Habilidades do planejamento estratégico na era da IA
- Por Marcelo Brandão
Planejar em tempos de Inteligência Artificial (IA) é um desafio multifacetado que exige uma nova mentalidade. Para CEOs e C-Levels, o desafio não é penas questionar como usar as novas tecnologias e quais serão os resultados disso, mas equilibrá-las com o fator humano, afinal, o futuro a um prompt também depende de um lado crítico e estratégico.
O relatório Tecnology Leaders Study, da IBM, é claro: “a TI como função autônoma está morta”. A ascensão da IA generativa (GenAI) acelerou essa mudança. Segundo o estudo, 72% dos CEOs acreditam que a vantagem competitiva depende de quem tem a GenAI mais avançada. Isso mostra que as empresas estão apostando em líderes preparados para atrair talentos e impulsionar resultados com IA de ponta.
Além disso, em um mundo no qual novas tecnologias surgem velozmente, com centenas de empresas ofertando uma vasta cadeia de suprimentos de IA, as decisões precisam ser tomadas com maior rapidez e acuidade. Não há mais dúvidas de que aqueles que abraçam a IA como uma aliada já estão mais bem posicionados para liderar suas organizações rumo a um futuro mais dinâmico (a tal simbiose “humano-máquina” que abordamos na matéria de capa).
No entanto, não basta adotar uma nova tecnologia e esperar a magia acontecer. Apesar de as ferramentas auxiliarem no gerenciamento ágil das demandas, na colaboração e no pensamento mais criativo, impulsionando a inovação e o crescimento dos negócios, o papel das lideranças é indispensável. As mais bem posicionadas conhecem bem seus desafios e, ao passo em que avançam nesse cenário, precisam estar ainda mais atentas a uma qualidade humana fundamental: adaptabilidade.
acreditam que suas equipes têm conhecimento e habilidade para incorporar novas tecnologias, como a IA generativa
Fonte: Tecnology Leaders Study, IBM
de tecnologia dizem ter dificuldades para preencher funções-chave na área
Fonte: Tecnology Leaders Study, IBM
de trabalho serão tomadas autonomamente por agentes de IA até 2028
Fonte: Gartner
acreditam que a vantagem competitiva depende de quem tem a GenAI mais avançada
Fonte: Tecnology Leaders Study, IBM
O colaborador como potencializador da IA
Evidentemente, a adaptabilidade envolve promover uma cultura organizacional resiliente e inovadora dentro de uma organização. Maureen Lonergan, vice-presidente de Treinamento e Certificação da AWS, lidera uma equipe global de criadores comprometidos com o treinamento da próxima geração de talentos em nuvem. Para ela, o maior investimento em IA generativa no futuro será em pessoas.
Cada vez mais, as empresas precisarão de colaboradores com habilidades em IA para executar estratégias e rodmaps com a tecnologia – e será necessário treiná-los para isso.
Nesse sentido, Cleber Morais, diretor-geral da AWS no Brasil, salienta que tais habilidades devem ser acompanhadas das soft skills, como comunicação eficaz e gestão de mudanças.
Os líderes devem considerar a adoção de assistentes de aprendizagem digital para acelerar o desenvolvimento de habilidades críticas em seus funcionários
Cleber Morais, diretor-geral da AWS no Brasil
“É importante abraçar a aprendizagem potencializada por Inteligência Artificial, implementando sistemas de treinamento digital com tutores virtuais baseados em IA, por exemplo. Além disso, os líderes devem considerar a adoção de assistentes de aprendizagem digital para acelerar o desenvolvimento de habilidades críticas em seus funcionários”, destaca.
Já Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da NVIDIA para América Latina, traz um exemplo prático e objetivo de como liderar com o apoio da tecnologia. “Estou utilizando a IA para otimizar o planejamento e qualificar a tomada de decisão, processando grandes volumes de dados em tempo real, identificando padrões e insights que direcionam escolhas melhores.”
O executivo conta que a companhia também trabalha com análise de dados avançada para monitorar tendências, medir resultados e ajustar continuamente as ações. “Isso garante que as decisões sejam embasadas em informações consistentes e atualizadas”, diz.
