jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

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