Para avançar nesse terreno, a Accenture criou um produto de dados chamado “Value Insights Platform”, que alavanca técnicas de IA para interpretar todas as comunicações e anúncios públicos que seus clientes levam ao mercado. A ideia é consolidar resultados e aprendizados de forma local, regional e global com ofertas, produtos e experiências internas para combiná-las com dados de fontes externas.
“É um veículo poderoso de suporte, que amplifica todo conhecimento e visão que nossos talentos têm, equipando essas pessoas nas interações com a liderança de nossos clientes, no planejamento de ações de engajamento e posicionamento e no aprendizado sobre determinada empresa ou cadeia de valor. Tudo isso de forma segura, gerenciada, transparente, responsável e confiável”, explica Daniel Lázaro, líder de Data & AI da Accenture para América Latina.
A cultura da IA
Sobre qualidades decisivas para as lideranças com novas tecnologias, nada mais valoroso do que a prática constante. No Grupo Fleury, por exemplo, os líderes adotam uma abordagem proativa sobre este tema.
Busque vivência prática com IA, envolvendo-se em projetos de inovação e desenvolvendo uma visão estratégica de longo prazo, tenha uma mentalidade colaborativa e busque parcerias
Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico e Novos Elos do Grupo Fleury
Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico e Novos Elos da companhia, diz que compreender como as tecnologias de IA funcionam, especialmente em áreas como Automação e Segurança de Dados, é fundamental para aprimorar habilidades com IA. “Um conselho é buscar vivência prática, envolvendo-se em projetos de inovação e desenvolvendo uma visão estratégica de longo prazo, ter uma mentalidade colaborativa e buscar parcerias.”
Um reflexo dessa postura no Grupo Fleury é o uso de um tipo de IA treinada para processar e gerar linguagem natural, capaz de identificar 22 achados radiológicos em laudos de tomografia computadorizada e ressonância magnética de coluna. Os marcadores são estruturados em um “Mapa de Saúde Assistencial”, que permite a coordenação do cuidado digital da saúde de forma rápida e eficiente em grupos de pacientes especiais.
A iniciativa já analisou resultados de exames de cerca de 17 mil pacientes. O sistema acompanha, em tempo real, todos os pacientes com hérnia de disco ou com estreitamento do canal vertebral, apoiando o trabalho dos médicos.
Seguindo a linha de aplicação de dados coletados para a tomada de decisões, o Grupo Boticário é outra organização que busca fomentar nas lideranças uma cultura data-driven. “A relevância de utilizar as informações coletadas nunca foi tão evidente. Em uma perspectiva mais ampla, é crucial nos prepararmos para redefinir nossa abordagem na tomada de decisões”, pontua Natália Calixto, diretora de Gestão de Valor do Consumidor da organização.
Na empresa, o entendimento de que não basta apenas ter acesso à tecnologia, mas explorar, testar e aprender constantemente com ela, é estimulado não só em líderes, mas em toda a companhia.
“A cultura de inovação contínua deve ser uma premissa. Isso significa criar um ambiente no qual o erro faça parte do processo de aprendizado – errar pequeno, aprender rápido e escalar o que funciona. A IA não substitui a intuição nem o olhar humano, mas amplia as possibilidades de personalização, antecipação de tendências e eficiência operacional”, completa Natália.
A IA não substitui a intuição nem o olhar humano, mas amplia as possibilidades de personalização, antecipação de tendências e eficiência operacional
Natália Calixto, diretora de Gestão de Valor do Consumidor do Grupo Boticário
Na C&A, essa abordagem, segundo o CTIO da companhia, Bruno Ferreira, é incentivada por meio de uma “cultura de inovação, experimentação e resiliência”.
Com foco em gerar resultados concretos e impacto significativo no mercado a partir disso, Bruno entende que “os líderes devem combinar uma mentalidade digital com profundo entendimento do negócio, indo além da tecnologia para focar o impacto real de suas decisões”.
“Acredito que a combinação de tecnologia avançada com a intuição e a avaliação humana resulta em decisões mais assertivas e inovadoras, que encontram o desejo do cliente”, reforça o executivo.
Sem dúvida, falar sobre panejamento e habilidades com IA é compreender que competências como análise de dados, para tomada de decisão, e gestão de inovação, com foco em resultados, são essenciais. Mas, que tal se essa responsabilidade também pudesse ser compartilhada com um colaborador autônomo baseado em IA?
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Uma era de Agentes de IA
É isso o que a chamada “próxima geração de IA”, conhecida como IA Agêntica, promete: trazer automação para as decisões dos líderes. Apoiada em agentes desenvolvidos com IA, essa tecnologia será mais do que apenas um suporte, sendo capaz de gerenciar fluxos de trabalho complexos e tarefas de alto nível, atuando como verdadeiros especialistas.
De acordo com uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), cerca de 40% das grandes empresas brasileiras planejam integrar sistemas de IA Agêntica em suas operações ainda este ano. A Gartner prevê que, até 2028, pelo menos 15% das decisões diárias de trabalho serão tomadas autonomamente por meio de agentes de IA.
Isso reflete uma tendência crescente de adoção desse modelo de IA em diversos setores. O Bank of America, por exemplo, afirmou, no início deste ano, que a IA Agêntica está se desenvolvendo a uma velocidade tão impressionante que, na próxima década, poderá transformar as operações bancárias – que atualmente dependem do capital humano – e iniciar uma revolução de eficiência corporativa que mudará a economia global.
À medida que essa tecnologia evolui, poderemos ver sistemas de “multiagentes de IA” mais sofisticados, capazes de distribuir tarefas e colaborar em problemas complexos. Cada vez mais inteligentes, adaptáveis e personalizados, esses sistemas também inspirarão uma maior difusão por meio de competências aprimoradas, crescendo não apenas para apoiar líderes e C-Levels, mas para gerenciar processos e funções completas.
Os agentes de simulação
Modelos de IA que imitam comportamentos humanos, respondem a perguntas e realizam algum tipo de interação social – os chamados “agentes de simulação” – foram apresentados ao mundo por pesquisadores da Universidade de Stanford.
A pesquisa envolveu mais de mil voluntários, que compartilharam pensamentos sobre questões sociais e suas histórias pessoais. A partir disso, os pesquisadores criaram “clones digitais” que conseguiram alcançar uma precisão de até 85% nas respostas, em comparação aos humanos em testes posteriores.
Os idealizadores do projeto afirmam que a criação desses agentes visa facilitar pesquisas, sem necessidade constante da presença humana, e beneficiar algumas áreas como desenvolvimento de produtos. Também passa a ser possível realizar simulações sociais em ambientes virtuais e metaversos.
Uso responsável dos dados: o desafio
Retornando às características humanas, toda construção de conhecimento e de habilidades com IA – ou com qualquer outra nova tecnologia – apresenta desafios sensíveis para as lideranças.
A proteção de dados, por exemplo, vai além das obrigações legais; é uma questão vital para a sobrevivência das empresas. Aquelas que descuidam dessa área enfrentam não apenas consequências financeiras graves, mas também a erosão da confiança dos parceiros e clientes – um dano que pode ser irreparável em um mercado altamente competitivo e dependente de dados.
Mais do que nunca, as lideranças precisam assegurar que suas políticas de dados sejam transparentes e seguras, protegendo a privacidade dos usuários e a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
No Grupo Boticário, por exemplo, equilibrar inovação e proteção de dados sensíveis, com um olhar estratégico, é pilar fundamental na construção de habilidades com IA. Natália Calixto conta que o cliente não tem resistência em compartilhar seus dados quando percebe que isso melhora a experiência dele. “Essa troca tem de ser transparente e segura, desde a coleta até a análise, garantindo que os dados sejam usados de forma ética e estratégica”, diz.
Porém, com a quantidade crescente de dados usados para treinar modelos de IA, proteger essas informações será um desafio constante.
“É fundamental investir em capacitação contínua, em análise de dados com uso de IA e acompanhar as regulamentações, garantindo a conformidade com as leis. Isso não se restringe aos profissionais de tecnologia, mas deve ser algo perseguido por todos os profissionais, nas mais diversas áreas da organização”, diz Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do Banco do Brasil.
No iFood, desde 2108, os dados são o combustível para a tomada de decisões da companhia. Com a chegada da IA, isso se intensificou entre as lideranças.
Líderes e equipes devem se adaptar rapidamente às novas tecnologias e aos modos de operação para permanecerem competitivos e inovadores
Anna Vidal, diretora de CX do iFood
“Questões como privacidade de dados e segurança cibernética certamente irão se tornar mais críticas à medida que a IA se integra aos aplicativos. As empresas precisarão investir constantemente em tecnologia para proteger os dados dos usuários. Além disso, será essencial uma transformação cultural nas organizações. Líderes e equipes devem se adaptar rapidamente às novas tecnologias e aos modos de operação para permanecerem competitivos e inovadores”, explica Anna Vidal, diretora de CX do iFood.
Além disso, questões éticas e de privacidade, que assegurem a inovação sem comprometer a segurança dos dados nem incorrer em vieses, são fundamentais. Caso contrário, as consequências são negativas. Na saúde, por exemplo, a abordagem data-driven irresponsável pode culminar em decisões prejudiciais e em diagnósticos falhos e afetar o acesso equitativo aos cuidados de saúde, à descoberta de novas drogas e à qualidade dos serviços prestados.
Igohr Schultz, diretor-executivo Digital do Einstein, faz um alerta: “Existem outros obstáculos importantes aos quais as lideranças precisam estar atentas, como a infraestrutura ainda deficiente em muitas áreas do País e a necessidade de capacitação contínua dos profissionais da área de Saúde, para que possam utilizar essas ferramentas de forma eficiente e segura”.
A infraestrutura ainda deficiente em muitas áreas do País é um obstáculo importante ao qual as lideranças precisam estar atentas
Igohr Schultz, diretor-executivo Digital do Einstein
Visão estratégica e abordagem holística
Com a IA participando ativamente do dia a dia das lideranças, o equilíbrio entre estratégia e experimentação torna-se mais um desafio. Nesse sentido, Aroldo Alves, CEO da Estácio e vice-presidente da Operação Presencial e Digital da Yduqs, destaca que letramento, conscientização e senso de responsabilidade dos times são aspectos que devem ser antecipados pelas organizações e tratados com muito treinamento, bons processos e limites bem-definidos.
“Desde o início buscamos a soma de preparação das pessoas sobre riscos e limites com IA e um sistema robusto de governança. Somos uma organização que experimenta muito e rapidamente, e que opera com base em dados”, conta Aroldo. “Os resultados têm sido excelentes, principalmente sob a ótica do valor criado para os alunos, sem nenhum incidente relacionado a dados, privacidade ou segurança.”
Para o executivo, uma grande habilidade no caminho para a competência e uma gestão segura com IA passa totalmente pelo crivo humano. “Acredito na importância da curiosidade, com o sentido mais estruturado da palavra, porque leva ao estudo constante, à experimentação e à habilidade de fazer boas perguntas. São fatores que, pelo que temos visto, aceleram e aprofundam o desenvolvimento de competências em algo tão disruptivo e poderoso como a IA”, frisa.
A curiosidade leva ao estudo constante, à experimentação e à habilidade de fazer boas perguntas. São fatores que aceleram e aprofundam o desenvolvimento de competências em algo tão disruptivo e poderoso como a IA
Aroldo Alves, CEO da Estácio e vice-presidente da Operação Presencial e Digital da Yduqs
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Ao que tudo indica, o sucesso com IA na tomada de decisões dependerá do equilíbrio entre tecnologia e visão estratégica com disposição e velocidade para experimentar.
Para Natália Calixto, diretora de Gestão de Valor do Consumidor do Grupo Boticário, esse deve ser um objetivo constante, mas é preciso ir além. “Os líderes precisam, antes de tudo, cultivar a curiosidade como uma habilidade essencial. Faça perguntas certas, busque conhecimento e entenda como cada inovação pode gerar valor real para o consumidor.”
Mentalidade aberta e flexível
Em meio às possibilidades e aos desafios na construção de habilidades com IA, a eficiência nos resultados vem sendo muito mais exigida dos líderes. Sobre isso, Anna Vidal, do iFood, diz que a liderança eficaz envolve também “encontrar as pessoas certas” e fazer as conexões corretas para chegar à solução e potencializar resultados eficientes.
“Criar um ambiente de aprendizado constante e fomentar equipes diversificadas e multidisciplinares são estratégias fundamentais para as lideranças. A complexidade dos desafios futuros requer uma abordagem holística e integrada”, afirma.
Anna ainda é enfática ao destacar a necessidade de se engajar com a tecnologia de forma criativa e construtiva. “A capacidade de aprender e desaprender rapidamente tornou-se indispensável em um ambiente de IA em constante evolução.”
Corroborando essa visão, Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes, diz que é importante ter a mente aberta à adoção de novas tecnologias e incentivar as equipes a fazer o mesmo.
“Pessoalmente, eu uso IA extensivamente ao longo do meu dia. Os modelos de linguagem me ajudam a analisar documentos, pensar caminhos, expandir ideias e estruturar projetos. Minha produtividade e assertividade aumentam, exponencialmente, conforme os modelos vão evoluindo”, conta.
O executivo diz que já não consegue imaginar o trabalho sem essas ferramentas. “Ter uma inteligência, ainda que artificial, confrontando as suas ideias e trazendo insights que não estavam claros aumenta muito a qualidade da tomada de decisões. Aqueles que combinarem domínio de dados, criatividade e valores bem-definidos terão vantagem no cenário que se desenha”, reforça.
Ter uma inteligência, ainda que artificial, confrontando as suas ideias e trazendo insights que não estavam claros aumenta muito a qualidade da tomada de decisões
Paulo Barcellos, CEO da O2 Filmes
Nessa toada, e com a rápida ascensão da IA generativa, ocorre um remodelamento gradual nas funções das lideranças, ao mesmo tempo em que se intensificam as discussões sobre ética e regulamentação. Isso tem exigido dos líderes uma aproximação maior com outras áreas.
Ponto importante dessa análise é entender que, com a IA assumindo tarefas operacionais, os líderes devem se concentrar em estratégias de longo prazo, como gestão de mudanças, cultura organizacional e busca pela inovação sustentável do negócio.
Em paralelo, a detecção e a mitigação de ameaças, em tempo real, torna-se necessária, colocando em destaque o modelo “Zero Trust”. Este conceito, que parte do princípio de “nunca confiar, sempre verificar”, está sendo cada vez mais adotado por líderes de grandes empresas para blindar dados em ambientes complexos.
Atenção para a criatividade!
Especialistas têm alertado para os efeitos negativos do uso excessivo de IA, como a perda de habilidades cognitivas e práticas e da diversidade de ideias e perspectivas humanas. Por isso, ferramentas que estimulam o pensamento crítico das lideranças são recomendadas.
Um estudo da Microsoft e da Carnegie Mellon University destaca a importância de testes e funcionalidades como explicações sobre os processos de tomada de decisão da IA, sugestões de refinamento das respostas e mecanismos para validação cruzada de informações com fontes confiáveis.
Liderar com IA sem perder o foco no cliente
Com todos esses avanços e minúcias sobre liderar uma organização tendo a IA como aliada, os executivos de hoje realmente precisam ter uma mentalidade pautada em torno de uma transformação muito ampla dentro das organizações, sem deixar de ter o cliente como objetivo principal de todo este avanço.
Para Estanislau Bassols, CEO da Cielo, é essencial investir no que realmente simplifica processos, melhora a experiência do cliente e gera resultados concretos. Ele diz que a empresa vem evoluindo com uma plataforma mais robusta, com IA associada a dados governados, qualificados e com métricas.
Nesse processo, o acompanhamento da rentabilidade e performance dos produtos, os processos de logística e atendimento, além de análises personalizadas sobre o comportamento do cliente estão sendo decisivos. As informações coletadas são transformadas em modelos para “produtos de dados”, que geram insights para a tomada de decisões não só da empresa, mas também dos próprios clientes B2B, que passam a ter acesso ao Data Analytics da companhia.
“O verdadeiro diferencial para liderar com novas tecnologias está na cultura organizacional. Empresas com uma mentalidade transformadora sabem que seus objetivos não podem ser alcançados apenas com o conhecimento atual, mas sim com o aprendizado contínuo”, afirma Estanislau Bassols.
A transformação digital não pode ser vista como uma iniciativa tecnológica somente, mas como uma evolução da forma como a empresa opera e toma decisões
Estanislau Bassols, CEO da Cielo
“Avançar nesse cenário requer parcerias estratégicas e um repertório de liderança ampliado, afinal, é essa conexão entre cultura, tecnologia e propósito que define o sucesso sustentável das empresas.” Por isso, para o executivo, “a transformação digital não pode ser vista como uma iniciativa tecnológica somente, mas como uma evolução da forma como a empresa opera e toma decisões”.
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“Saber quando confiar na automação e quando a intervenção humana é necessária é um fator determinante para o sucesso das empresas no futuro com IA”, acrescenta Ana Paula Kagueyama, head de CX LATAM do PayPal. Para ela, a liderança deve combinar tecnologia e inteligência emocional para impulsionar a inovação de maneira ética e sustentável.
A executiva reforça que os líderes do futuro precisarão realmente desenvolver novas competências para navegar na era da IA com visão e impacto. “Uma habilidade crítica trará a capacidade de gerenciar a interação entre humanos e máquinas, assim como a curiosidade intelectual permitirá que executivos questionem e explorem novas abordagens de inovação”, completa.
Saber quando confiar na automação e quando a intervenção humana é necessária é um fator determinante para o sucesso das empresas no futuro com IA
Ana Paula Kagueyama, head de CX LATAM do PayPal
As habilidades essenciais da Era da IA
- Análise crítica
- Aprendizagem contínua
- Curiosidade
- Mentalidade digital
- Expertise analítica
- Gestão de inovação e mudanças
- Visão estratégica
- Capacidade de cocriar com a tecnologia
- Abordagem holística
- Criatividade para
fazer boas perguntas - Assertividade
para criar boas conexões
O que motiva a adoção de IA?
Líderes devem sempre estar preparados para responder a grandes questões. A pergunta que todos devem se fazer é: O que motiva a adoção da IA?
A resposta deveria começar com um escopo focado no princípio básico da tecnologia: automação que gere o maior valor possível para o negócio. A partir desse propósito, as ações dos líderes devem ser coordenadas para garantir que os benefícios sejam percebidos por todas as partes envolvidas.
Assim, nessa jornada de construção de habilidades com IA, é crucial manter em mente os objetivos iniciais que motivaram a sua adoção – otimizar processos, facilitar a compreensão de conteúdos complexos, simplificar tarefas difíceis, trazer agilidade, etc. – com aquilo que se pode explorar a partir desse conhecimento e facilidades construídas.
Acostume-se com a IA sendo cada vez mais presente no escopo da atividade de liderança. A eficiente gestão de projetos com IA e os melhores resultados com ela ainda passam por um entendimento claro de que a utilização dessa tecnologia é uma jornada estratégica desenvolvida pela inteligência humana.
6 “pontos cegos” sobre liderança e tecnologia
Mesmo que todo líder hoje se posicione como atuante sobre IA, na grande maioria das vezes, em decorrência da brutal velocidade que essa tecnologia impõe, muitos não percebem pontos cegos dentro da organização, o que resulta em falhas que desencadeiam uma série de problemas. Alguns deles são:
- Tratamos a tecnologia como um facilitador, mas… tecnologia deve ser o núcleo de tudo o que fazemos.
- Dizemos que estamos trabalhando juntos, mas… nossa colaboração é apenas superficial.
- Esperamos que IA seja só uma varinha mágica, mas… a IA generativa pode quebrar uma organização.
- Queremos que a IA seja confiável, mas… a nossa IA pode ser irresponsável.
- Falamos sobre dados como uma nova moeda, mas… nossos dados podem ser apenas um passivo.
- Achamos que nossa equipe de tecnologia é forte, mas… ainda estamos na “batalha de jovens talentos” de ontem.
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